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(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Mundo pode perder barreiras de corais até o fim do século, aponta relatório da ONU

Quinta, 31 de dezembro de 2020

Da ONU Brasil

Mundo pode perder barreiras de corais até o fim do século, aponta relatório da ONU

  • Todos os recifes do corais do mundo podem sofrer branqueamento até o fim do século, a menos que haja uma drástica redução na emissão de gases de efeito estufa.
  • alerta é do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
  • Os recifes de corais são extremamente importantes para sustentar uma grande variedade de vida marinha.
  • Eles também protegem as regiões costeiras de erosões provocadas por ondas e tempestades, reduzem carbono e nitrogênio e ajudam a reciclar nutrientes.
Grande Barreira de Corais: à esquerda, branqueado. À direita, antes do branqueamento.
Grande Barreira de Corais: à esquerda, branqueado. À direita, antes do branqueamento.

Todos os recifes do corais do mundo podem sofrer branqueamento até o fim do século, a menos que haja uma drástica redução na emissão de gases de efeito estufa. O alerta é do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

“Se não houver ação, os recifes de coral irão desaparecer logo”, afirmou Letícia Carvalho, chefe da seção de marinha e água doce do PNUMA. “A humanidade precisa urgentemente agir com base em evidências, com ambição e com inovação para mudar a trajetória do ecossistema antes que seja tarde demais”, alertou.

Os recifes de corais são extremamente importantes para sustentar uma grande variedade de vida marinha. Eles também protegem as regiões costeiras de erosões provocadas por ondas e tempestades, reduzem carbono e nitrogênio e ajudam a reciclar nutrientes.

 A perda de corais teria consequências devastadoras não apenas para a vida marinha mas também para bilhões de pessoas em todo o mundo que se beneficiam direta ou indiretamente deles.

Quando a temperatura da água aumenta, os corais expelem microscópicas algas que vivem em seus tecidos. Este fenômeno é chamado branqueamento de coral. Embora branqueados, os corais ainda estão vivos e conseguem recapturar as algas se as condições melhorarem. Mas se o branqueamento persiste, os corais podem morrer.

O ultimo evento de branqueamento global começou em 2014 e se estendeu até 2017. Ele se espalhou pelos oceanos Pacífico, Índico e Atlântico e foi o mais longo e destrutivo incidente do tipo já registrado.

Tartaruga nada em recife de coral nas Maldivas
Tartaruga nada em recife de coral nas Maldivas

No relatório Projeções para Condições Futuras de Branqueamento de Coral, o PNUMA elenca as ligações entre branqueamento de coral e mudança climática. Ele coloca dois cenários possíveis.

O primeiro considera uma economia mundial fortemente dirigida por combustíveis fósseis. Neste caso, o relatório estima que todos os corais seriam branqueados até o fim do século, com ocorrência severa em 2034, nove anos antes das previsões publicadas anteriormente. Isto marcaria um ponto sem retorno para os recifes, comprometendo sua habilidade de fornecer uma variedade de serviços de ecossistema, incluindo alimento, proteção costeira, remédios e oportunidades recreativas.

Já o segundo cenário imagina um meio termo, no qual os países excederiam suas promessas de limitar emissões de carbono pela metade. O relatório afirma que, neste caso, o branqueamento severo poderia ser adiado em 11 anos, para 2045.

O principal autor do estudo, Ruben van Hooidonk, um pesquisador de corais na Administração Nacional Oceânica e Atmosférica da América (NOAA, na sigla em inglês), disse que “a parte triste é que as projeções são mais terríveis do que antes”.

“Isto significa que precisamos realmente reduzir as emissões de carbono para salvar esses recifes. O relatório mostra que o que precisamos fazer é mais urgente e mais ação é necessária porque se não será pior do que pensávamos”, afirmou.