Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 31 de março de 2025

Jovens ligados a partidos políticos foram maiores vítimas da ditadura

Segunda, 31 de março de 2025

Média de idade das vítimas identificadas é de 32,8 anos

© Acervo Familia/Honestino Guimarães

Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 31/03/2025 — Brasília

A maioria dos mortos e desaparecidos durante a ditadura militar brasileira é formada por jovens estudantes ligados a organizações políticas e que viviam nas capitais. A conclusão faz parte de análise do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) sobre o relatório final da Comissão Nacional da Verdade, que, entre 2012 e 2014, investigou casos de graves violações de direitos humanos durante o período (1964-1985).

Dez anos após a Comissão Nacional da Verdade (CNV) expor parte dos crimes, identificando 434 pessoas mortas ou desaparecidas devido à ação de agentes do Estado, o ministério lança um novo olhar para as vítimas de um dos períodos mais sombrios da história nacional.

A média de idade das vítimas identificadas pela comissão é de 32,8 anos. A maioria (77,4%) tinha entre 18 e 44 anos, sendo que quase metade, 49,3%, estava na faixa etária de 18 a 29 anos. Das 434 vítimas identificas pela comissão, 51 eram mulheres e, em média, estas tendiam a ser mais jovens que os 383 homens mortos ou desaparecidos.

Do total de vítimas, 140 (ou 32%) eram estudantes – o que, para os responsáveis pela análise, demonstra a violenta repressão do aparato estatal contra o movimento estudantil e a juventude. Em seguida, vêm os operários (57); trabalhadores rurais (30); jornalistas (28); professores (28); militares e ex-militares (27); profissionais de serviços administrativos e jurídicos (26); bancários (20) e profissionais do setor artístico (19).

STF mantém multa por Bolsonaro impulsionar “Lula Flix"

Segunda, 31 de março de 2025

Valor estipulado pela Corte foi R$ 40 mil
Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil

Felipe Pontes - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 31/03/2025 — Brasília

A maioria dos ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) votou por manter uma multa de R$ 40 mil do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e sua coligação nas Eleições de 2022. 

Bolsonaro foi condenado pela Justiça Eleitoral por ter impulsionado, durante a corrida presidencial de 2022, o portal “Lula Flix”, com material negativo ao seu então adversário Luiz Inácio Lula da Silva.

Demanda aquecida? Só para Porsche, iate e jatinho!

Segunda, 31 de março de 2025

Essa política monetária suicida que vem sendo praticada pelo Banco Central tem se baseado em “expectativas do mercado financeiro”

Da Auditoria Cidadã da Dívida

Na última reunião do Copom, os diretores do Banco Central decidiram manter a taxa Selic em absurdos 14,25% ao ano! Essa decisão, que gera um impacto direto na dívida pública e na economia do país, está baseada em expectativas do mercado financeiro e não na realidade da inflação brasileira.

Os preços dos alimentos e serviços essenciais (combustíveis, energia, saúde) sobem por erros de políticas públicas, não por excesso de demanda. No entanto, o Banco Central insiste em aplicar um “remédio” que só favorece os grandes bancos e investidores, enquanto a população trabalhadora sofre com salários baixos, endividamento crescente e cortes em direitos.

domingo, 30 de março de 2025

João Goulart Filho relembra amizade do pai com Rubens Paiva e diz que país precisa aprender o que foi a ditadura

Domingo, 30 de março de 2025

Ex-deputado defende investigação sobre as mortes de Jango, Juscelino e Carlos Lacerda



Brasil de Fato
Matéria postada originariamente no Brasil de Fato em 28.MAR.2025 ÀS 19H07

O ex-deputado João Goulart Filho, filho do presidente deposto pelo Golpe Militar de 1964, João Goulart, relembrou a relação do pai com o também deputado federal Rubens Paiva, preso e morto pela ditadura militar. Em entrevista ao programa Bem Viver, no quadro Conversa Bem Viver, Goulart Filho destacou a amizade e a militância política dos dois parlamentares.

Ele recorda que seu pai e Rubens Paiva eram filiados ao PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) e mantinham um forte laço de companheirismo dentro e fora do parlamento. Segundo ele, ambos se mantiveram fiéis às suas convicções políticas, especialmente ao enfrentar adversários em comum.

Antes do golpe de 1964, o governo de João Goulart incentivou a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o financiamento estrangeiro de candidaturas oposicionistas.

“Foram eleitos 174 com dinheiro estrangeiro, com dinheiro vindo diretamente do Departamento de Estado para financiar parlamentares que estivessem contra o governo João Goulart, para que as reformas de base não fossem implantadas. E isso vazou, em certo momento vazou. E o meu pai, o presidente Jango, pediu à bancada do PTB que instalasse a CPI do Ibade. E essa CPI foi relatada, ele pediu que o Rubens Paiva relatasse essa CPI para se investigar aqueles deputados e senadores que foram eleitos com dinheiro de multinacionais e dinheiro de um caixa dois do Departamento de Estado americano.”

Para Goulart Filho, o filme Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, que retrata a jornada de Eunice Paiva em busca da verdade sobre o marido, cumpre um papel essencial ao manter viva a memória da ditadura e destacar a necessidade de justiça para as vítimas do regime.

“A importância desse filme é exatamente trazer de novo a história e memória da tragédia que foi o golpe de Estado, da tragédia que são os golpes em geral, a tragédia que nós não podemos repetir”, afirmou.

Ele alertou ainda para a persistência da ameaça golpista no Brasil e criticou a falta de conhecimento histórico entre os mais jovens.

Star Trek, seriado comunista?

Domingo, 30 de março de 2025

Produzido quando EUA arrasavam o Vietnã, programa sugere o oposto, no século XXIV. Tripulação é anti-imperialista; zomba dos burgueses e do individualismo. Em seu planeta, a Terra, reinam a abundância e uma sociedade sem classes

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Por Yanis Varoufakis | Tradução: Antonio Martins

Em 9 de fevereiro de 1967, horas depois de a Força Aérea dos EUA arrasar o Porto de Haiphong e várias bases aéreas vietnamitas, a NBC exibiu um episódio de Star Trek com um conceito que colidia brutalmente com o que acabara de acontecer no Vietnã: a Diretriz Primeira – uma proibição geral a seus capitães de nave estelar de usar tecnologia superior (militar ou não) para interferir em qualquer comunidade, povo ou espécie senciente, mesmo que a não-interferência custasse suas próprias vidas.

Ao transformar uma ideologia tão radicalmente anti-imperialista na regra cardinal da fictícia Federação Unida de Planetas – que o público norte-americano via como uma extensão lógica dos EUA –, não seria surpresa se o presidente Lyndon B. Johnson ou o Pentágono tivessem exigido o cancelamento imediato de Star Trek. Felizmente, não o fizeram. E assim, ao longo dos 939 episódios (em 12 séries diferentes) que se seguiram, a Diretriz Primeira permitiu que roteiristas e diretores explorassem suas repercussões políticas e filosóficas, incluindo conflitos éticos que levaram a suas frequentes violações, mas nunca a sua revogação.

Também permitiu outra inferência: essa Federação futurista jamais teria amadurecido o suficiente para adotar a Diretriz Primeira anti-imperialista antes que uma versão humanista do comunismo fosse estabelecida na Terra!

O comunismo libertário de Star Trekcontra o coletivismo autoritário

É cristalino que Star Trek retrata uma sociedade comunista, sem jamais nomeá-la como tal. Num episódio de 1988, a USS Enterprise encontra uma nave terrestre enferrujada, com câmaras criogênicas contendo plutocratas humanos que pagaram fortunas para serem congelados e lançados ao espaço, na esperança de que alienígenas os curassem de suas doenças, mortais no século XX.

