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(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

O general Mourão se insurge contra o 13º salário, não deixa as férias intocadas, despreza a constituição, acentua ainda mais, sua vocação ditatorial

Segunda, 1º de outubro de 2018
Por
Hélio Fernandes

Nada surpreendente, mas assustador. Apenas o segundo, inesperado, supostamente para compor a chapa, assume papel preponderante, sem ligar a mínima para o capitão cabeça de chave. Tem feito afirmações estapafúrdias, mas atingindo até mesmo o próprio Bolsonaro, a quem não visitou no hospital, por 5 minutos que fosse. Hoje, quero tratar apenas da sua fala desregrada e destruidora para o povo e o país.

Desde que foi criado, o 13% se transformou em unanimidade nacional.

Satisfação geral e movimentação positiva da economia no fim do ano. 

Nem o empresário mais empedernido e contra o trabalhador, jamais fez qualquer movimento para acabar com esse salário recompensa para milhões de pessoas. Alem do mais, essa conquista está inscrita e
consagrada na Constituição, não pode ser revogada nem mesmo por emenda à própria Constituição.

Mas o vice general, publicamente já concedeu a si mesmo passe livre nessa matéria. Declaração dele textual: "O Brasil precisa de uma Constituição nova, mas feita por uma constituinte, NOMEADA por mim, SEM ELEIÇÃO. Indicarei juristas, redigirão essa Constituição, me entregarão, mudarei tudo que achar necessário, assinarei e colocarei em exercício" Isso foi publicado sem desmentido dele.

Repórteres perguntaram como teria esses poderes apenas como vice e sem maioria, respondeu sem constrangimento: "Vamos ganhar a eleição, eu assumirei, Bolsonaro não tem condições físicas para assumir e governar". Antes, Bolsonaro não comentou a fala terrorista. Mas ontem, imediatamente, Bolsonaro, do hospital, criticou a declaração do seu vice.

O capitão foi claro, duro e elucidativo: "Ele é meu vice, mas não está AUTORIZADO a traçar e divulgar normas do MEU governo". A repercussão foi enorme, não só do povo que segundo o vice, será espoliado, mas provocou a revolta e protesto de todos os outros candidatos, tenham ou não tenham chances de passar para o segundo turno.

PS- A reação democrática dos adversários merece os maiores elogios. 

PS2- E faz crescer a esperança de que os candidatos que não chegarem ao segundo turno, não RECOMENDEM o voto numa chapa nitidamente ditatorial.

PS3- Quanto às férias dos trabalhadores, o general foi ameaçador, mas não conclusivo.

REAÇÃO CONTRA CANDIDATURA FASCISTA

Está sendo movimentado manifesto de juristas, contra o ditatorialismo de candidaturas presidenciais. No momento já tem mais de 500 assinaturas. Ainda tem gente querendo assinar. Para ser publicado, lógico, antes do primeiro turno.

Nenhum presidenciável é nominado ou identificado, mas o manifesto CONDENA candidatos fascistas, o que praticamente revela quem estão combatendo.

Essa idéia tem o intuito de não dar a impressão de serem contra determinados presidenciáveis. FASCISMO tem que ser mesmo combatido, desprezado, repelido, a História condena.

BOLSONARO ABRE A ALMA E O CORAÇÃO FASCISTA-DITATORIAL

Venho escrevendo há meses: Bolsonaro ganha no primeiro turno, e como perde para todos os adversários no segundo, quer a sua posse como presidente, com a ratificação da sua vitória sem necessidade do segundo. Não inventei nada, isso é lugar comum nos bastidores da campanha Bolsonaro-Mourão. O capitão, desde o inicio da campanha, lidera todas as pesquisas e análises, como vencedor do primeiro turno. Não houve contestação de ninguém.

Os adversários, TODOS, se prepararam para enfrentá-lo no segundo turno.

Bolsonaro foi o grande beneficiado da conspiração para tirar Lula da disputa, tornando-o inelegível. Com Lula candidato, Bolsonaro não passaria para o segundo turno, ficaria sem mandato. As mesmas pesquisas que davam o capitão como invencível no primeiro turno, constatavam e confirmavam: ele perderia para todos, no segundo turno. (Perderia até
para Alckmin).

A campanha já tem mais de 1 ano, as expectativas são as mesmas, apenas uma alteração: o aumento da rejeição à candidatura dele, que já chegou a 46 por cento. Com esses números nenhum candidato ganha eleição. A primeira conseqüência: ratificação da pesquisa inicial de que ele continua perdendo para todos, nesse suposto e imprevisível (e inaceitável para a chapa militar) segundo turno.

Muita gente não acredita em pesquisas, realmente elas erram muito. Mas por que acreditar (de forma unânime) com a consulta que dá a vitória a Bolsonaro no primeiro turno, repudiar, injuriar e amaldiçoar a segunda, (também por unanimidade) que consagra sua derrota, sem duvida e sem remissão?

E anteontem, em entrevista na televisão, reproduzida por todos os maiores jornais do país, Bolsonaro revelou publicamente suas intenções, confirmando tudo que se tramava e se trama nos bastidores, e que eu tenho revelado com palavras claras e não desmentidas. Informações  mesmo.

Definição (irresponsável) de Bolsonaro, numa frase simples, mas assustadora, pois representa seu pensamento e objetivo. Textual, rigorosamente verdadeiro e com destaque, pois ele mostrou ao país
como pretende chegar ao poder, sem povo, sem voto, sem urna, a não ser no primeiro turno.

"SÓ ACEITAREI O RESULTADO QUE CONFIRMAR A MINHA VITÓRIA".

Quem garante essa revoltante afirmação, e repudiará RESULTADO DIFERENTE? O general Mourão, vice de uma chapa fardada, que defende uma fórmula como nunca se viu.

Fonte: Blog Oficial do Jornal da Tribuna da Imprensa
Matéria pode ser republicada com citação do autor