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(Millôr Fernandes)

terça-feira, 10 de outubro de 2023

MPF inaugurará Memorial no Rio de Janeiro com exposição que trata de Justiça de Transição e crimes praticados pela Ditadura Militar

Terça, 10 de outubro de 2023

A partir do dia 19, a exposição “Justiça de Transição Não é Transação: a brutalidade e o jardim” será aberta ao público e mostrará a atuação do órgão contra as violações de direitos humanos

Arte: Comunicação / MPF

No dia 18 de outubro de 2023, às 14h30, o Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro realizará a inauguração do "Memorial MPF/RJ - Nossa História em Movimento", com a exposição “Justiça de Transição Não é Transação: a brutalidade e o jardim”, sob curadoria de Fabiana Schneider, Mirtes Martins de Oliveira, Luísa Paraguai e Helena Barbour. A mostra será aberta ao público a partir do dia 19, das 12h às 17h, na sede do órgão, e contará com obras de arte produzidas durante o período do regime militar e outras mais recentes, que refletem essa temática, além de vídeos com depoimentos de artistas e membros do MPF.

A proposta é expor o contexto de repressão e crimes praticados pelo regime militar, numa época em que direitos e liberdades foram duramente cerceados. O visitante terá a oportunidade de conhecer importantes obras de arte que buscam reflexões sobre graves violações a direitos humanos, além de conhecer o trabalho do MPF na busca pela reparação e pela punição dos agentes do regime responsáveis por tais violações. Esse trabalho do órgão, conhecido como Justiça de Transição (https://justicadetransicao.mpf.mp.br/), é um conjunto de medidas - judiciais ou não - adotadas para enfrentar um passado de ditadura.

"Brutalidade jardim" é uma expressão usada por Oswald de Andrade, no livro "Memórias Sentimentais de João Miramar". Ela foi retomada pelo poeta Torquato Neto, na Tropicália, com o poema 'Geleia Geral', musicado por Gilberto Gil. Os últimos quatro versos são: 'Alguém que chora por mim / Um carnaval de verdade / Hospitaleira verdade / Brutalidade jardim'. O País viveu a escravidão durante 350 anos e a ditadura militar, de 1964 a 1985, mas a brutalidade contra minorias, a crescente desigualdade social e as frequentes violações de direitos humanos por agentes públicos continuam fazendo parte da realidade atual.

A procuradora da República Fabiana Schneider, curadora do Memorial e uma das curadoras da mostra, explica que a exposição traz um tema bastante oportuno e ressalta sua importância nos dias atuais. "As presentes gerações não viveram uma ditadura militar e a distância temporal pode apagar memórias pouco consolidadas. É por isso que esse triste período da história do Brasil precisa ser lembrado, discutido e escancarado para que nunca mais fatos como esses voltem a acontecer", resume.

Artistas - A ideia do Memorial da Procuradoria da República no Rio de Janeiro (PR/RJ) é usar a estética das artes para abordar temas de atuação destacada do Ministério Público Federal. E para falar da atuação do MPF nessa temática, a curadoria tem a honra de contar com obras de grandes artistas, como Cildo Meireles, Claudia Andujar, Denilson Baniwa, Panmela Castro, Ciro Fernandes, Letícia Parente, Giselle Beiguelman, Marisa da Silva e os fotógrafos Otávio Magalhães e Evandro Teixeira. Além disso, serão apresentados relatos inéditos dados por integrantes do MPF, do Judiciário e da Comissão Nacional da Verdade sobre Justiça de Transição e artistas como Cildo Meireles e Antônio Manuel. Na mostra, o público encontrará muita informação sobre o que realmente aconteceu durante a ditadura militar.

Sobre o Memorial do MPF no Rio de Janeiro

O espaço será o primeiro que permitirá a visitação do público externo na PR/RJ, visando ser mais um espaço cultural para a cidade do Rio, como diz o procurador-chefe Sergio Pinel: “A proposta é que a PR/RJ entre no circuito cultural do Centro do Rio e possa ser um ponto de encontro para debates de interesse da sociedade”. Ainda sobre a importância do Memorial, o procurador enfatiza: “A história do Ministério Público Federal no Rio de Janeiro é muito rica. O Memorial da PR/RJ visa resgatar as atuações históricas no nosso Estado, com exposições temporárias, e, paulatinamente, formar seu acervo permanente”.

O local tem o objetivo de recuperar e contar parte da história do MPF no Rio de Janeiro, trajetória que se confunde com a história da instituição, uma vez que o Rio de Janeiro já foi capital do Brasil. Além disso, o Memorial do MPF/RJ foi idealizado para ser um espaço cultural e de exposições. A ideia é utilizar a linguagem artística para divulgar, de uma maneira diferente, o trabalho do Ministério Público Federal e aproximar a instituição da sociedade. A primeira mostra temporária escolhida para inaugurar o espaço foi a exposição “Justiça de Transição não é transação: a brutalidade e o jardim”.

Desde a década de 90, o MPF vem atuando nessa frente, com o ajuizamento de ações criminais ou cíveis contra torturadores e agentes de ditadura, buscando reparação às vítimas. O trabalho se baseia no entendimento de que os crimes cometidos no período não estão sujeitos à prescrição ou à anistia, conforme decisões das cortes internacionais.

Tanto o projeto do Memorial como da exposição contaram com o apoio do procurador-chefe do MPF no Rio de Janeiro, Sergio Luiz Pinel, e com expografia de Stefânia Paiva e Gaya Lamin.

Serviço:

Exposição: Justiça de Transição Não é Transação: a brutalidade e o jardim
Memorial do MPF - Rio de Janeiro - Nossa História em Movimento.

Curadoria: Fabiana Schneider, Mirtes Marins de Oliveira e Luísa Paraguai
Curadora adjunta: Helena Barbour

Expografia: Stefânia Paiva e Gaya Lamin

Inauguração para convidados e imprensa
Dia 18/10/23, das 14h30 às 17h

Aberto ao público: 19/10 a 31/03/24
Horário: 12h às 17h

Endereço: Avenida Nilo Peçanha, 31/ 6º andar Centro
Para grupo de dez pessoas ou mais, o agendamento com visita guiada pode ser feito pelo e-mail prrj-memorial@mpf.mp.br.