Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)
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sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Brizola, um líder épico

Sábado, 21 de janeiro de 2022

Brizola nasceu em 22 de janeiro de 1922


Brizola, um líder épico

A celebração do centenário de nascimento de Leonel Brizola nos traz, além da nostalgia de um Brasil que poderia ser, caso tivesse chegado à presidência da república, como também nos rememora os seus feitos extraordinários e as suas lições.

Marcas indeléveis de sua riquíssima trajetória foram a coerência, a obsessão pela educação, o seu nacionalismo inegociável, e seu destemor para as grandes lutas.

Entretanto, há uma característica peculiar em Brizola, que pouquíssimos homens públicos podem ousar em reivindicá-lo: Brizola era um líder épico.

Ao revisitar a História Brasileira do último século identificaremos a ousadia, a liderança e a coragem de Brizola em momentos cruciais de nossa pátria.

Não bastasse chegar ao Governo do Rio Grande do Sul, aos 33 anos, e realizar a maior obra educacional jamais vista no Brasil até a contemporaneidade com a construção de  mais de 5.500 escolas, ou fazer a reforma agrária no conturbado ambiente político brasileiro das décadas de 1950 e 1960, assim como a desapropriação de empresas americanas que humilhavam o povo gaúcho, Brizola demonstrou que era possível um governante não ser vassalo dos interesses não pátrios. Um dos feitos mais épicos de sua existência foi o episódio da Legalidade, em 1961, quando Brizola derrotou o golpe, entrincheirado no Palácio Piratini, com um microfone em punho levantou o povo brasileiro para defender a Constituição.

Dizia ele: “Sejam quais forem as circunstâncias, eu vou ficar com a Constituição.”  E assim o fez, correndo o risco de ser morto por bombardeio ordenado pelo comando golpista, que não aceitava a posse de João Goulart, vice-presidente da república, que deveria assumir com a renúncia do presidente, Jânio Quadros.

Sem titubear, Brizola escrevia as páginas mais dramáticas e grandiosas de nossa História. Pagou caro pelo seu feito. Considerado inimigo número 1 dos golpistas de 1964, amargou 15 anos de exílio.

Como governador do estado do Rio de Janeiro, aliás Brizola foi o único político brasileiro a governar dois estados da Federação, todos eleitos democraticamente pelo voto direto do povo, outro fato épico de sua trajetória foi a sua batalha contra as Organizações Globo, do todo-poderoso Roberto Marinho, que por meio do seu império de comunicação (jornais, rádios  e tevês) promoveu uma das mais odiosas e covardes campanhas contra Brizola.

As manipulações, as inverdades e os ultrajes cometidos eram diários e sórdidos em todos os sentidos. Até que em 15 de março de 1994, Leonel Brizola conquistou uma impensável vitória: a leitura durante o Jornal Nacional, por Cid Moreira, do seu direito de resposta contra a Rede Globo, conquistado na justiça. Fato que representa, até hoje, um marco épico do processo de defesa da honra de uma figura pública no jornalismo brasileiro.

Didático este feito marcou a história da política brasileira, demonstrando mais uma vez a liderança épica do que foi Leonel Brizola.

Esses são alguns fatos pincelados de sua vida, de líder político e de exemplo.

Henrique Matthiesen
Formado em Direito.
Pós-graduado em Sociologia.

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sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

100 anos de Leonel Brizola

Sexta, 14 de janeiro de 2022
Leonel Brizola/ Foto: Ana Nascimento/ABr
Suas ideias, em que pesem os anos passados, continuam vivas


Do Monitor Mercantil
Por Paulo Alonso*


Suas ideias, em que pesem os anos passados, continuam vivas

O Brasil vive um dos seus piores e mais intrigantes períodos políticos, tendo à frente um presidente da República completamente despreparado para o exercício do seu cargo e não tendo segurança alguma no que quer implementar. Ações primitivas. Frases vulgares. Gestos grosseiros. Um verdadeiro fracasso como líder de uma Nação e muito aquém da grande maioria dos brasileiros, que hoje o rejeitam em quase 70%, segundo as últimas pesquisas.

Diante desse cenário desesperador, sombrio, triste e absolutamente inaceitável, com Bolsonaro, dia após dia, se colocando contra os ditames sanitários do Mundo, sendo reacionário, negacionista, egoísta, sem noção e, sobretudo, cruel com brasileiros e brasileiras, com uma economia sem rumo, com o desemprego atingindo o alarmante número de 14 milhões de cidadãos; com a saúde em frangalhos; ataques violentos à Anvisa; educação sucateada; cultura aniquilada; Forças Armadas submissas à vontade de um Capitão; ataques frontais à democracia e aos Poderes Legislativo e Executivo; desrespeito à Constituição Federal; promovendo fake news; com uma ausência de política de Estado no que diz respeito ao meio ambiente; é oportuno lembrar e reverenciar o político Leonel de Moura Brizola que, se vivo, estaria fazendo 100 anos, neste mês de janeiro, no próximo dia 22.

Guerreiro, ousado, dinâmico, sagaz, hábil, culto e antenado com as grandes questões brasileiras, Brizola sempre exerceu os cargos que ocupou com altivez, real preocupação com as necessidades dos brasileiros e do Brasil, trabalhando pelo bem-estar da população, pelo desenvolvimento e pela sustentabilidade do país.

Foi um homem por vezes polêmico em vários dos seus atos, mas jamais, e em tempo algum, deixou de ter uma visão larga sobre o Brasil e, principalmente, sempre esteve à frente do seu tempo, quando o assunto era Educação. Sua obstinação pela educação era gigantesca, e ele a perseguia como peça chave para a mudança do Brasil, pois acreditava, e estava naturalmente certo, que “a educação é o único caminho para emancipar o homem”.

Também dizia que “desenvolvimento sem educação é criação de riquezas apenas para alguns privilegiados.” Frase lapidar. E daí resolveu criar, com Darcy Ribeiro, os Cieps, entendendo que “uma criança só pode aprender quando se nutre, come, está na escola e não quando está cheia de parasitas.” Para Brizola, todas as crianças deveriam ter direito à escola, “mas para aprender devem estar bem nutridas. Sem a preparação do ser humano, não há desenvolvimento. A violência é fruto da falta de educação.”

