Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

domingo, 21 de outubro de 2018

Saúde e bem-estar 42 — Consumo de leite animal e leite vegetal

Domingo, 21 de outubro de 2018
SAÚDE E BEM-ESTAR
50 textos (um a cada final de semana). Registros de uma caminhada em busca de saúde e bem-estar consistentes e duradouros. Veja todos os escritos em: http://www.aldemario.adv.br/saude.htm

Por
Aldemário Araújo

42 — CONSUMO DE LEITE ANIMAL E LEITE VEGETAL

O consumo do leite animal, notadamente bovino, envolve questões idênticas ou muito próximas daquelas relacionadas com o consumo de carnes (tratado em escrito anterior – número 41). Aqui, como lá, os grandes temas em debate são: a) bem-estar animal envolvido nas práticas de criação; b) agressões ao meio ambiente; c) uso de antibióticos e outras substâncias e d) qualidade nutricional.

Além dos aspectos já apontados, existem pontos de preocupação específicos ou adicionais. São, entre outros, os seguintes: a) as vacas recebem altas doses de “hormônio da gravidez” para produzir ininterruptamente mais leite (vivem bem menos por conta disso); b) já foram isolados quase 60 (sessenta) hormônios diferentes no leite de vacas vendido para consumo humano (alguns com forte ação na formação de tecido gorduroso) e c) o processo de pasteurização remove bactérias e micro-organismos benéficos.

Já foi visto que existe uma considerável controvérsia em torno da qualidade nutricional do leite (assim como das carnes). Fontes confiáveis indicam os laticínios (não processados ou industrializados) como alimentos saudáveis. Por outro lado, fontes igualmente confiáveis listam os laticínios entre os alimentos com efeitos nocivos para saúde. 

No segundo grupo, existem aqueles que formulam a seguinte pergunta: por que o homem é o único animal a consumir leite, de outra espécie, na idade adulta? A pergunta deixa implícita a seguinte afirmação: o leite animal não é um alimento natural/adequado para o organismo humano.

O açúcar presente no leite é a lactose. A enzina usada para digerir esse açúcar é a lactase. Uma parte considerável das pessoas não possui essa enzima. Esse fato gera a famosa intolerância ao leite (ou à lactose). Um fenômeno pouco conhecido é a diminuição progressiva, para quase toda a população, da produção de lactase a partir dos 4 anos de idade. Assim, a digestão adequada no leite é cada vez mais difícil ao longo da vida.

Existem várias evidências de que a caseína, proteína fortemente presente no leite, desencadeia reações alérgicas e inflamatórias no intestino. As consequências, nesse caso, podem envolver, entre outras: a) constipação; b) agravamento dos sintomas de síndrome de intestino irritado; c) doença de Crohn e d) câncer.

O consumo contínuo do leite aumenta os níveis estrogênicos. Nos homens, essa elevação está relacionada, conforme vários estudos, com o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e câncer de próstata. Nas mulheres, o aumento referido está relacionado com o incremento de câncer de mama e câncer de ovário.

Existem dezenas de estudos indicando a ausência de relação entre o consumo de leite, os níveis de cálcio e a saúde óssea. Assim, parece ser um mito, bem arraigado, que o consumo de leite é um importante fator de combate a osteoporose. Em boa medida a primeira afirmação está relacionada com a composição do leite de vaca. Grande parte dos nutrientes presentes no leite não são absorvidos pelo organismo humano.

Sônia Felipe, pós-doutora em Bioética e autora do livro “Galactolatria: mau deleite”, afirma: “A maior parte dos seres humanos não tem mais a  produção da enzima que permite digerir o açúcar do leite, que é a lactose. Em função disso, as pessoas sofrem uma série de disfunções digestivas e outros males que hoje os estudiosos apontam como de origem galactogênica”. “A estudiosa orienta as mães a oferecer outros tipos de leite de origem vegetal às crianças. 'Você pode fazer leite de arroz para o seu filho'. Além disso, ela orienta, a não ser em casos de alergias, oferecer leite feito de nozes, semente de girassol, semente de abóbora, amêndoa, castanha do pará e até de amendoim”. Ouça uma entrevista de 25 minutos com Sônia Felipe no seguinte endereço eletrônico: 

O doutor Alberto Peribanez Gonzalez, no livro “Cirurgia Verde”, observa: “Enquanto a indústria de laticínios de origem animal e de soja demanda cada vez mais monocultura, agrotóxicos, estabulação, antibióticos e ração de soja, com o consequente desmatamento de biomas, a elaboração urbana e regional de laticínios vegetais de castanhas e nozes irá clamar por mais árvores, mais plantios, mais agroflorestas”.

Veja as considerações dos doutores Lair Ribeiro, Roberto Kater e Ricardo Vargas acerca do leite e dos produtos lácteos: 

Veja como fazer o leite vegetal: