Quarta, 14 de setembro de 2011
Da Pública Agência de Reportagem e Jornalismo Investigativo
ÍNDIA: Indústria de cigarros bidis contra a saúde pública
Tigres de fumaça: a Índia e a Indonésia são os maiores desafios para a mudança global de regras sobre o tabaco
Filho
de fazendeiro descansa no monte de tabaco enquanto
a colheita da família é inspecionada no entreposto de Periyapatna;
cerca de 50 mil crianças trabalham na indústria indiana de bidis
a colheita da família é inspecionada no entreposto de Periyapatna;
cerca de 50 mil crianças trabalham na indústria indiana de bidis
Por Murali Krishnan e Shantunu Guha Ray do Center for Public Integrity
Perto do rio Ganges, que corre por toda a cidade de Varanasi, no
norte do estado de Uttar Pradesh, Janaki Devi é um exemplo típico das
trabalhadoras pobres que movimentam uma das mais importantes indústrias
da Índia.
Toda manhã ela se banha no rio que os hindus consideram o local mais
sagrado do país. É o momento de tranquilidade do dia; logo depois ela
assume uma rotina massacrante de oito horas, enchendo as folhas
marrom-avermelhadas com 2 gramas de tabaco e depois amarrando-as. Se
demorar 25 segundos para fazer cada bidi, no fim do dia terá enrolado pelo menos 1.000. Por essa produção, recebe 1 dólar por dia.
“Trabalho sem parar. Preciso do dinheiro para sustentar minha
família”, diz Dev, os olhos focados na bandeja de junco em seu colo,
onde trabalha. Ela tira 25 dólares por mês, o que é muito pouco mesmo na
Índia, onde mais de metade da população vive com renda inferior a 2
dólares por dia.
Devi é uma das cerca de 6 milhões de mulheres que enrolam bidis
na Índia; essa ocupação é a segunda no ranking entre as atividades que
mais utilizam mão de obra intensiva no segundo maior mercado de tabaco
do mundo – um país onde o vício em tabaco afeta aproximadamente um
quarto da população. As mulheres constituem quase 75% da força de
trabalho da indústria do bidi, que produz entre 750 bilhões e 1,2 trilhão de cigarros por ano.
O bidi, que parece um cigarrinho de maconha, traz grandes
riscos para a saúde de quem o fuma e o enrola. Contém mais nicotina e
alcatrão do que os cigarros convencionais.
Leia a íntegra da reportagem na Pública.