Considerado um político nacionalista, foi governador do Rio Grande do Sul, estado onde nasceu, e duas vezes eleito governador do Rio de Janeiro, sendo o único político eleito pelo povo a governar dois estados diferentes da Federação em toda a História do Brasil.

Trabalhou como engraxate, graxeiro, ascensorista e servidor público, antes de ir estudar engenharia civil, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em 1945. Enquanto estudava na UFRGS, ingressou na política, ficando responsável por organizar a ala jovem do Partido Trabalhista Brasileiro. Em um evento político, conheceu Neusa Goulart, irmã do também político João Goulart, que viria a ser presidente da República.

Deputado estadual, deputado federal, prefeito de Porto Alegre, em 1958 foi eleito governador do Rio Grande do Sul. Como governador, tornou-se proeminente por suas políticas sociais e por promover a Campanha da Legalidade, em defesa da democracia e da posse de Goulart como presidente. Em 1962, transferiu seu domicílio eleitoral para a então Guanabara, estado pelo qual elegeu-se deputado federal.

Com o Golpe Militar, Jango foi para o exílio, e Brizola teve o mesmo destino, assim como vários outros que lutavam pela democracia. Voltou ao Brasil em 1979, depois de um exílio de 15 anos entre o Uruguai, Estados Unidos e Portugal. No mesmo ano, fundou e presidiu o Partido Democrático Trabalhista. Em 1982, foi eleito governador do Rio de Janeiro, iniciando um programa de construção dos Cieps. Na eleição presidencial de 1989, por pouco não foi para o segundo turno. Em 1990, voltou a governar o Rio de Janeiro, sendo eleito no primeiro turno.

Brizola passou os primeiros dez anos da ditadura militar isolado no Uruguai, onde geriu a propriedade de sua esposa e manteve-se informado sobre o que acontecia no Brasil. No final da década de 1970, a ditadura militar se apresentava em declínio e, em 1979, após a anistia ampla, geral e irrestrita, seu exílio finalmente chegou ao fim.

Brizola voltou ao Brasil com a intenção de restaurar o PTB, como um movimento de massas radical, nacionalista, de esquerda e como confederação de líderes históricos seguidores de Vargas. Ele encontrou dificuldades pelo surgimento de novos movimentos populares e foi impedido de usar o nome histórico do Partido Trabalhista Brasileiro, anteriormente concedido a um grupo rival centrado em torno de uma figura amigável a ditadura militar, a deputada Ivete Vargas, sobrinha-neta de Getúlio Vargas.

Brizola, então, fundou o PDT. Em 1982, Brizola concorreu a governador do Rio de Janeiro, na primeira eleição livre e direta para o governo carioca desde 1965, com Darcy Ribeiro seu candidato a vice-governador. Centrando sua campanha em questões como educação e segurança pública, apresentou uma candidatura que se propôs a manter o legado de Vargas.

Brizola então continuou e expandiu sua visibilidade política em todo o país durante seu primeiro mandato como governador do Rio de Janeiro, de 1983 a 1987. No início de 1984, engajou-se nas manifestações das Diretas Já, organizando o Comício da Candelária. Após a derrota da emenda Dante de Oliveira, defendeu que o presidente eleito na eleição indireta de 1985 comandasse um governo de transição, convocando eleições diretas em dois anos. Apesar de não confiar politicamente em Tancredo Neves, orientou a bancada do PDT a votar em seu favor.

Como governador, Brizola desenvolveu suas políticas educacionais em uma escala maior com um ambicioso programa de construção de grandes escolas de ensino médio, os Cieps, arquitetados por Oscar Niemeyer. As escolas deveriam estar abertas durante todo o dia, proporcionando alimentação e atividades recreativas aos estudantes. Brizola também desenvolveu políticas para a prestação de serviços públicos e entregou propriedades habitacionais para moradores de favelas.

Após a eleição de 1989, Brizola ainda possuía chances de realizar seu sonho de chegar à Presidência da República se conseguisse superar a falta de penetração nacional de seu partido. Alguns de seus assessores propuseram-lhe uma candidatura ao Senado na eleição de 1990. Brizola recusou a ideia e candidatou-se a governador, conquistando um segundo mandato como governador do Rio de Janeiro. Para ele, o Rio tinha de fazer uma espécie de Revolução de 30, “sem armas: vamos derrubar o regime neoliberal para o Rio resolver seus problemas.”

Em seu segundo mandato, inaugurou a Universidade Estadual do Norte Fluminense e construiu a Via Expressa Presidente João Goulart, mais conhecida como Linha Vermelha.

Quando da sua morte, em 22 de junho de 2004, o Congresso Nacional prestou-lhe homenagens, e o então presidente Lula decretou luto oficial de três dias. No Rio de Janeiro, 200 mil pessoas foram até o Palácio Guanabara para se despedir de Brizola. Em 24 de junho, depois de também ter sido velado no Palácio Piratini, em Porto Alegre, Brizola foi sepultado em São Borja, no Cemitério Jardim da Paz, onde também se encontram os túmulos de sua esposa, Neusa, e dos presidentes Getúlio Vargas e João Goulart.

Na ocasião, o obituário do The Guardian resumiu Brizola como um “líder de esquerda carismático mas divisivo que dominou a política brasileira por meio século”. Já o cientista político Hélgio Trindade ressaltou que, como governante, teve uma “obsessiva valorização da educação, que se traduziu em ambiciosos investimentos na área da expansão de prédios escolares”. Por sua vez, o jornalista Colin Harding, do The Independent, afirmou que ele foi a “consciência da esquerda” do governo de Goulart.

Brizola era reconhecido por sua fala, carregada do sotaque e de expressões gaúchas. Sua retórica era inflamada, não perdendo a oportunidade para criar caricaturas verbais de seus oponentes. Frasista eloquente e muito criativo, disparava coisas como: “Nossos caminhos são pacíficos, nossos métodos democráticos, mas se nos intentam impedir, só Deus sabe nossa obstinação”; ou “Estou pensando em criar um vergonhódromo para políticos sem-vergonha, que, ao verem a chance de chegar ao poder, esquecem os compromissos com o povo”; ou “nós queremos um regime que não seja apenas da raposa, queremos um regime da raposa e da galinha, onde existem espaços para os dois.”

Brizola foi um orador carismático, capaz de provocar fortes reações entre partidários e adversários, criticando-os com sagacidade: “Venho e volto do campo, e os bois são os mesmos: não mudam de caráter. Já os homens…”

Em 2012, Brizola ficou na 47º colocação no concurso O Maior Brasileiro de Todos os Tempos. Em dezembro de 2015, a então presidenta Dilma Rousseff sancionou a lei que inseriu Brizola no Livro de Heróis da Pátria.

Políticos como Brizola, com coragem, determinação, altivez e desejo efetivo de um Brasil mais próspero, com Ordem e Progresso, são poucos na atualidade. Dezenas deles pregam as bandeiras de Brizola, não por convicção, mas por saberem que seu legado ainda representa honradez na política e que suas ideias, em que pesem os anos passados, continuam vivas.



*Paulo Alonso, jornalista, é reitor da Universidade Santa Úrsula.


quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Leonel Brizola fez mais de seis mil escolas. Parece inacreditável [vídeo]

Quinta, 21 de fevereiro de 2019

O governante que mais construiu escolas na história é um gaúcho pobre, órfão de pai, jardineiro, agregado doméstico em família metodista, depois engenheiro e servidor público concursado. É Leonel de Moura Brizola, de Carazinho (RS), governador do RS e duas vezes governador do Rio, que só não se elegeu presidente da República por força de aliança entre a direita, a Rede Globo e a esquerda que a direita gosta.

Jamil Haddad, Oscar Niemeyer, Leonel Brizola e Darcy Ribeiro (foto: Acervo Fundar)
O jornalista Osvaldo Maneschy encontrou um raro documentário desde o início da epopeia educacional em solo gaúcho nos anos 50. Depois, chega-se aos Cieps (seis mil escolas no RS; 500 no RJ), projeto que reuniu (veja!) Brizola, Darcy Ribeiro, Oscar Niemeyer e o engenheiro/calculista José Carlos Sussekind.

No documentário, vê-se a intensa mobilização política e popular de Brizola pra avançar a saga educacional no Rio Grande. Quanto ao Sambódromo, Darcy Ribeiro explica: “São cinco Cieps. É um escolão pra cinco mil, que durante uma semana empresta seu espaço pro carnaval”.


Vamos subir esse documentário pro YouTube, a fim de dar nossa contribuição à sua divulgação. Brizola vive! O trabalhismo resiste. O nacionalismo é a força que nos agrega.

Fonte: Agência Sindical

sábado, 23 de junho de 2018

Quatorze anos da morte de Brizola e a revelação em pesquisa de que o Brasil tem a segunda população mais fora da realidade do mundo

Sábado, 23 de junho de 2018
Brizola: o adeus há 14 anos

Do Blog Bahia em Pauta

Opinião e Realidade: Brasil 14 anos sem Brizola

Vitor Hugo Soares
Navego meio sem rumo pelas águas revoltas e turvas das redes sociais, na quarta-feira, 20, véspera dos 14 anos da morte de Leonel Brizola, no Rio de Janeiro. Bato os olhos na notícia, compartilhada em rede social pelo músico, trovador e cantor baiano Fábio Paes – também professor de História da Universidade Católica de Salvador -, sobre a pesquisa global, “Perigos da Percepção 2017”, do Instituto Ipsos, realizada em 38 países, reveladora de que o Brasil tem a segunda população mais fora da realidade do mundo.

No ranking dos “sem noção” (na expressão de uma sobrinha advogada, espantada e ofendida com o vídeo machista e torpe produzido com uma jovem russa por “torcedores” em Moscou), só estamos atrás dos sul-africanos no quesito que compara opiniões da população com dados da realidade. O registro do mestre da UCSal e parceiro do trovador Elomar, acrescenta: o estudo entrevistou 29,1 mil pessoas, entre 28 de setembro e 19 de outubro. As informações coletadas foram comparadas com dados de fontes oficiais, resultando no “Índice de Percepção Equivocada”. Os piores resultados são da África do Sul (primeirão), do Brasil (vice), Filipinas (3º), Peru (4°) e Índia (5º).

Li sobre a pesquisa na quarta-feira da vitória sofrida da seleção uruguaia – 1 a 0  sobre a Arábia Saudita –  suficiente para assegurar a passagem da seleção celeste da América do Sul, para a próxima fase da Copa do Mundo na Rússia. O Uruguai me levou à lembrança da morte do líder brasileiro, no dia 21 de junho, há 14 anos. E de um encontro no povoado de Carmem, província de Durazno, com o ex- governador do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul. Uma das mais marcantes, polêmicas e instigantes figuras da vida política brasileira, a partir da segunda metade do século passado e começo do século XXI. Doa em quem doer.

 Passagem pessoal e profissionalmente inesquecível. Ele, em seu exílio político, dias antes da sua expulsão pela ditadura uruguaia, em plena fase da Operação Condor, para ir cumprir nos Estados Unidos, então governado pelo democrata Jimmy Carter, a penúltima etapa de seu degredo. Eu, repórter do Jornal do Brasil, então chefe de Redação da sucursal do JB em Salvador.

Recordo, principalmente, da conversa, no trajeto de caminhonete à Durazno, para entregar leite produzido na estância. Sei que já falei do fato em outros artigos, mas repito nesta fase de trancos e barrancos, em ano de eleições gerais, e nesta semana em especial. Numa parada para abrir uma porteira, Brizola fala sobre seu desapontamento com a política e os governantes brasileiros, que ele acompanhava de longe. E reflete comparativamente sobre o fim da era Salazar, em Portugal, e o Brasil pós-ditadura que ele antevia:

“Baiano, tu sabes que venho de longe. Não precisa anotar, mas guarde na cabeça o que te digo aqui, e depois me cobre. Portugal se livrará em menos de 20 anos dos efeitos mais danosos do regime salazarista. No Brasil, os efeitos da ditadura serão mais duradouros e perversos. Levarão mais de 50 anos para passar”. Diante do meu espanto, arremata: “isso será a conseqüência mais terrível da falta de perspectiva histórica. Em nosso País, a visão em perspectiva da maioria dos políticos e dirigentes não ultrapassa cinco centímetros além do próprio umbigo”. Nada a acrescentar, a não ser: “Que falta faz Leonel de Moura Brizola!”.

Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site blog Bahia em Pauta. 

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Brizola, uma planta do deserto

Terça, 17 de outubro de 2017


Por Carlos Michiles
Com uma personalidade muito forte, forjada desde sua pobre e combativa infância, Brizola aprendeu desde os seus primeiros anos de vida a ver na vida uma luta constante. Porque, é preferível morrer lutando - como herança da ancestralidade de seu pai que morreu lutando - do que morrer sem razão para viver.

Com apenas um ano e meio foi no colo de sua mãe reconhecer o corpo de seu pai assassinado.

Como adulto rejeitou qualquer forma de vingança que aprendeu com a educação recebida de sua mãe. Quando se tornou deputado estadual ou governador do Rio Grande do Sul nunca passou pela sua cabeça a vingança pelo assassinato de seu pai que morreu na luta de um líder maragato. Apenas buscou encontrar o mandante da morte de seu pai para recuperar a arma que seu pai portava quando foi assassinado. Gesto sublime para um homem que reconhecia na consciência do conhecimento a ferramenta principal da sensatez humana. 

Desde essa época Brizola descobre Julio de Castilho, um intelectual de formação positivista com quem Brizola descobriu o valor essencial do conhecimento científico  como meio para atingir a verdade. 

Por causa de sua vida Brizola se considerava uma planta do deserto. Podia renascer apenas com uma gota de orvalho. Poderia vir uma avalanche de lama que não o levava porque considerava que tinha raízes fincadas na profundeza da história. 

Aos  23 anos Brizola entra na Faculdade de Engenharia do Rio Grande do Sul. Neste momento, começa seu envolvimento político que logo foi visto e identificado por Getúlio Vargas que estava presente num dos eventos políticos da época e ligo viu naquele jovem uma liderança promissora. 

Em 1946 Brizola se elegeu deputado estadual com o apoio de Getúlio Vargas. De 1958 a 1962 se torna governador do estado do Rio Grande do Sul e realiza a grande razão e sentido de sua vida: educação. Assim, com este pensamento fixo de estadista, constrói 5.958 escolas primárias acabando, ao fim de seu governo, com o analfabetismo no estado. 

Por causa dessa sua visão antecipadora de sua gestão publica na área de educação hoje o estado gaúcho, junto com Brasília exibe os melhores índices de leitores do Brasil. Brasília, claro, por outras razões que não cabe aqui. 

Diga-se que Brizola foi o único brasileiro a renascer, mesmo depois de mais de uma década de exílio, a governar dois estados da Federação. Em 1959 o estado do Rio Grande do Sul e em 1982 e 1990 o estado do Rio de Janeiro. Sendo que no Rio de Janeiro continuou sua saga em construir escolas para não desperdiçar recursos publicos em prisões. Brizola costumava dizer que não haveria limites de orçamento para a educação. Como governador gastava mais de 50 por cento do orçamento em educação. Como governador  carioca construiu 500 CIEPs. E o primeiro inaugurado recebeu o nome de Tancredo Neves, em homenagem à sua história ao lado de Getúlio Vargas. Um simbolismo mais que merecido por ter sido  Tancredo ministro trabalhista leal do presidente Getúlio  Vargas.

Brizola como uma planta do deserto se torna uma personalidade política longeva na história brasileira. Sempre se renovando e renascendo usando a palavra como recurso para dizer suas profecias humanas com sentido político de líderes com visão de estadista como ele. 

Como uma das funções da história é também refletir sobre as possibilidades de como seria a história caso determinadas lutas políticas resultasse em êxito, podemos fazer um exercício de reflexão da filosofia da história. 

É o caso de pensar em três momentos históricos em que Brizola protagonizou. 

Em 1961 com sua campanha pela legalidade que garantiu a João Goulart, seu cunhado, assumir a presidência da República resultado da renúncia de Jânio Quadros. Neste caso, mudou a configuração política a favor da história constitucional mas cercado de hienas políticas.

Em 1964 tentou resistir ao movimento militar que João Goulart não concordou para evitar o que considerava sacrifício de vidas. Naquele ambiente hostil da guerra fria um confronto poderia levar a irracionalidade do ódio de interesses internacionais surdos ao diálogo. 

Fato que levou ao rompimento dos dois políticos que ficaram sem se falar por 10 anos. Só depois desse tempo Jango, irmão querido de dona Neuza, esposa de Brizola e sua grande companheira, o procurou no exílio uruguaio num encontro emocionante e memorável.

Em 1989 é outra data que devemos reconhecer como o ano que poderia ter realizado aquilo que o filósofo alemão Hegel chama do "espírito da época". Brizola era o espírito daquela época. O momento adequado para  o epílogo de seu destino. 

Quando Brizola se tornou governador pela primeira vez do Estado do Rio de Janeiro ele organizou o maior comício das Diretas Já. O governador Brizola mobilizou mais de um milhão de pessoas no icônico comício da Candelária. Cinco anos depois, em 1989, concorre na primeira eleição direta para presidência da República, depois de 21 anos de regime militar autoritário.

Esta seria a hora e a vez de Brizola. O tempo da história o amadureceu para ser a combinação de seu destino. Parecia que todos os grandes pensadores que produziram o conhecimento da educação como emancipação da ignorância que obstrui a liberdade do ser humano como Rousseau, Kant, Hegel e o seu pensador predileto, o positivista  Júlio de Castilho e Alberto Paqualini o aplaudiam. 

É chegado o tempo de Brizola. O tempo adequado da planta do deserto completar o seu desabrochar.

Brizola como um sempre constante trabalhista seguiu sendo um alvo dos preconceito da esquerda e da direita que se juntaram numa conspiração midiática e manipulação eleitoral satânica para impedi-lo de chegar a presidência e cumprir com seu destino. E colocar a educação de qualidade em tempo integral que faria o Brasil de hoje ser o que poderia ter sido e não foi bem diferente do que é hoje. 

Mesmo sabendo que Brizola não gostava de cultuar sua imagem ou seu passado porque queria nesmo era transformar as condições atuais do presente, é preciso lembrar os bons exemplos para que não percamos a dignidade em alimentar a esperança no Brasil. 

Plantas assim fazem muita falta hoje.

terça-feira, 26 de setembro de 2017

O senso comum antibrizolista está de volta na mídia conservadora

Terça, 26 de setembro de 2017
Mário Augusto Jakobskind   

 'Descomemoração' dos 50 anos da Globo / Reprodução.
A velha e surrada cantilena antibrizolista, que teve seu auge em artigo nos anos 90 do hoje homem forte da Rede Globo, Ali Kamel, em O Globo, volta à tona através de colunistas, desta vez em um jornalão da família Mesquita, ao comentar os recentes acontecimentos na comunidade da Rocinha. Kamel, autor também de uma análise afirmando que no Brasil não há racismo, culpava o ex-governador Leonel Brizola pela então onda de violência que tomava conta do Rio de Janeiro naquele período.

quarta-feira, 28 de junho de 2017

Origem da violência; a escola sem partido

Quarta, 28 de junho de 2017
"A crise da educação no Brasil não é uma crise; é um projeto" (Darcy Ribeiro)

Por Siro Darlan, desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e membro da Associação Juízes para a democracia.

Origem da violência

Victor Hugo dizia “Quem abre uma escola fecha uma prisão”. Países como Suécia e Holanda de tanto abrirem escolas agora estão fechando as prisões por falta de ocupantes. Várias são as razões da violência, mas nenhuma é mais evidente do que o desvalor com que são tratados os educadores e a educação em nosso país. O estadista que mais construiu escolas nos dois estados onde governou foi sem dúvida Leonel Brizola. E foi o mais combatido justamente por essa política libertadora. Diziam os adversários que as escolas eram caras, de manutenção custosa e que o projeto dos CIEPs não tinha projeto pedagógico.
Os educadores no Brasil são desrespeitados com seus baixos salários, péssimas condições de trabalho e, ainda perseguidos por sua atuação profética e libertadora de municiar o povo oprimido com a ferramenta do conhecimento. Paulo Freire, o maior de todos, foi perseguido, preso e exilado. Hoje pretende-se o encarceramento intelectual dos mestres com a política que chamam de “escola sem partido”, que na realidade é a escola sem pensamento crítico, escola manietada, escola aprisionada e educandos robotizados.
Já dizia o poeta que “o pensamento parece uma coisa à toa, mas como é que a gente voa quando começa a pensar”. Os mesmos que prenderam nosso Educador e hoje fingem combater a violência direcionando a repressão para a classe trabalhadora e empobrecida enquanto os aviões dos magnatas e políticos espalham o “pó da morte” por todos os cantos, plantaram o ovo da serpente. Em 1993, enquanto combatiam os CIEPs exibiam em sua grade de programação em apenas uma semana 244 homicídios tentados ou consumados, 397 agressões, 190 ameaças, 11 sequestros, 31 crimes sexuais, 60 condução de veículos sob efeito de drogas ou com perigo para terceiros, 12 casos de tráfico ou uso de drogas, 50 de formação de quadrilha, 14 roubos, 11 furtos, 5 estelionatos e mais 137 outros crimes, entre eles tortura (12), corrupção (4), crimes ambientais (3), apologia do crime (2) e até mesmo suicídios (3).
Muitos dos réus de hoje, passados 24 anos, mostram muito do que aprenderam assistindo essa grade televisiva que até mesmo na programação infantil apresentava um quadro com uma média de 58 cenas diárias de violência, que correspondia a 34,9% das 166 cenas de violência exibidas na televisão. As novelas mostravam 166 cenas de violência por semana (21,4 por dia), os seriados 79 (11,2 por dia) e os programas humorísticos e de variedades, 74 (média diária de 10,5). Ora com tanta violência plantada por uma única emissora de televisão há 24 anos, como não chegar ao resultado que da realidade social de hoje? Violência e você, tudo a ver!
Portanto se hoje estamos quase capitulando à violência e aos atos de corrupção temos uma equação social a fazer com os meios de comunicação que, sem qualquer tipo de controle, criminalizaram a educação e os educadores, optando pela política de formação de pessoas violentas para depois jogá-las na sarjeta dos presídios e da exclusão social. Termino com o pensamento de Darcy Ribeiro que dizia: “ Fracassei em tudo que tentei na vida. Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui. Tentei salvar os índios, não consegui. Tentei fazer uma universidade séria e fracassei. Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu”.


Fonte: Blog do Siro Darlan

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Brizola foi traído e assassinado mais uma vez. Foi ontem (20/6) na votação do Instituto do HBDF

Quarta, 21 de junho de 2017
A morte e a morte de Brizola

Hoje, 21 de junho de 2017, completa-se 13 anos da morte de Brizola. Mas ontem (20/6), Brizola morreu mais uma vez. Agora de morte matada. 

É que uma das bandeiras do Velho Caudilho, como carinhosamente era chamado, foi rasgada, rota, pisada, cuspida, jogada fora. 

Ontem (20/6) na CLDF, um deputado do partido fez tudo isso com uma das mais caras bandeiras empunhadas por Brizola: a saúde pública. 

O distrital Joe Vale, que se filiou em outubro de 2013 ao PDT, o partido criado por Brizola, votou pela precarização, pela terceirização e quarteirização, de um dos maiores símbolos da saúde pública no Brasil. Votou no indecente projeto que cria a porcaria do Instituto do HBDF, projeto apresentado por Rodrigo Rollemberg, governador que também trai o velho guerreiro Miguel Arraes, do antes socialista PSB.

Ó Deus! Quantas e quantas vezes mais Brizola será traído?

domingo, 11 de junho de 2017

O Leonel Brizola que conheci

Domingo, 11 de junho de 2017


Vicente Vecci*

Diante da hecatombe da crise política e institucional que nosso país passa atualmente, oriunda da corrupção desenfreada nos últimos governos da União, tendo como vítimas nossas estatais e  o banco de fomento BNDES e por consequência o povo brasileiro,  envolvendo membros do Legislativo em conluio com ex-titulares de órgãos do Executivo  e até mesmo membros do Judiciário, numa ponte para aliança espúria com  segmentos da iniciativa privada, vale rememorar personalidades políticas  brasileiras  do século XX.

Na era Vargas por exemplo, onde fora criada  à Petrobrás e outras estatais importantes ao nosso desenvolvimento econômico, despontaram entre outros líderes políticos que primaram pela ética e transparência, o engenheiro Leonel de Moura Brizola, conhecido como baluarte da  educação, iniciada quando fora prefeito de Porto Alegre na década de 1950 passando pelo governo do Rio Grande do Sul, culminando no governo do Estado do Rio de Janeiro com os eficientes CIEPS, Centros Integrado de Educação Pública, implantados com assinatura do antropólogo, educador e criador da Universidade de Brasília ex-senador Darcy Ribeiro com arquitetura de Oscar Niemayer.

Regressando do exílio com a anistia política no final do governo militar de Ernesto Geisel e no início da  gestão  do ex-presidente João Baptista Figueireido, tendo  em vista às eleições de 1982, Leonel Brizola iniciou antes desse pleito que tratava das eleições  para os governos estaduais,  contatos na coordenação  política do governo Federal, sob tutela do Ministério da Justiça, onde se destacaram o ex-senador Petrônio Portela e  depois o ex-deputado Federal por Minas Gerais Ibrahim Abi-Ackel.
   
Na audiência de Leonel Brizola com o ex-ministro da Justiça Ibrahim Abi- Ackel, estivemos presentes para registrar o fato e  entrevistá-lo  exclusivamente  para a TV Guaíba  de Porto Alegre-RS, conveniada com a nossa empresa jornalística OBN, numa pauta tendo em vista à sucessão estadual no Rio Grande do Sul nessas primeiras eleições com a volta da redemocratização do país. Imaginava-se que Brizola seria candidato a ocupar o palácio Piratini, sede do governo gaúcho. E, após nosso câmera registrar imagens de apoio dessa audiência e toda a imprensa presente deixá-los a sós no gabinete daquela pasta ministerial, conversamos como ex-deputado Federal Alceu Colares, posteriormente eleito governador desse estado que acompanhava Brizola e ele nos disse que o  companheiro  mencionara-lhe  durante o voo até Brasília que tinha como meta candidatar-se ao governo do Estado do Rio de Janeiro. Nos disse ainda Alceu Colares que essa declaração de Brizola o surpreendeu e  que achou uma missão  impossível, rememorando que a  única base eleitoral de Brizola no Rio de Janeiro era ter  sido eleito deputado Federal pelo extinto estado da Guanabara, hoje cidade do Rio de Janeiro, no início da década de 1960 e, no seu ponto de vista  poderia ser uma aventura.

Após esse encontro político, entrevistamos Brizola e ele afirmou que faria articulações políticas para recuperar a sigla do Partido Trabalhista Brasileiro-PTB, berço da era Vargas e se não o conseguisse, fundaria um novo partido dentro dos princípios do trabalhismo, e essa nova sigla partidária teria candidatos aos governos estaduais com seu apoio, principalmente no seu estado natal. Daí então fundou o PDT-Partido Democrático Trabalhista em detrimento ao PTB que fora lhe usurpado  por Ivete Vargas, sobrinha de Getúlio Vargas, numa manobra  maquiavélica do  general Golbery do Couto e Silva, então  titular da Casa  Civil do Palácio do Planalto, um dos idealizadores do golpe militar de 1964. Foi numa forma de  atrapalhar Leonel Brizola  nas suas  metas  políticas de tendências socialistas. Mas não deu certo. Brizola candidatou-se ao governo do Estado do Rio de Janeiro e a contragosto de seus opositores e de um poderoso dono de uma emissora de TV, fundada durante o auge do regime militar, fora eleito numa eleição que tentaram lhe fraudar. Só não aconteceu por uma questão de  ética  de um  profissional de pesquisa eleitoral nesse pleito, contratado exclusivamente e internamente  por esse empresário das comunicações, e que percebeu na apuração,  os votos de Brizola praticamente não   apareciam  ao contrário de sua pesquisa que dava Brizola como eleito. Indignado  esse pesquisador  levou sua informação até  a  esse candidato e sugeriu-lhe botar a  boca no  trombone, reafirmando que iriam lhe roubar a sua eleição. Nesse ínterim os seus eleitores revoltados, começaram a apedrejar os veículos de transportes  dessa emissora  que estava facciosa  para outras candidaturas e seus votos não apareciam na apuração.

Brizola imediatamente convocou uma entrevista coletiva com  a  imprensa estrangeira  e denunciou a fraude de que estava sendo vítima. Daí então seus votos emergiram  como deviam. Foi o escândalo eleitoral da empresa Proconsult, contratada para apuração dos votos nessa eleição de 1982 no Rio de Janeiro.  E, para acalmar os ânimos dos eleitores de Brizola, convidaram-no a participar ao vivo do  programa dessa emissora  sobre esse pleito, intitulado na  época de Show das Eleições.

Já no governo desse estado, Leonel Brizola com excelente equipe livrou primeiramente o erário de um gasto excepcional  anualmente que era armar o circo  para o famoso espetáculo  do carnaval do Rio de Janeiro. Construiu o Sambódromo que fora no período carnavalesco era o CIEPS, conjugando escola, alimentação e lazer para crianças de famílias de baixa renda. E concedeu exclusividade na transmissão nacional desse evento à TV Manchete e rede de suas afiliadas.

Governou esse estado por duas administrações e deixou importantes obras. Tentou eleger-se presidente da República, mas foi tolhido por candidatos de partidos corporativistas e distantes de seu nacionalismo e da sua ética.

Historicamente sua memória é respeitada pela resistência a regime ditatoriais e opressores, a começar pela firmeza de garantir democraticamente numa rede de emissoras de  rádios à posse de João Goulart na Presidência da República quando na renúncia de Jânio Quadros em 25 de agosto de 1961, denominada  Rede da Legalidade. Jango era vice-presidente da República e na data da renúncia de Jânio, encontrava-se na China. Uma corrente de militares das forças armadas não queria sua posse. Esse movimento popular implementado por Brizola, garantiu-lhe assumir à chefia do país.

