Sexta, 9 de setembro de 2011
Da "Auditoria Cidadã da Dívida"
Os jornais de hoje noticiam que o “impostômetro” instalado em São
Paulo atingirá amanhã a marca dos R$ 1 trilhão em tributos arrecadados
em 2011. Sobre este tema, cabe comentar que esta imensa quantidade de
tributos serve para garantir o ajuste fiscal, ou seja, o pagamento da
questionável dívida pública, que subtrai recursos que poderiam ir para
as urgentes áreas sociais.
Sendo assim, a Auditoria Cidadã da Dívida inseriu em sua página na internet o “DIVIDÔMETRO”, que mostra em tempo real o quanto já se pagou de dívida pública no ano: R$ 554 bilhões.
Ou
seja: antes do “impostômetro” chegar aos R$ 1 trilhão arrecadados neste
ano, mais da metade deste valor já foi destinado ao pagamento da dívida
pública.
O Jornal Estado de São Paulo mostra um exemplo de como
os tributos são criados para servir ao pagamento da dívida: a nova CPMF
proposta pelo governo (a “CSS”) não garantiria o aumento dos recursos da
saúde, e poderia ser destinada para o superávit primário, ou seja, a
reserva de recursos para o pagamento da dívida.
Conforme mostra estudo da Consultoria de Orçamento da Câmara dos Deputados (pág 28), o texto proposto pelo governo do Projeto de Lei Complementar (PLP) nº 306/2008 não
garante que os recursos arrecadados com a CSS tenham de ser gastos
durante o ano, ou seja, eles podem ser contingenciados e assim
utilizados para compor o “superávit primário”.
Apesar do PLP 306
prever que os recursos da nova CPMF somente poderiam ir para a saúde, é
importante relembrar que várias vezes o governo já permitiu que recursos
vinculados por lei a determinadas áreas sociais fossem contingenciados e
posteriormente destinados ao pagamento da dívida. Um exemplo é a Medida
Provisória 435/2008, que permitiu a destinação de R$ 20 bilhões dos
royalties do petróleo (que deveriam ir para áreas como a ciência e
tecnologia) para o pagamento da dívida.
Enquanto a dívida pública
é paga em dia, inclusive com a utilização de recursos vinculados a
áreas sociais, a dívida de bancos privados com o Banco Central é
perdoada pelo governo, conforme mostra o Portal G1. Bancos que foram
beneficiados pelo Estado no PROER (Programa de Estímulo à Reestruturação
e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional), como o Econômico e
o Nacional, terão uma redução de R$ 18 bilhões em suas dívidas.
Em
suma: enquanto a questionável dívida pública é paga em dia, e por vezes
até antecipadamente e com ágio, a dívida dos bancos com o governo pode
ser postergada e reduzida.
Acesse "Auditoria Cidadã da Dívida"
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