Sábado, 10 de novembro de 2012
Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Com os rostos pintados, um grupo de manifestantes
enfrentou a garoa e saiu em passeata, na noite de hoje(9) pela Avenida
Paulista, região central da capital, em defesa dos direitos dos índios
guaranis kaiowás. Cerca de mil pessoas, segundo a Polícia Militar,
desceram pela Rua Augusta, acompanhadas de um carro de som, até o Vale
do Anhangabau, local escolhido para encerrar o protesto pelo simbolismo
do nome indígena do rio canalizado que passa por debaixo da praça.
Uma das organizadoras do ato, Júlia Decloedt disse que a carta
denunciando a situação dos guaranis kaiowás em Mato Grosso do Sul,
motivou a manifestação. “É importante que o cidadão saiba que ele também
é responsável pela expropriação de terras que está acontecendo lá”,
ressaltou. De acordo com ela, um dos organizadores chegou a viajar ao
estado para ver de perto a situação dos índios.
No mês passado, uma ação de reintegração de posse ameaçou despejar 170
índios guaranis kaiowás que há quase um ano ocupam parte de uma fazenda
da cidade de Iguatemi, em Mato Grosso do Sul. Ameçados de remoção do
local que consideram suas terras, os índios divulgaram uma carta em que
falavam da possibilidade de “morte coletiva”. A expressão e o tom do
texto foram entendidos equivocadamente como uma ameaça de suicídio
coletivo.
Para a estudante Camilla Passos, participante da manifestação, a defesa
dos direitos dos povos indígenas é uma forma de proteger a cultura
brasileira. “A gente não pode deixar que a cultura deles se perca,
porque também é nossa cultura”, disse.
A fundadora do Movimento Indígenas em Ação, a índia Sany Kalapalo,
declarou que a situação dos índios guaranis kaiowás e a de grande dos
indígenas brasileiros é muito difícil. “No Amazonas, os índios estão
sendo expulsos de suas terras, as meninas estão sendo traficadas para
prostituição. No Nordeste, os índios estão mendigando”, declarou.