Nascido num distrito de Carazinho-RS, filho de camponeses, Brizola estudou e formou-se em engenharia civil por conta própria tendo trabalhado como engraxate e Office-boy para custear seus estudos. Daí sua prioridade na educação quando ocupou cargos governamentais.

Posteriormente a essa primeira entrevista exclusiva que fizemos com Brizola,  o encontramos diversas vezes aqui em Brasília, principalmente em manifestações populares na Esplanada dos Ministérios.

Deixou inúmeras estruturas de serviços públicos também no Rio Grande do Sul quando governou esse estado onde foi pioneiro na estatização de multinacionais que atuavam nesse setor, a começar pela companhia norte-americana de telecomunicações ITT.

Participou ativamente da campanha para as eleições diretas, junto com a safra de governadores eleitos em 1982, entre eles Tancredo Neves, Miguel Arraes e Íris Rezende. No dia 21 de junho próximo completa 13 anos de seu falecimento. O  partido o qual fundou, pelo que tudo indica, desvirtuou de seus princípios  elementares.

*Vicente Vecci edita há 33 anos em  Brasília, DF, o Jornal do Síndico:
www.jornaldosindicobsb.com.br
e-mail: sindico@jornaldosindicobsb.com.br

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

De ideologia e compromisso o Brasil carece. Brizola, 95º aniversário: clareza de princípios e compromisso popular, ele teve de sobra o que falta nos atuais líderes brasileiros

Segunda, 23 de janeiro de 2017

Foi uma luta solitária que travou no PDT, sem a solidariedade da esquerda, especialmente do PT, satisfeito com a cerrada campanha da Globo contra o principal adversário de Lula numa eventual eleição presidencial – como viria a ocorrer.


De ideologia e compromisso o Brasil carece
Neste dia (domingo, 22/1) em que passa o 95º aniversário de nascimento de Leonel Brizola, convém registrar a falta de clareza ideológica e compromisso popular da quase totalidade dos líderes e dos políticos brasileiros em geral.

É História do Brasil: em 1961, aos 39 anos. entrincheirado no Palácio Piratini, Brizola comandou em cadeia de rádio a resistência ao golpe militar com que se pretendia impedir a posse de João Goulart após a renúncia do presidente Jânio Quadros. Continue lendo

domingo, 22 de janeiro de 2017

Alexandre Brust: Memória vence a morte, Brizola vive e completa 95 anos neste domingo(22/1)

Domingo, 22 de janeiro de 2017

"Queremos um país desenvolvido, autônomo, independente. Nós somos a emanação das lutas sociais."
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Do Blog Bahia em Pauta
Alexandre Brust


ARTIGO/OPINIÃO

BRIZOLA VIVE E COMPLETA 95 ANOS
Hari Alexandre Brust*
Neste 22 de janeiro, o menino Itagiba, nascido em Cruzinha município de Carazinho – RS, em 1922, que aos 14 anos teve que providenciar o seu registro de nascimento, para matricular-se na Escola Agrícola de Viamão – RS, ocasião em que resolveu oficializar o nome de LEONEL, que ele mesmo havia escolhido, em homenagem ao capitão maragato Leonel Rocha, completa 95 anos.
Nascido em lar humilde, o filho mais novo de Dª Oniva e seu José, foi engraxate, entregador de carne, carregador de malas em Carazinho e mais tarde, para manter seus estudos em Porto Alegre, trabalhou como ascensorista e zelador. Vitima das carências inerentes a uma família pobre, o jovem idealista, logo sensibilizou-se com os princípios sociais do trabalhismo, pregados por Getúlio Vargas e participou, em 1945, da fundação do PTB. Começava ai uma das mais brilhantes e obstinadas carreiras de um político na defesa das suas convicções.
Militante da mocidade trabalhista, o estudante de engenharia Leonel Brizola, assume a presidência desse movimento político e demonstra desde cedo, a sua capacidade de liderança, atraindo estudantes para integrar o Partido Trabalhista. Seu relacionamento fácil com as lideranças estudantis e sindicais pavimentaram sua candidatura, pelo PTB, à Assembléia Constituinte de 1947 e, aos 25 anos é eleito deputado estadual com uma proposta inédita: EDUCAÇÃO PARA TODOS. Em 1949, o engraxate forma-se Engenheiro Civil pela Universidade Federal do RS e, em 1950, casa-se com Neusa Goulart, irmã de João Goulart, sua companheira inseparável e é reeleito deputado estadual mais votado do RS.
Nomeado Secretário de Obras Pública pelo governador Ernesto Dorneles, revelou-se um excelente administrador e, em 1954, é eleito deputado federal, depois de implantar no Estado o 1º Plano de Obras. Em 1955, menos de 20 anos depois de chegar sozinho, sem conhecer ninguém assume Prefeitura da Capital do seu Estado. Depois de realizar uma das melhores administrações de toda história, da Prefeitura de Porto Alegre, onde construiu 137 escolas primárias, 35.000 novas vagas, acabando com déficit escolar, é eleito em 1958, governador do Estado, onde executou a melhor e mais profícua administração que o Rio Grande do Sul jamais conheceu.
Mudou o perfil econômico, industrial, agrícola e educacional do Estado. Quando assumiu o governo encontrou 1.795 escolas e 300.000 alunos. Entre 1959 e 1962, construiu 5.902 escolas primárias, 278 escolas técnicas urbanas e rurais e 131 ginásios, colégios e escolas normais, totalizando 6.302 novos estabelecimentos de ensino. Foram abertas 688.209 novas matrículas e admitidos 42.153 novos professores. Em 1962 elegeu-se deputado federal pelo antigo estado da Guanabara, e em 1964 foi cassado pelo golpe militar. Vai para o exílio mais longo de um político brasileiro de onde retornou em 1979. Em 1982 elege-se governador do estado do Rio de Janeiro pelo PDT. Único brasileiro que governou dois estados. Logo que assumiu o governo, nomeou para Secretário de Estado seu Vice-Governador, Professor Darcy Ribeiro, discípulo de Anísio Teixeira, que juntamente com o Arquiteto Oscar Niemayer, surpreenderam o Brasil com o CIEP um Centro Integrado de Educação Pública, uma proposta inovadora de democratização da educação pública. Em 1990 reelege-se governador do Rio de Janeiro e conclui o maior programa educacional do Brasil, através da implantação de 506 CIEPs. Dia 21 de junho de 2004, nosso Herói da Pátria saiu de cena.
Registramos a nossa profunda saudade, principalmente, neste momento, em que a corrupção, o nepotismo e a falta de ética corroem os poderes republicanos, sem que uma voz que tenha a sua credibilidade e a sua autoridade, levante-se na defesa do povo humilhado. “Lembramos a todos que houve um político que foi grande quando vivo e que ficou ainda maior quando a gente sente sua ausência. Viva Brizola, pelo seu tamanho em vida e pelo sentimento de ausência que ele nos passa!” (Cristovam Buarque) Para nós seus amigos e seus companheiros e para mim em particular que em 1957, aos 19 anos passei a integrar a sua equipe na Prefeitura de Porto Alegre, Brizola vive, através do legado das suas idéias, da sua coerência e da sua coragem e determinação na luta da defesa dos interesses e dos anseios do povo brasileiro e, cabe a nós, os seus seguidores trabalhistas autênticos, dar continuidade aos seus projetos e as suas propostas consubstanciadas na Missão que Ele legou ao PDT:
“Nós temos a nossa responsabilidade com a história. Nosso partido é o único com determinação de assumir as grandes causas nacionais. Nenhum partido é tão nacionalista quanto o nosso. Queremos um país desenvolvido, autônomo, independente. Nós somos a emanação das lutas sociais. O trabalhismo nasceu da Revolução de 30, de uma inspiração do Presidente Getúlio Vargas, que foi evoluindo de acordo com o processo social, empenhado em garantir direitos à massa dos deserdados. Nós somos as verdadeiras reformas, a mudança, o voto rebelde. O PDT é um partido derramadamente democrático.
Somos a expressão brasileira do socialismo democrático e tomamos a feição social democrata, pois é preciso chegar a um certo nível de igualitarismo para termos desenvolvimento. Nós temos genética, somos uma grande sementeira de idéias em beneficio do povo brasileiro. Temos que estar sempre onde está o povo. Existimos para dar voz aos que não tem voz. Nossa ancoragem é a área deserdada da população. Nosso guia é o “interesse público e o bem comum”.

