Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Sobre a desocupação do CEM 2 do Gama (DF) na manhã desta sexta (4/11)

Sexta, 4 de novembro de 2016
Um relato, por quem viveu os momentos da desocupação.

Por Dom Juan

Boa tarde camaradas, acabo de chegar do CEM 02. Vai um breve relato.

Cheguei pela manhã para dar uma aula sobre a PEC 241 que acabou não rolando. A escola estava completamente cercada pela polícia que chegou a proibir por um tempo a entrada inclusive de advogados e Conselho Tutelar.

A escola estava cheia de gente na entrada principal, contra e à favor da ocupação e haviam repórteres entrevistando as pessoas.

Encontrei duas advogadas que eram experientes e possuíam um bom know how sobre como lidar com as ocupações, Dra. Gisele e Dra. Graça que conduziu divinamente bem todo o processo de negociação e que falou muito bem da Keka, enchi a boca feliz da vida para dizer que a conhecia e que éramos companheiros de luta.

Após algum tensionamento liberaram nossa entrada e apresentamos aos estudantes as possibilidades diante do cenário que se desenhava.

Os estudantes decidiram desocupar mediante decisão judicial e logo em seguida o oficial de justiça chegou com a decisão.

Negociamos para que não identificassem os alunos e com algum dificuldade conseguimos que não fossem revistados, até conversei com o negociador da PM, onde disse que revistar os alunos seria um constrangimento e uma espécie de violência simbólica, obviamente ele discordou, mas no fim conseguimos resolver essa questão.

Conseguimos dois ônibus para levá-los para casa, um para os alunos que morassem no Gama e na Santa Maria e outro para os alunos moradores do entorno.

Desocupamos de forma ordeira, sem incidentes, deixando claro que desempenharam um bom papel, fizeram a parte deles e que a luta continua no dia a dia.

Tivemos o apoio incondicional da Conselheira Ana Maria que foi importantíssima nesse processo, e de muitos professores.

Fiquei extremamente feliz por ter participado desse momento único e esperançoso com essa juventude, quase chorei quando vi uma moça lendo "As Veias Abertas da América Latina" de Galeano.

Tudo terminou bem!

Dom Juan