Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 29 de setembro de 2022

E o transporte engarrafou a eleição

Quinta, 29 de setembro de 2022

Do Blog Brasília, por Chico Sant'Anna

O que tem se visto nessa campanha, pela maioria dos candidatos, é a prática do chutômetro. Nenhum deles se apresenta com um estudo musculoso, com soluções permanentes. Pelo andar do trânsito, o brasiliense verá no próximo governo apenas mais viadutos em suas cidades e suas bucólicas Estradas Parques virarão autoestradas, como a EPTG e a do Aeroporto, com seis faixas de rolamento. A interbairros, que passará na porta de entrada dos apartamentos do Park Sul, é outra ameaça. Tecnologias limpas, transporte elétrico…, esquece, nem foram tratadas pelos candidatos. A máxima que o brasiliense é dotado de cabeça, tronco e rodas tende a durar mais um mandato.

Por Chico Sant’Anna

Nas eleições de 2018, quando sucedeu José Roberto Arruda, após impugnação pela Lei da Ficha Suja, Joffran Frejat (PL) lançou a proposta de ônibus a R$ 1,00. Quase conseguiu vencer Rodrigo Rollemberg (PSB). Agora, quem se vale de um estratagema parecido é Paulo Octávio (PSD). Ele capturou a bandeira de organizações de esquerda e promete implantar a Tarifa Zero. Seria a primeira capital no Brasil a fazê-lo, disse ele no debate da TV Globo. O custo? R$ 2,5 bilhões ao ano. Um pouco mais do que o dobro do que o GDF já paga as empresas de ônibus.

Com ou sem Tarifa Zero, o tema mobilidade urbana atravessou à eleição e tende a engarrafar mais uma vez o Distrito Federal. Há décadas, não vemos uma solução eficaz para o transporte de passageiros em Brasília. Como disse Leila do Vôlei (PDT), no mesmo debate, antes de se falar em tarifa zero, tem que focar a melhoria e a ampliação do transporte. Na proposta dela, tudo passa pela implantação do VLT do Aeroporto a Asa Norte, indo pela W.3 e retornando pela L.2; do monotrilho para Sobradinho e Planaltina e da ampliação do metrô, com a esperada conclusão da linha básica até o Setor O, da Ceilândia, Expansão de Samambaia e Asa Norte. Propostas interessantes, mas que além de dinheiro, dependem de vontade política e disposição de enfrentar os cartéis dos ônibus a das concessionárias de automóvel.