*Hari Alexandre Brust é autor do livro “Brizola- Uma Biografia Política”, membro da Executiva do PDT-Bahia, fez parte da equipe de Brizola na Prefeitura de Porto Alegre, e mais tarde participou dos embates da Cadeia da Legalidade.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

PDT tem o dever de honrar a memória de Vargas, Pasqualini e Brizola

Segunda, 21 de novembro de 2016
Da Tribuna da Internet

Brizola discursa ao lado de Alberto Pasqualini e João Goulart

Por Armando Temperani Pereira
Sempre fui um trabalhista. Na realidade, quando surgi na consciência da minha existência, vislumbrei aos 8 anos a figura de meu pai e de Alberto Pasqualini, o ideólogo do trabalhismo, grande figura intelectual e senador brilhante e mais respeitado do Brasil daquela época de políticas sérias e nacionalistas. Pasqualini passou tempos trabalhando conjuntamente com meu pai Temperani Pereira, que foi um dos fundadores da Faculdade de Economia do Rio Grande do Sul.

sábado, 6 de agosto de 2016

Brizola se recusou a unir o PDT ao PTB, para evitar contágio da corrupção

Sábado, 6 de agosto de 2016
Da Tribuna da Internet
Antonio Santos Aquino
 
Roberto Jefferson se tornou famoso como advogado no Programa “O Povo na TV”, de Wilton Franco, nos idos de 1981. Apareceu em um “imbroglio” acontecido em Petrópolis, onde ele morava. Era um caso entre um sitiante e um empregado. Ele passou a ir sempre ao programa, sempre com sua característica de sensacionalista. Já naquela época acompanhara Ivete Vargas na disputa da sigla do PTB com Brizola. Ivete deu apoio do PTB a Sandra Cavalcanti para disputar o governo do RJ em 1982, contra Brizola.

Ivete depois adoeceu e apareceram os pretendentes ao cargo de presidente do PTB. Jefferson não foi conduzido, mas apresentou-se como filho de um trabalhista histórico. Assim, em pouco tempo Jefferson galgou a vice-presidência do partido. Na Câmara, apareceu como defensor ardoroso do presidente Collor, foi contra o impeachment.

Agora, as palavras de Jefferson sobre Lula mostram sua incoerência. Na época do mensalão, dizia que Lula estava sendo enganado e não sabia de nada. De repente, mudou de ideia.

REUNIÃO COM BRIZOLA – Um pouco antes do mensalão, houve um encontro de Brizola com José Carlos Martinez, presidente do PTB, e Roberto Jefferson. O assunto era a unificação trabalhista. Eu e mais alguns companheiros éramos favoráveis à fusão do PDT com o PTB e incentivamos Brizola com diversas cartas (ainda não havia e-mails), em que expúnhamos nossas razões.

Depois de quase tudo certo, a unificação emperrou, porque Martinez queria ser presidente do partido depois da fusão. Brizola argumentava que ele não poderia sê-lo, pois era empresário e dono de uma rede de TV (a CNT).

No desiderato de convencer Brizola, Jefferson jogou a última cartada: “Governador, nós temos em caixa 4 milhões de reais e o senhor será o nosso tesoureiro”. Brizola imediatamente levantou da cadeira e disse: “A reunião está encerrada; não existe mais acordo”.

DINHEIRO DA PROPINA – O dinheiro a que Jefferson se referiu devia ser a propina que o PTB estava recebendo do PT. Nessa época, Brizola já saíra com o PDT da base do PT, por achar que o governo petista estava indo para direita, Dirceu comportava-se como primeiro-ministro e Lula era movido a álcool.

Recusando a unificação do PDT com o PTB, Brizola deu uma demonstração de ter entendido que aquela jogada era suja. Por isso, quando veja pessoas de bem se referindo a Roberto Jefferson como “bandido preferido”, acredito que se trate de exercício de retórica. Pessoas de bem, em sã consciência, não podem ter preferência por bandido.