Após a tripulação da Enterprise descongelá-los e curá-los, um deles, Ralph Offenhouse, um empresário, exige contatar seus banqueiros e escritório de advocacia na Terra. O capitão Jean-Luc Picard não tem escolha a não ser revelar que, nos trezentos anos que se passaram, muita coisa mudou.

 Picard: As pessoas não são mais obcecadas por acumular coisas. Eliminamos a fome, a carência e a necessidade de posses. Saímos da nossa infância.

 Offenhouse: Você não entendeu. Nunca foi sobre posses. É sobre poder.

 Picard: Poder para quê?

 Offenhouse: Para controlar sua vida, seu destino.

 Picard: Esse tipo de controle é uma ilusão.

 Offenhouse: Sério? Então por que estou aqui?

A alusão de Offenhouse ao pendor pela acumulação que sustenta a vontade de poder aponta o motivo pelo qual a Diretriz Primeira é incompatível com o espírito do capitalismo: enquanto a acumulação, alimentando a expansão dos mercados, for a força motriz e ideologia de nossa sociedade, o imperialismo será inevitável.

Para escapar disso, a humanidade deve primeiro eliminar a escassez de bens materiais – eliminação que, na Federação Unida de Planetas, foi alcançada graças à invenção e disseminação dos replicadores: máquinas que convertem energia verde abundante em qualquer forma de matéria desejada, de comida a gadgets a naves espaciais.

Esta não é exatamente uma ideia nova. Em 350 a.C., Aristóteles já previra que “…se cada instrumento pudesse realizar seu trabalho por si, obedecendo ou antecipando a vontade alheia, como as estátuas de Dédalo ou os trípodes de Hefesto que, diz o poeta, ‘por vontade própria entraram na assembleia dos Deuses’; se, da mesma forma, a lançadeira tecesse e o plectro tocasse a lira sem mãos que os guiassem, os mestres não precisariam de servos, nem os senhores de escravos.”

Ele próprio um ávido aristotélico, Karl Marx baseou sua visão de uma sociedade comunista libertadora – onde tanto o Estado quanto o mercado definham – em máquinas como os replicadores de Star Trek, que nos libertam do trabalho não-criativo, esmagador da alma.

Em um de seus escritos iniciais, ele imagina o que se seguiria à invenção de tais máquinas:
“Na sociedade comunista, onde ninguém está confinado a uma única esfera de atividade, mas pode se dedicar ao campo que desejar, a sociedade regula a produção total, e assim posso caçar de manhã, pescar à tarde, pastorear à noite e analisar teatro após o jantar – sem precisar ser caçador, pescador, pastor ou crítico.” [A Ideologia Alemã, 1845]

sábado, 29 de março de 2025

Luciana Barreto denuncia ataques racistas em delegacia especializada

Sábado, 29 de março de 2025
Agência Brasil
Publicado em 28/03/2025 - 18:08
Rio de Janeiro
Jornalista Luciana Barreto /Foto © Tânia Rêgo/Agência Brasil

Agência Brasil — Rio de Janeiro

A jornalista Luciana Barreto, apresentadora do telejornal Repórter Brasil Tarde, da TV Brasil, denunciou à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) os ataques racistas e ameaças que recebeu nas redes sociais da emissora e também em seus perfis pessoais. O depoimento e as provas foram apresentados na tarde desta sexta-feira (28) na delegacia.

Os autores dos ataques e ameaças poderão ser punidos civilmente (ação de dano moral) e criminalmente (racismo e injúria com motivo racial).

“Discurso de ódio nas redes sociais é meu objeto de estudo. Eu tenho um livro sobre isso, inclusive”, lembra Luciana.

“Hoje, no entanto, eu saí do campo da análise e do estudo e segui para uma frente igualmente importante, a denúncia. Nem todo mundo quer aprender com o letramento racial. Para esses, tem que haver a punição da lei.”

