Quarta, 21 de março de 2012-03-20
Por Ivan de Carvalho

PMDB, PSDB e DEM, os três principais atores desse
drama que pode evoluir para tragédia, insistem em defender, em tese, uma
candidatura única das oposições e a uma aliança que envolva as três legendas
citadas e outras que estejam disponíveis, a exemplo do PTN e possívelmente do
PR.
O PR tornou-se um aliado mais provável, caso a
coalizão oposicionista se concretize, depois que o partido, pelo menos por
enquanto, declarou-se na oposição ao governo Dilma Rousseff, depois que a
presidente mandou comunicar que não devolverá à legenda o Ministério dos
Transportes.
Na Bahia, o PR já estava na oposição e nunca
chegou a integrar a base de sustentação do governo petista de Jaques Wagner. O
deputado federal Maurício Trindade, que tem boa parte de seu eleitorado na
capital, apresentou-se como candidato a prefeito do PR, que não o desautorizou.
Isto foi nos tempos em que o PR integrava o governo federal, onde tinha, no
cargo de ministro dos Transportes, o presidente do partido, senador Alfredo
Nascimento.
Mas imediatamente antes da bancada do PR no
Senado declarar-se na oposição, e aparentemente sem saber ou sequer desconfiar
que música a banda iria tocar, Trindade defendeu uma aproximação do PR baiano
com o governo de Jaques Wagner e, consequentemente, com o PT. Mas, junto com os
de alguns deputados federais, o nome do ex-governador e ex-senador César Borges
foi rejeitado pela presidente Dilma para o Ministério dos Transportes. Circulou
a notícia de que o governador Wagner teria vetado – o que não foi confirmado
nem desmentido.
O resultado dessa coisa toda é que o PR, em nível
federal, foi para a oposição e o PR estadual permaneceu nela. Nas eleições de Salvador,
caso não haja uma mudança radical na posição do partido em nível federal, o PR
tende a fazer aliança no âmbito das oposições. Trindade escorregou feio. E sua pré-candidatura,
que já não era lá grande coisa, passou a ser mera ficção.
Mas o problema não é o PR e sim as três legendas
básicas de oposição estadual – PMDB, PSDB e Democratas. Cada uma tem seu
pré-candidato a prefeito e todos eles (Mário Kertész, Antonio Imbassahy e ACM
Neto) têm, em princípio, condições e currículo para liderar a chapa de unidade.
Esta é uma razão que tem levado os três partidos a não desistirem de fazer de
seu próprio pré-candidato o candidato da unidade.
Outra coisa que parece evidente (embora já
desmentida há alguns meses pelo comando do PMDB) é que a situação desta legenda
como participante (embora, a essa altura, já de segunda classe) do governo
Dilma Rousseff cria dificuldades ao PMDB para apoiar o democrata ACM Neto ou o
tucano Imbassahy. Não haveria problema em o pré-candidato do PMDB receber os
apoios do DEM e PSDB, mas a recíproca não é verdadeira.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta quarta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano