Terça, 21 de novembro de 2012
Mariana JungmannRepórter da Agência Brasil
O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) disse que a saída
do empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, da
cadeia é “mau presságio” sobre a apresentação, hoje (21), do relatório
da comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI). A comissão investiga
as relações de Cachoeira com agentes públicos e privados. O empresário
deixou, de madrugada, o Presídio da Papuda, em Brasília, onde ficou
durante nove meses.
“A expectativa que tenho do relatório não é das melhores. As
notícias que me chegam é que a saída do Cachoeira [da Penitenciária da
Papuda] é um mau presságio”, avaliou Rodrigues, que participou da
comissão.
O senador foi contra o encerramento da CPMI neste momento e tentou
convencer os colegas a aprovar a prorrogação das investigações. Com a
base aliada do governo unida pelo encerramento dos trabalhos, Randolfe
Rodrigues e outros parlamentares oposicionistas decidiram apresentar
voto em separado para ser analisado junto com o relatório oficial do
deputado Odair Cunha (PT-MG). Eles também devem pedir ao Ministério
Público o indiciamento do governador de Goiás, Marconi Perillo, e do
ex-presidente da empresa Delta Fernando Cavendish. A Construtora Delta
tem diversos contratos com o governo federal e governos estaduais e é
acusada de ter sido usada por Cachoeira para fraudar licitações
públicas.
Carlinhos Cachoeira foi solto depois de ser condenado nessa
terça-feira (20) a cinco anos de prisão em consequência da Operação
Saint-Michel, que apurou irregularidades no sistema de transporte
público no Distrito Federal. Como a pena é inferior a oito anos, o
regime inicial da prisão deve ser semiaberto.
O empresário foi preso no dia 29 de fevereiro como resultado da
Operação Monte Carlo, que apurou a corrupção e exploração ilegal de
jogos na esfera federal. Desde então, Cachoeira ficou preso
preventivamente no Distrito Federal e em Goiás. Vários pedidos de
liberdade foram formulados nos dois processos, mas sempre esbarravam em
decisões que alegavam o alto poder de influência do empresário.
A CPMI do Cachoeira, como ficou conhecida a investigação
parlamentar, apurou o envolvimento dele com agentes públicos e
empresários. Cachoeira foi acusado de corromper policiais para garantir
proteção ao esquema de exploração de jogo do bicho e máquinas
caça-níqueis em Goiás. Deputados estaduais, federais e o ex-senador
Demóstenes Torres foram acusados de fazer parte do esquema. Torres teve o
mandato cassado por ser considerado um lobista do grupo.