Para o advogado da jornalista, Fabiano Machado da Rosa, é fundamental a iniciativa de fazer a queixa na polícia.

“O cenário não muda porque as pessoas não denunciam. Mas pessoas públicas estão indo atrás dos seus direitos.”

Outras medidas judiciais

Além da iniciativa particular da jornalista, os autores dos ataques poderão ser acionados pelas medidas judiciais já tomadas pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

Luciana Barreto é autora do livro Discursos de ódio contra negros nas redes sociais (editora Pallas, 2023); e mestre em relações étnico-raciais. A apresentadora é ganhadora de diferentes prêmios e há mais de uma década é reconhecida uma Mulher Inspiradora (Think Olga).

Fevereiro tem maior geração de emprego formal da história, com 432 mil vagas

Sábado, 29 de março de 2025

Ministério do Trabalho indica que número é resultado de política públicas para estimular a economia nacional


Brasil de Fato — Curitiba (PR)

Fevereiro de 2025 foi o mês em que a economia nacional mais gerou empregos com carteira assinada na história. Foram 431.995 vagas de trabalho formais criadas no país, mais que o triplo das 144 mil vagas geradas em janeiro e 40% a mais do que as 307 mil vagas geradas em fevereiro de 2024.

Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (28) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Eles fazem parte do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Os dados do cadastro são tabulados desde 2020.

De acordo com o cadastro, em fevereiro, ocorreram 2,5 milhões de admissões no país contra 2,147 milhões de desligamentos.

sexta-feira, 28 de março de 2025

Legado de Honestino Guimarães, que completaria 78 anos hoje, segue vivo na UnB

Sexta, 28 de março de 2025

Desaparecido pela ditadura militar em 1973, Honestino inspira luta estudantil da atual geração

Brasil de Fato — 
Brasília (DF)
Bianca Feifel
28.mar.2025 às 19h26

Honestino Monteiro Guimarães, liderança histórica do movimento estudantil durante a ditadura militar, estaria completando 78 anos neste 28 de março. Aluno exemplar do curso de Geologia da Universidade de Brasília (UnB), Honestino foi sequestrado pelo regime em 1973, aos 26 anos. Seu corpo nunca foi encontrado. Apesar da morte precoce, seu legado segue vivo.

Para Betty Almeida, professora aposentada e autora do livro Paixão de Honestino, refletir sobre a trajetória do líder estudantil é essencial na situação política atual. “Vivemos uma democracia conquistada com o sacrifício de Honestino e de tantos outros, mas estamos sitiados por forças reacionárias muito poderosas, que exigem nossa energia e disposição de luta se quisermos manter as conquistas sociais e políticas que custaram tanto esforço e sacrifício. Honestino vive!”, afirma.

Honestino foi o primeiro estudante a receber um diploma póstumo emitido pela UnB. Ele se juntou a outros jovens desaparecidos pela ditadura que receberam a diplomação póstuma por universidades brasileiras. A USP foi a primeira a diplomar Alexandre Vannucchi Leme e Ronaldo Mouth Queiroz.

Anvisa suspende creme dental da Colgate após relatos de reações

Sexta, 28 de março de 2025
Sintomas manifestados ao usar o produto são similares a alergias

© Ministério da Saúde/Divulgação

Guilherme Jeronymo - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 27/03/2025
São PauloMinistério da Saúde/Divulgação

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou nesta quinta-feira (27) uma resolução que suspende todos os lotes do Creme Dental Colgate Total Clean Mint, produto da empresa que substitui a linha Total 12 da marca. Segundo a agência, a medida é preventiva e temporária, com o intuito de proteger a saúde da população. 

A suspensão tem duração de 90 dias, período no qual ocorrem as investigações sobre as reações adversas notificadas sobre o produto. Não existe determinação de recolhimento, no momento, mas o produto deve ficar separado e não deve ser exposto ao consumo ou uso.

A resolução recomenda a suspensão da comercialização e do consumo até que seja comprovada a segurança. Uma das possibilidades é que a inclusão da substância fluoreto de estanho na fórmula possa ser a causadora das reações, que incluem: 

  • Lesões bucais
  • Sensações dolorosas
  • Sensação de queimação/ardência
  • Inflamação gengival
  • Edema labial 

"Estes sintomas têm impactado significativamente a qualidade de vida dos consumidores, resultando, em alguns casos, em custos médicos, afastamento do trabalho, dificuldades para se alimentar e se comunicar, e sofrimento emocional", informa a Anvisa.

Fazendeiros armados atacam acampamento do MST no extremo-sul da Bahia

Sexta, 28 de março de 2025

Famílias foram surpreendidas com ameaças e disparos de arma de fogo; uma pessoa foi agredida e sofreu lesão


Brasil de Fato — Salvador (Ba)
Na manhã desta sexta-feira (28), um grupo de fazendeiros armados, muitos deles encapuzados, invadiu de forma violenta o Acampamento Lindaura Ferreira Lima, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Guaratinga, extremo-sul da Bahia. Segundo o movimento, as famílias agricultoras foram surpreendidas por diversas caminhonetes na entrada do acampamento. Os homens fizeram disparos de arma de fogo e ameaçaram os acampados, exigindo que abandonassem o local.

Durante o ataque, um morador foi agredido e teve o braço fraturado. O MST denuncia que o grupo invasor segue intimidando a comunidade, e que a ação caracteriza uma tentativa de despejo ilegal, feita sem mandado judicial.

O julgamento dos golpistas é uma virada de página

Sexta, 28 de março de 2025
Por Roberto Amaral [1]
 
"Há muito este país espera uma revolução: a do cumprimento das leis."
— Marcelo Godoy, O Estado de S. Paulo (26/03/2025)
 
O país assiste a um dos momentos mais importantes da construção republicana, mas dele parece ausente a nação, mal informada pela grande imprensa — que reduz o fato político essencial a questiúnculas jurídicas — e pelos partidos, desmobilizados e desmobilizantes, perigosamente desafeitos à ação. Enquanto o dever coletivo seria esclarecer a opinião pública, carente de debate e presa das milícias digitais, a esquerda — estranho destino! — conforma-se como plateia cansada. Cruzamos os braços e nos quedamos em cômoda tranquilidade, porque delegamos nossos destinos de nação e país ao STF.

Pela primeira vez na história — cevada e abastardada por incursões golpistas das Forças Armadas e pela conciliação a serviço dos interesses da classe dominante (a mesma, desde sempre, dos engenhos e do latifúndio até a Faria Lima) —, a República se apresenta disposta a rever sua inércia política e romper com a crassa indulgência com o crime, marca que nos persegue desde as origens de nossa formação.

O julgamento dos principais criminosos do governo passado e da intentona de 8 de janeiro de 2023 é ato político na sua melhor acepção: diz, finalmente — e hosanas seja de uma vez por todas! —, que o atentado contra as instituições democráticas é crime e que seus autores devem ser punidos com o máximo rigor da lei, sejam eles os vândalos mobilizados pelo ódio e a ignorância, sejam os paisanos de paletó e gravata, sejam os engalanados de farda.

Estamos diante de uma virada de página significativa e, talvez, só agora possamos conhecer a efetiva restauração democrática, iniciada timidamente com o pacto de 1985. Sob o império das circunstâncias, esse pacto possibilitou a reconstitucionalização de 1988, sem assegurar, todavia, o império do poder civil — conditio sine qua non de qualquer pretensão democrática digna do nome. 

Abandonando o Planalto pelas portas dos fundos, os militares conservariam, até aqui, a preeminência sobre a política nacional. Denotativa dessa distorção é o fato de, hoje, em nosso governo, o ministro da Defesa comportar-se como mero porta-voz da caserna junto ao poder civil.

