Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

terça-feira, 16 de outubro de 2018

Se for presidente, Bolsonaro tem tudo para fazer um governo desalinhado, tumultuado, desencontrado, como sua estranha vida familiar

Terça, 16 de outubro de 2018
Por 
Helio Fernandes
A comparação é obrigatória e nada surpreendente. Nos dois casos, a vida particular e o exercício da vida pública, ele é o personagem principal. E pela personalidade violenta, sem controle e totalmente inusitada, está sempre em contradição.

Está no terceiro casamento. Não mantém relacionamento com as duas primeiras mulheres, apesar de ter tido 4 filhos com elas. Com eles, confessou, o comportamento é fácil e maravilhoso. "Podemos até falar palavrões", que deve ser o máximo da intimidade, para um homem com a sua educação e formação.

Aí, tomou uma providência, que eu não conhecia ninguém que tivesse feito: VASECTOMIA. E para completar e complementar a contradição em que vive, revelou: "Fui ao HCE, (Hospital Central do Exercito), excelente, já estive preso lá, não estava doente, só queriam me tirar da circulação outra cirurgia”, anulou a VASECTOMIA.

Motivo: se apaixonou por uma moça que já tinha uma filha, casou com ela, queria ter uma filha com ela. Teve.  Como tudo o que está aqui, foi revelado por ele, contou: "Isso mudou minha vida, tenho uma filha e uma enteada". Imaginem o que um homem que faz tudo isso apenas em casa mudando espantosamente a própria família, pode fazer, modificando milhões de famílias, se for presidente.

ELIO GASPARI DESTROÇOU OS NAZISTAS ARROGANTES E IGNORANTES
 
Uma jovem no RGS teve as costas retalhadas à faca, por estar com uma camisa com a inscrição, "ELE, não". Como a selvageria teve muita repercussão, os nazistas vieram a público tentar se defender, explicando, "a suástica está invertida, nós não cometeríamos um erro como esse". O famoso jornalista pegou o assunto, deu uma aula primorosa, que deveria ser lida por todos os  democratas. Para saber do que são capazes esses nazistas bolsonaristas.
 
Gaspari foi minucioso e irrefutável. Em 54 linhas, desmontou todos os personagens do fato (citados com nome e sobrenome), começando pelo delegado Paulo Cesar Jardim, que se dizendo especialista na área, garantiu que "a suástica é símbolo de amor, paz e harmonia". Depois dessa frase, Gaspari colocou TUDO ERRADO e começou a aula magna de esclarecimento.
 
Provou de forma irrefutável, que tudo foi planejado e premeditado, para excluí-los de culpa, "nós não cometeríamos um erro como esse". Empresários que defendem a democracia, (existe) deveriam mandar imprimir e distribuir milhões de exemplares, (sairia barato) do artigo do Gaspari. Assim se combate o nazismo. Sem usar as armas que eles tanto adoram e idolatram.
 
PS- Nazistas de escola fizeram várias reuniões para responder à aula do jornalista.
 
PS2- Sabem que isso é indispensável. Falta competência. E coragem.

 
ESPERAVAM E APREGOAVAM A REELEIÇÃO DE 80 POR CENTO DOS DEPUTADOS E SENADORES
 
Aconteceu rigorosamente o contrario, mas não ficamos nem perto da tão proclamada renovação. Na Câmara foram eleitos 243 deputados diferentes. Nem uso a palavra NOVOS, prefiro colocá-los como DESCONHECIDOS, é isso que são até o momento. Quem for eleito presidente no dia 28, terá novembro e dezembro, para tentar estabelecer contato, relacionamento e até dialogo com eles.
 
Aí poderão descobrir o que representam, pois são estreantes na política, fato inédito na história partidária e eleitoral do país. Tomarão posse no dia 31 de janeiro, no dia seguinte se reunirão, com a primeira obrigação: eleger o presidente da Câmara. Pelo Regimento Interno, o mais velho abre a sessão e preside a escolha do presidente para os próximos 2 anos.
 
Se o mais velho pretender disputar a presidência efetiva, pode recusar a presidência ocasional. É até possível e plausível, que entre esses 243, apareça alguém, que queira começar a carreira desconhecida, com um salto premeditado, e que o projete nas manchetes. O primeiro mandato e logo assumindo um cargo tão importante. Não tão destacado quanto foi até agora. Por falta do vice-presidente da Republica, o presidente da Câmara assumia e mudava para o Planalto.
 
Agora existem um presidente e um vice (a confirmar no dia 28), ciosos e ansiosos por governar. Mas só um será eleito, o outro será substituto. Mas com idéias próprias e explicitas sobre as funções. Aí mora o perigo, antes da confirmação, já trocam "caneladas".
 
O mais importante a partir da posse: esses 243 deputados tomaram o lugar de outros 243 que se julgavam intocáveis. Quais foram os preteridos e atingidos? Nos últimos 4 anos, o domínio da Câmara se dividiu assim.
 
Bancada da Bíblia.
 
Bancada da Bola.
 
Bancada da Bala.
 
PS- Logo haverá uma definição.
 
PS2- Amanhã farei análise sobre o senado, que sofreu a mesma rejeição.

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Elio Gaspari: O delegado viu paz e amor na suástica

Quem marcou a barriga da jovem inverteu a perna do S, mas sabia muito bem o que estava fazendo
Uma jovem de 19 anos contou na terça-feira à polícia de Porto Alegre que na noite anterior vestia uma camiseta com o slogan “Ele Não”, desceu de um ônibus e foi agredida por três pessoas. Contou ainda que, imobilizada, fizeram-lhe seis talhos na barriga, marcando-a com uma suástica.
Ainda não se conhecem as circunstâncias do episódio, e na quinta-feira a jovem, que não teve o nome revelado, desistiu da denúncia. A investigação prossegue. Um dia antes da desistência, o delegado Paulo César Jardim, tendo visto uma fotografia dos ferimentos, deu uma entrevista aos repórteres Kelly Matos e Pedro Quintana com suas observações preliminares.
Ele repetiu seis vezes que ali não havia uma suástica. Informando que é um “especialista nesta área”, revelou que a cruz gamada do nazismo não tem aquele formato, pois a perna do “S” estava invertida. Segundo Jardim, “o que temos é um símbolo milenar religioso budista, símbolo de amor, paz e harmonia”. (A fotografia está na rede, bem como os 16 minutos do áudio da entrevista.)
Quando lhe perguntaram se havia sentido em uma pessoa marcar a canivete um “símbolo de amor, paz e harmonia”, ele respondeu o seguinte: “Quem fez, foi, sei lá (…) Papai Noel, enfim, o que a gente tem é isto”. Categórico, acrescentou: “Não é uma suástica, isso eu afirmo com absoluta convicção”.
O delegado foi didático: “O movimento neonazista, quando ele iniciou, a partir de 1930, ele precisava ser representado por símbolo, um lado esotérico, (…) O que é que aquelas pessoas que circundavam Hitler decidiram? Decidiram que buscariam um símbolo que trouxesse confusão e trouxesse harmonia para o povo alemão. Então o que é que eles pegaram? Pegaram o símbolo budista de paz, amor e fraternidade e inverteram ele”.
Tudo errado. O nazismo (nada a ver com “neo”) bem como a suástica surgiram em 1920, e ela não chegou à Alemanha pelo caminho da cultura indiana. Até sua apropriação pelo Partido Nacional Socialista, tinha vários significados, inclusive o de trazer sorte. Para Hitler, tratava-se de um símbolo do arianismo e da pureza racial.
Sejam quais forem as circunstâncias do episódio, quando aparece uma pessoa com uma suástica na barriga e um delegado como o doutor Jardim diz o que ele disse, algo de muito ruim está acontecendo.
Paris, 8 de junho de 1942
Hélène Berr tinha um diário. Tinha 21 anos, era judia e rica. Passava os dias na Sorbonne estudando literatura inglesa, tocava violino e estava apaixonada, de bem com a vida. Ela escreveu:

“Hoje é o primeiro dia em que me sinto num feriado. O tempo está glorioso e a chuva de ontem trouxe ar fresco. Os pássaros estão cantando. É também o primeiro dia em que vou usar a estrela amarela. Esses são os dois lados da vida de hoje: juventude, beleza e ar puro, tudo numa só linda manhã: a barbaridade e o mal, representados nesta estrela amarela.”
Enquanto Anne Frank escreveu seu diário no sótão de Amsterdã onde vivia escondida com a família, Hélène vivia o ocaso da paz dos judeus franceses. Deportada para a Alemanha, três meses antes da libertação de Paris, ela morreu em 1945 no campo de concentração de Bergen-Belsen, pouco antes da chegada das tropas inglesas.
Quem marcou a barriga da jovem gaúcha inverteu o traço da suástica, mas sabia o que estava fazendo.