Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 23 de junho de 2021

Relatório médico sobre os indígenas vítimas da repressão policial ontem (22/6) em Brasília

Quarta, 23 de junho de 2021



RELATÓRIO MÉDICO

Prezada coordenação da APIB

Foram 10 pacientes com irritações em vias aéreas superiores, com desconforto respiratório (dificuldades para respirar) que precisaram de atendimento médico em nossa Tenda da Saúde. 

Para essas pessoas foram feitos procedimentos de limpeza de vias aéreas e de olhos com soro fisiológico, exercícios respiratório e uso de recurso de prática tradicional de aromaterapia para reduzir os sintomas agudos. 

Três pacientes tiveram problemas de moderada gravidade. Descrevo as situações abaixo. 

Um jovem de 26 anos,  da etnia Sapará, foi atingido por balas de borracha em flanco direito, bomba de efeito moral nas costas. Foi hospitalizado no Hospital de Base do DF, realizou RX de Torax e da Coluna Vertebral, e Tomografia de Tórax, onde não apresentou lesões internas mais graves. 

Está com contratura muscular intensa paravertebral, muitas dores e borramento visual, e se encontra em abrigo para recuperação e já sob cuidados médicos. 

Uma Sra da etnia guarani kaiowá foi atingida por estilhaços de bomba, tendo desmaio na cena da agressão e foi resgatada pelo serviço médico móvel de urgência. Foi atendida no local, e no momento se encontra bem, sem maiores complicações e sem demanda de observação médica. 

O terceiro paciente da etnia  xoklen foi atingido pelo impacto da bomba, tendo exposição a nuvem intensa de gás lacrimogênio. Chegou a nossa Tenda da Saúde com muita dor de cabeça e sangramento nasal intenso. Foi realizado tamponamento do sangramento no local, analgesia, e no momento se encontra bem.

Todos os pacientes que foram atendidos referem que foram atingidos pelo impacto de bombas que foram lançadas de cima dos prédios ao redor da entrada do anexo da Câmara dos Deputados. 

Segundo os pacientes, foi difícil estabelecer defesa, pois não sabiam de onde vinham as bombas que foram lançadas, e por isso, não tiveram condições de se abrigarem de forma segura durante o ataque. 

Pela descrição, uma verdadeira arapuca. 

Brasília, 22 de junho de 2021.

Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares - Núcleo Distrito Federal