Há, portanto, razão para registrar a mudança de rota: pela primeira vez em nossa história, um ex-presidente da República e meia dúzia de generais — réprobos, mas poderosos — conhecem o banco dos réus e são processados pelo poder civil por crime contra a democracia. Isto não é pouco, e precisa ser destacado.

Governo acata lei apontada por Lula como inconstitucional para ratificar venda da Eletrobras

Sexta 28 de março de 2025

AGU fechou acordo para encerrar processo no STF que questionava limites impostos ao governo na gestão da ex-estatal


O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) resolveu acatar uma lei que ele mesmo considerava inconstitucional para encerrar uma disputa judicial acerca da privatização da Eletrobras. Por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), o governo encaminhou um acordo com a nova gestão da ex-estatal para pôr fim aos questionamentos sobre o negócio fechado no governo de Jair Bolsonaro (PL).

O acordo foi anunciado pela AGU e a Eletrobras no dia 28 de fevereiro, véspera de Carnaval. Nesta quarta-feira (26), a Eletrobras disse que assinou os termos já anunciados. Eles agora serão analisados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), já que foi negociado numa conciliação aberta após a AGU abrir uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) questionando a lei para privatização da Eletrobras.

Uma ADI serve justamente para discutir a constitucionalidade de algo – ou seja, se algo fere o que determina a Constituição. Em maio de 2023, a AGU entendeu que a lei da privatização da Eletrobras era parcialmente inconstitucional. Por isso, decidiu abrir uma ação no Supremo contra ela.

Essa lei fixou que nenhum acionista da ex-estatal pode ter um poder de voto de mais de 10% do total de acionistas votantes da empresa, independentemente da quantidade de ações que ele possua. A AGU entendeu que a regra representava “grave lesão ao patrimônio e ao interesse públicos”, já que o governo ficou com 43% das ações da Eletrobras após a privatização, mas passaria a votar como se tivesse 10%.

“A União, mesmo após a desestatização da companhia, ocorrida em 2022, embora continue a ser sua maior acionista, teve seus direitos políticos drasticamente reduzidos por medida ‘injustificável do ponto de vista jurídico-constitucional’”, argumentou a AGU, no STF.

O próprio presidente Lula chegou a dizer que, como foi feita, a privatização da Eletrobras representou um “crime de lesa-pátria contra o povo brasileiro”.

Apesar disso, menos de um ano depois da AGU ajuizar a ADI, ela desistiu de questionar a lei. No acordo fechado, o órgão concordou em manter inalterado os artigos da lei que limitaram o poder de voto do governo.

quinta-feira, 27 de março de 2025

MPDFT apura incidentes em jogo entre Brasiliense e Gama pelo Campeonato Candangão 2025

Quinta, 27 de março de 2025

Do MPDF

Desentendimento começou em campo e chegou às arquibancadas do Serejão. MPDFT enviou ofícios nesta quinta, 27, para requisitar informações

Após os incidentes ocorridos no jogo entre Brasiliense e Gama, pelo Campeonato Candangão 2025, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) tomou medidas para apurar os fatos. Durante a partida, na noite desta quarta-feira, 26 de março, membros de torcida organizada do Brasiliense arremessaram artefatos explosivos no gramado e atiraram pedras contra o policiamento. Diante da gravidade dos episódios, o MPDFT requisitou informações detalhadas sobre os incidentes às autoridades competentes.

As solicitações foram direcionadas ao presidente da Federação de Futebol do Distrito Federal (FFDF), Daniel dos Santos Vasconcelos, para que seja enviada a súmula da partida entre Brasiliense e Gama. Também foi requisitado ao comandante do 2º Batalhão de Polícia Militar (2º BPM), Tenente Coronel Cláudio José de Barros, o relatório referente à partida, incluindo o posicionamento de todos os órgãos envolvidos durante o evento.

Confira as acusações que levaram o Supremo a tornar Bolsonaro réu

Quinta, 27 de março de 2025

Relator diz que PGR demonstrou indícios dos crimes cometidos


Brasília (DF), 26/03/2025  - Ex-presidente Jair Bolsonaro durante declaração a imprensa após virar Réu no STF. Foto: Lula Marques/Agência Brasil
© Lula Marques/Agência Brasil

© Lula Marques/Agência Brasil

André Richter – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 27/03/2025 — Brasília

O voto do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi decisivo para os ministros da Primeira Turma da Corte tornarem réus o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete acusados do núcleo crucial da denúncia sobre a trama golpista para impedir o terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Por unanimidade, os ministros Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, da Primeira Turma do STF, acompanharam o voto de Moraes, que é relator do caso.

Em sua manifestação, Alexandre de Moraes afirmou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) cumpriu os dispositivos legais e demonstrou os indícios de que o ex-presidente e seus aliados podem ter cometido os crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.

Confira as acusações que levaram Bolsonaro e os demais investigados do núcleo 1 da trama golpista a se tornarem réus:

Moraes pede que defesa esclareça se Léo Índio, sobrinho de Bolsonaro, fugiu para a Argentina

Quinta, 27 de março de 2025

Sobrinho de Bolsonaro deu entrevista dizendo que está no país vizinho
                                               © Marcello Casal JrAgência Brasil

© Marcello Casal JrAgência Brasil
André Richter - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 27/03/2025 — Brasília

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu prazo de 48 horas para a defesa de Leonardo Rodrigues de Jesus, sobrinho do ex-presidente Jair Bolsonaro, esclarecer se o acusado fugiu para Argentina.

Léo Índio, como é conhecido, virou réu no Supremo pelo envolvimento nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023,  após julgamento da denúncia no mês passado pela Primeira Turma da Corte.

A decisão de Moraes foi tomada após a divulgação de notícias sobre a fuga do sobrinho de Bolsonaro. Em entrevista concedida nesta quarta-feira (26) para a Rádio Massa FM, de Cascavel (PR), Leonardo disse que está no país vizinho há 20 dias porque está com medo de ser preso.

Julgamento de um ex-presidente no país dos bacharéis

Quinta, 27 de março de 2025

PÁTRIA LATINA - PAPO DO DIA - 27 de março de 2025
                                  Foto: Antonio Augusto/STF 

Pedro Augusto Pinho*

FATOS E PERSONAGENS

Bolsonaro não carrega ferido, isso é bem sabido, e a bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP) acaba de confirmar ao receber o sexto voto, em onze, no Supremo Tribunal Federal (STF), condenando-a por portar arma em via pública. Bolsonaro ainda a acusou de ter contribuído para sua derrota eleitoral!

E quanto aos generais e autoridades que acompanham o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, na denúncia do Ministério Público Federal, iniciada na Primeira Turma do STF, na terça-feira, 25/3/2025? Terão um ato ou uma palavra de solidariedade? Quase certamente não.

Mas este julgamento e eventual condenação encerram o rol de crimes que Bolsonaro e seus aliados praticaram contra as leis e os interesses brasileiros desde quando assumiu a Presidência em 01/01/2019? Certamente não.

O Procurador-geral da República (PGR), Paulo Gonet Branco, acusou Bolsonaro e mais sete pessoas da prática dos crimes de organização criminosa, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima, o Estado Federal, além de deterioração de patrimônio tombado.

quarta-feira, 26 de março de 2025

‘Recua, fascista’: comunidade acadêmica da UnB protesta contra ataques da extrema direita

Quarta, 26 de março de 2025


Estudantes e servidores se mobilizaram em defesa da universidade após ações de bolsonaristas

Brasil de Fato — Brasília (UnB)
24.mar.2025 às 22h13
Atualizado em 26.mar.2025

Aos gritos de “recua, fascista, recua” estudantes, professores, servidores técnico-administrativos e parlamentares protestaram, na tarde desta segunda-feira (24), em defesa da Universidade de Brasília (UnB) e contra os ataques recentes organizados por alunos de extrema direita. O ato aconteceu no campus Darcy Ribeiro e foi encerrado com uma marcha pelos corredores do Instituto Central de Ciências (ICC).

