Segunda, 21 de novembro de 2016
Da Tribuna da Internet
Brizola discursa ao lado de Alberto Pasqualini e João Goulart
Por Armando Temperani Pereira
Sempre fui um trabalhista. Na realidade, quando surgi na consciência
da minha existência, vislumbrei aos 8 anos a figura de meu pai e de
Alberto Pasqualini, o ideólogo do trabalhismo, grande figura intelectual
e senador brilhante e mais respeitado do Brasil daquela época de
políticas sérias e nacionalistas. Pasqualini passou tempos trabalhando
conjuntamente com meu pai Temperani Pereira, que foi um dos fundadores
da Faculdade de Economia do Rio Grande do Sul.
Fazia-se urgente aprimorar o doutrina trabalhista que naqueles tempos
se confundia um tanto com o fascismo europeu criado por Benito
Mussulini. A pedido, ou melhor pela determinação de Getúlio Vargas,
buscavam os dois distinguir o trabalhismo como uma ideologia socialista
sem a marca fascista ou leninista. Buscaram o socialismo cristão para
justificar as programáticas linhas trabalhistas.
DIRETRIZES – Tiveram absoluto sucesso ao disciplinar
a importância da propriedade privada, ao exigir a reforma agrária e ao
regular o uso do capital estrangeiro, que fizeram a profunda distinção
entre o moderno trabalhismo brasileiro e o velho e revestido sistema
fascista europeu.
O corporativista e sindicalista regime fascista também se distinguia
do verdadeiro socialismo marxista, o chamado socialismo científico que
Luiz Carlos Prestes propugnava.
A reforma agrária e os capitais indesejados que exploravam o País
predatoriamente seriam resolvidos por desapropriação ou encampação dos
latifúndios improdutivos e das empresas concessionárias de serviços
públicos. E poderia haver estatização, nos casos das empresas
estrangeiras indesejáveis.
CONTRA O LATIFÚNDIO – É bom lembrar que naquela
época não havia a doutrina trabalhista a possibilidade de latifúndio
produtivo. Entendiam que a propriedade privada deveria levar em conta o
interesse social, e a concentração de renda na mão de um proprietário
que ocupa uma enorme extensão com poucos empregados e muita maquinaria
contrariava tudo isso.
Para eles, o latifúndio não gerava empregos diretos, que é o maior
objetivo do trabalhismo. Por isso, defendia a reforma agrária para
criação de propriedades de média extensão.
A FAVOR DO PETRÓLEO – Outro ponto seria a manutenção
das reservas de petróleo. Os trabalhistas defendiam preservar nossas
riqueza, nossa jazidas de ouro negro, ainda não bem avaliadas mas que já
estavam na mira dos exploradores internacionais. Os partidos que
apoiavam Getúlio então fizeram uma grande campanha, com o slogan “O
Petróleo é nosso”, em âmbito nacional. A campanha saiu vitoriosa em
1953, com a lei do monopólio da exploração mineral do petróleo. Mas,
infelizmente, o monopólio era só para a extração.
Em fevereiro de 1959, o deputado Temperani Pereira aprovou seu
projeto de lei do beneficiamento e distribuição dos derivados do
Petróleo. E assim formou-se a gigantesca e bem sucedida empresa estatal
Petrobras.
PETROBRAS ARRASADA – A empresa foi dizimada pelo
governo petista, que deveria, ao contrário, ter sanado os desvios
encontrados, vindos de gestões anteriores. Está comprovada a ação
petista que visou quebrar a estatal com ganância desenfreada e
irresponsabilidade crescente. Os administradores eram incompetentes e
corruptos. Muitos já estão presos e muitos ainda o serão.
Como pôde o partido de Leonel Brizola apoiar a corrupção na
Petrobras? Como pôde um trabalhista proporcionar o apadrinhamento e a
filosofia corporativista do fascismo com associação real com o capital e
unidos com empreiteiras para saquear a nação, como fez o bedel do
imperialismo o PT?
Como pode ser o PDT o coadjuvante e não o protagonista da esquerda.
Por que abdicar do nosso protagonismo de lutas, de história limpa e
honradez?