Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sábado, 6 de julho de 2019

Sadi repete Getúlio, morte de herói nacional!

Sábado, 6 de julho de 2019

Por

CESAR FONSECA

Sadi Gitz

Vitória da morte!

Grito de liberdade diante da tragédia brasileira!

Assim como Getúlio deu um tiro no peito para defender a Petrobrás, Sadi Gitz deu um tiro na cabeça para protestar contra a privatização da estatal petrolífera brasileira.

Seu recado brutal se deu diante do ministro das Minas e Energias e do governador de Sergipe, em evento destinado a discutir a privatização da Petrobrás e as consequências para as cadeias produtivas dos subprodutos do petróleo, como o gás, amplamente consumido pela população.

Trata-se do sacrifício humano, político e econômico de verdadeiro herói nacional, que morreu em defesa da empresa brasileira, no ramo de cerâmica, consumidora de gás, fabricado pela estatal.

Como a cerâmica do empresário sergipano, milhares de outras utilizam o gás no lugar da lenha e do carvão, como forma de reduzir o desmatamento nacional.

Enquanto a Petrobrás bancou preço competitivo do gás para as distribuidoras nacionais, as tarifas, na ponta dos consumidores, representavam custos competitivos, também.
Porém, a partir do momento em que os preços internacionais do gás passou a ser parâmetro para o preço interno, como são os dos combustíveis e do diesel, tornou-se impossível a sobrevivência do negócio de Sadi Gitz.
Tudo, evidentemente, piorou no cenário do golpe neoliberal de 2016, que aprofundou recessão, gerando desemprego de 13 milhões de trabalhadores, 30 milhões de desocupados/desalentados, 60 milhões de inadimplentes e PIB negativo.

Os custos subiram e o mercado caiu, com a desaceleração dos grandes clientes de Sadi Gitz, no mercado de construção civil, principalmente, do Programa Minhas Casa Minha Vida, financiado por gastos públicos sociais.

As dívidas, financeiras e tributárias, engoliram o negócio, alvejado de morte pelo aumento brutal do preço internacionalizado do gás praticado pela Petrobrás sob orientação empresarial ultraneoliberal.

Monopólio estatal virou monopólio privado que dita preço internacional para vigorar no mercado nacional.

O consumidor ganha em real, mas é obrigado a pagar em dólar, segundo cotação da estatal dirigida por orientação privada, desnacionalizante.

O herói viu seu negócio ruir, com a decisão antinacionalista de vender a Petrobrás, desmembrando sua característica de monopólio estatal poderoso que se transformou no histórico agente principal do desenvolvimento.

Desarticular a estatal, privatizando-a sem licitação, conforme autorização antinacionalista do STF, tutelado pelos militares bolsonaristas, é desarticular o desenvolvimento nacional.

Estratégia imperialista

O governo Bolsonaro, obediente a Washington,  como destaca o consultor legislativo nacionalista e engenheiro da Petrobrás por vinte anos, Paulo César Lima, em depoimento no Senado, está entregando de bandeja toda a superestrutura econômica de extração, produção, distribuição e circulação dessa riqueza a serviço do nacionalismo econômico brasileiro, desde Vargas.

Na área do gás, a estrutura de gasoduto, espalhada em território nacional, devidamente amortizada, gerando custo competitivo para o consumidor, será doada a investidores internacionais que, sem precisar enfrentar licitações públicas, praticarão preços internacionais, sempre especulativos.

Leilão a céu aberto, mercado persa.

A privatização da distribuição do gás levará os consumidores de gás à bancarrota, como aconteceu com Sadi, no ambiente de redução da demanda interna com aumento de preço oligopolizado.

A Petrobrás privatizada é a incerteza geral para os empresários consumidores dos subprodutos do petróleo que formam rede econômica público-privada que se estende Brasil afora.

Com o esquartejamento da estatal, desde a extração à distribuição, passando pela produção e estruturas já construídas e amortizadas, só vai se dar bem quem comprar o patrimônio pronto a preço de ocasião.

Tarefa para os oligopólios internacionais.

As cadeias produtivas internas, das quais Sadi participava, estão sendo, completamente, desarticuladas pelo novo poder privatizado oligopolizado, cujo interesse são lucros crescentes.

Encerra-se conceito de Petrobrás, esquartejada, como agente do desenvolvimento econômico nacional.

Sadi, genial, anteviu o aprofundamento da dependência nacional ao capital externo a partir da privatização da Petrobrás e preferiu dar um tiro na cabeça em protesto a essa perspectiva antinacional de empobrecimento colonial.


Foi para a história com coragem e grandeza.