Domingo, 26 de dezembro de 2010
Agência Brasil
Alana Gandra - repórter
Rio de Janeiro - O presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben), Edson Kuramoto, eleito para um novo mandato, defendeu em entrevista à Agência Brasil que o país não tenha políticas “de governo”, e sim, uma política “de Estado” que seja sustentável e de longo prazo.
“O Brasil tem que ter um programa nuclear que dê continuidade ao desenvolvimento tecnológico do país nessa área, de forma sustentável. Para que isso ocorra, é necessário que nós tenhamos uma política de Estado e não de governo”.
Ele disse ser importante preservar a capacitação tecnológica adquirida pelo país ao longo dos 30 anos do programa nuclear brasileiro. A interrupção do programa até a retomada da construção da Usina Nuclear Angra 3 foi, para ele, prejudicial ao país. Kuramoto disse que a descontinuidade do programa fez “o Brasil perder o bonde da história” no desenvolvimento da tecnologia nuclear. “Hoje, vivemos uma situação propícia para que se retome o programa nuclear brasileiro sustentável, sem descontinuidade”.
Destacou a necessidade de que sejam concluídos alguns empreendimentos do setor, para os quais os investimentos envolvidos chegam a R$ 2,5 bilhões. Entre eles, está a segunda fase do ciclo de enriquecimento do urânio.
A primeira etapa do processo foi concluída pela estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), no município fluminense de Resende. “Mas, para que o Brasil possa enriquecer urânio para Angra 1, 2 e 3 e para as próximas quatro usinas planejadas para entrar em operação até 2030, é necessário que o governo dê andamento a esses empreendimentos. E, para isso, tem que ter investimentos contínuos”.
Outro projeto essencial para que o Brasil possa ficar independente do exterior é desenvolver a produção, no país, do hexacloreto de urânio, etapa necessária para o enriquecimento do mineral. O processo consiste em elevar a concentração do urânio 235 no produto para um nível que permita a geração de energia.
Outro projeto que não pode sofrer descontinuidade, para o presidente da Aben, é o do reator multipropósito brasileiro, iniciado este ano. “Com a conclusão desse projeto, o Brasil se tornará autossuficiente na produção de radioisótopos, principalmente do molibdênio 99”. Esse elemento radioativo é usado na medicina nuclear.
O Brasil importa 100% da demanda interna de molibdênio 99. Atualmente, são feitos no país mais de 3 milhões de procedimentos na área da medicina nuclear.
A Aben quer participar da comissão interministerial que iniciou estudos sobre a reestruturação do programa nuclear brasileiro, que ainda não foram concluídos. A entidade considera importante que seja mantido o cronograma de construção das usinas nucleares para permitir à indústria nacional investir na área nuclear com tranquilidade. “Aí, sim, nós teríamos uma indústria fornecendo equipamentos para a área nuclear e, com isso, conseguiríamos reduzir o custo de construção dessas novas usinas e, até, [o custo] de geração”.
Rio de Janeiro - O presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben), Edson Kuramoto, eleito para um novo mandato, defendeu em entrevista à Agência Brasil que o país não tenha políticas “de governo”, e sim, uma política “de Estado” que seja sustentável e de longo prazo.
“O Brasil tem que ter um programa nuclear que dê continuidade ao desenvolvimento tecnológico do país nessa área, de forma sustentável. Para que isso ocorra, é necessário que nós tenhamos uma política de Estado e não de governo”.
Ele disse ser importante preservar a capacitação tecnológica adquirida pelo país ao longo dos 30 anos do programa nuclear brasileiro. A interrupção do programa até a retomada da construção da Usina Nuclear Angra 3 foi, para ele, prejudicial ao país. Kuramoto disse que a descontinuidade do programa fez “o Brasil perder o bonde da história” no desenvolvimento da tecnologia nuclear. “Hoje, vivemos uma situação propícia para que se retome o programa nuclear brasileiro sustentável, sem descontinuidade”.
Destacou a necessidade de que sejam concluídos alguns empreendimentos do setor, para os quais os investimentos envolvidos chegam a R$ 2,5 bilhões. Entre eles, está a segunda fase do ciclo de enriquecimento do urânio.
A primeira etapa do processo foi concluída pela estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), no município fluminense de Resende. “Mas, para que o Brasil possa enriquecer urânio para Angra 1, 2 e 3 e para as próximas quatro usinas planejadas para entrar em operação até 2030, é necessário que o governo dê andamento a esses empreendimentos. E, para isso, tem que ter investimentos contínuos”.
Outro projeto essencial para que o Brasil possa ficar independente do exterior é desenvolver a produção, no país, do hexacloreto de urânio, etapa necessária para o enriquecimento do mineral. O processo consiste em elevar a concentração do urânio 235 no produto para um nível que permita a geração de energia.
Outro projeto que não pode sofrer descontinuidade, para o presidente da Aben, é o do reator multipropósito brasileiro, iniciado este ano. “Com a conclusão desse projeto, o Brasil se tornará autossuficiente na produção de radioisótopos, principalmente do molibdênio 99”. Esse elemento radioativo é usado na medicina nuclear.
O Brasil importa 100% da demanda interna de molibdênio 99. Atualmente, são feitos no país mais de 3 milhões de procedimentos na área da medicina nuclear.
A Aben quer participar da comissão interministerial que iniciou estudos sobre a reestruturação do programa nuclear brasileiro, que ainda não foram concluídos. A entidade considera importante que seja mantido o cronograma de construção das usinas nucleares para permitir à indústria nacional investir na área nuclear com tranquilidade. “Aí, sim, nós teríamos uma indústria fornecendo equipamentos para a área nuclear e, com isso, conseguiríamos reduzir o custo de construção dessas novas usinas e, até, [o custo] de geração”.