Quarta, 18 de janeiro de 2012
Da Agência Pulsar
A Justiça Federal autorizou organizações
afro-brasileiras a produzirem um vídeo de direito de resposta coletivo a
uma reportagem da TV Record. A emissora foi acusada de intolerância
religiosa.
O Centro de Estudos das
Relações de Trabalho e Desigualdades (Ceert), o Instituto Nacional da
Tradição e Cultura Afro-Brasileira (Intecab), junto ao Ministério
Público Federal (MPF), foram os autores da ação.
O vídeo “Diálogos das Religiões”,
produzido pela TV PUC, tem quase uma hora de duração. Além de
representantes de religiões afrobrasileiras, conta com a participação de
católicos, budistas e muçulmanos. Profissionais de comunicação e
artistas também foram convidados.
Os realizadores
explicam que o direito de resposta "é uma defesa da liberdade e da
democracia", que foram, segundo eles, "injustamente atacadas" pela
Record. Eles criticam a emissora por ofender crenças e cultos de
religiões como o candomblé e a umbanda, "praticadas por mais de três
milhões de pessoas de norte a sul no país".
A
produção destaca os "negros escravizados e arrancados de sua origens
trouxeram da África culturas que “contribuíram decisivamente na
formação das identidades brasileiras". Cida Bento, do Ceert, ressalta
que o ataque às religiões de matriz africanas pela mídia é uma forma da
racismo.
O Pai Francisco de Oxum completa que o
"perigo maior" neste caso de discriminação está na falta de fiscalização
das concessões públicas de rádio e TV. Quando isso acontece, ressalta o
religioso, "toda uma sociedade fica à deriva".
Segundo
informações do Geledés – Instituto da Mulher Negra, o programa foi
gravado no final de 2011, mas a TV Record conseguiu um impedimento
momentâneo. A emissora ainda não se pronunciou sobre o assunto, mas pode
ter que exibir na íntegra a vídeo. (pulsar)