“A UnB é, historicamente, um território de resistência. Não vamos aceitar que um grupo minúsculo de pessoas queira de alguma forma manchar esse espaço com seu conservadorismo e sua agenda reacionária. Esse ato foi uma resposta a isso, para mostrar que a UnB não é território fascista e que não vamos aceitar nenhum tipo de anistia para quem é golpista”, explicou o coordenador-geral do Diretório Central dos Estudantes da UnB Honestino Guimarães (DCE-UnB), Maktus Fabiano.

No dia 14 de março, o Centro Acadêmico de Artes Visuais (Cavis) sofreu ataques de estudantes bolsonaristas, no que chamara de “ações de limpeza da UnB”. O caso gerou indignação dos estudantes, professores e administração, o que motivou a manifestação desta segunda (24).

A reitora da UnB, professora Rozana Naves, também participou do ato e afirmou ser importante que a comunidade acadêmica “se unifique contra o extremismo”.

“Essa é uma universidade de resistência. Resistiu ao longo da sua história e nesses 40 anos de redemocratização. Resistiu pelos professores que foram expulsos, resistiu pelos estudantes que foram desaparecidos, resistiu contra os cortes, resistiu contra os avanços indiscriminados de um governo fascista que não protegeu a população contra a pandemia. É muito importante que a gente esteja aqui hoje protegendo a nossa universidade, que é locus de desenvolvimento da ciência e que tem uma missão social importante no desenvolvimento brasileiro”, declarou.

Reitora da UnB Rozana Naves participou da manifestação nesta segunda (24) – Foto: Jorge Monicci/Mandato Gabriel Magno

“Essa é a relação da extrema direita desse país com o conhecimento: a tentativa de calar professores e estudantes. Por isso que esse ato é muito fundamental, porque essa semana é uma semana histórica para a vida democrática desse país”, destacou o deputado distrital Gabriel Magno (PT-DF), ao mencionar que Supremo Tribunal Federal (STF) decidirá nesta terça-feira (25) se aceitará a denúncia [o STF já aceitou] contra o ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado.

Bolsonaro é acusado dos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima e deterioração de patrimônio tombado, podendo pegar de 20 a 26 anos de cadeia.

Sindicato dos Servidores Técnico-Administrativos da Fundação UnB (Sintfub), que estão em greve desde quinta-feira (20), e a Associação dos Docentes da UnB (ADUnB) também se juntaram aos estudantes no ato antifascista.

Professores e orientadores educacionais do Distrito Federal paralisam atividades nesta quinta (27)

Quarta, 26 de março de 2025

Assembleia inicia a partir das 9h, no estacionamento da Funarte

Brasil de Fato — Brasília (DF)
Redação
26.mar.2025 às 11h39

Professores e orientadores educacionais do Distrito Federal participam nesta quinta-feira (27) da primeira assembleia geral da categoria do ano, convocada pelo Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF). A assembleia inicia a partir das 9h, no estacionamento da Funarte, em Brasília. Haverá paralisação das atividades.

A assembleia discutirá a “Campanha Salarial 19,8%, rumo à Meta 17 — Pela reestruturação da carreira já!” e definirá os rumos da luta pela valorização da categoria do magistério e em defesa da educação pública de qualidade.

Segundo Márcia Gilda, diretora do Sinpro–DF, as principais reivindicações dos professores e orientadores educacionais são voltadas para a recomposição salarial e a reestruturação da carreira com menos níveis e mais progressão, entre outros. “Nós queremos o reajuste linear de 19,8% para recompor as perdas inflacionárias que ocorreram durante o governo Ibaneis, entre 2019 e 2023, e a reestruturação, que traz uma série de reivindicações importantes para a carreira”, aponta.