Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

terça-feira, 9 de maio de 2023

Sob o comando do PL, mulheres votam contra mulheres

Terça, 9 de maio de 2023

Do Blog Brasília, por Chico Sant'Anna

Nada menos do que dez, das 77 mulheres deputadas federais (13%), votaram contra o PL 1.085/2023, que estipulava sanções a empresas que promovem discriminação salarial entre homens e mulheres no mesmo cargo. Votaram contra às mulheres. Dentre elas, Rosângela Moro (União-SP), Julia Zanatta (PL-SC), Carla Zambelli (PL-SP, e a deputada por Brasília, Bia Kicis (PL). Do PL-DF, também o deputado Alberto Fraga foi contrário.

Por Chico Sant’Anna

Há 91 anos, Getúlio Vargas assinava o decreto 2.1076/1932 e, com ele, habilitava as mulheres a votar. Mais do que a coroação de uma luta internacional das mulheres sufragistas, aquele era um dos primeiros passos de uma longa caminhada para que a igualdade entre homens e mulheres prevalecesse no Brasil. Ao voto das mulheres, outras medidas sucederam. As mais recentes foram as cotas obrigatórias de que 30% dos candidatos lançados pelos partidos sejam do sexo feminino e igual percentual no acesso ao Fundo Eleitoral. Tudo na crença de que com um parlamento feminino, essas parlamentares saberão melhor defender e avançar nos direitos das mulheres. A realidade, contudo, é outra. Prova disso, é a recente votação do PL 1.085/2023, que estipulava sanções a empresas que promovem discriminação salarial entre homens e mulheres no mesmo cargo. Nada menos do que dez, das 77 mulheres deputadas federais (13%), votaram contra à medida. Votaram contra às mulheres. Dentre elas, a deputada por Brasília, Bia Kicis (PL). Do DF, também o deputado Alberto Fraga (PL) foi contrário.

Segundo dados do IBGE, a diferença média salarial entre homens e mulheres é de 22%. Essa diferença pode aumentar ainda mais se computado o perfil salarial do homem branco comparativamente ao da mulher negra. Nesse caso, chega a 46%. Procurados por essa coluna, Fraga não respondeu e Kicis disse não ser contra a igualdade salarial entre homens e mulheres. “Não votei contra isso, já existe previsão legal e constitucional para isso. Votei contra o aumento expressivo de penalidade aos empregadores, o que pode ser prejudicial à contratação de mulheres” – explicou.

Redes Sociais

O voto contrário a mulheres atingiu um total de 36 deputados federais — 10 mulheres e 26 homens. Mas o que chamou mais a atenção foi o voto das dez parlamentares mulheres. Nas redes sociais, já circulam cards com a imagem de todas elas. A maioria dos comentários sugere que elas peçam redução de seus proventos e passem a ganhar menos do que seus colegas homens.