Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Normalidade no Distrito Federal

Quarta, 5 de maio de 2010
O Distrito Federal entrou na normalidade com a posse do governador-tampão no dia 19 de abril. O eleito em 17 de abril recebeu 13 votos nas eleições indiretas, a maioria dos quais de distritais sob forte suspeição no processo da Caixa de Pandora. Mas isso é detalhe que não diz nada, que não representa maiores preocupações. O que importa é o fato de que nos encontramos numa normalidade administrativa e política em Brasília.
As acusações entre deputados e Durval Barbosa e, também, entre os próprios distritais, em nada comprometem as sagradas funções de legislar e fiscalizar que são obrigações constitucionais dos 24 parlamentares de Brasília.
Eles brigam, mas legislam. É verdade que as leis que ele aprovam são, quase todas, inconstitucionais. Mas isso é apenas um detalhe, coisa para ser resolvida com a lentidão tradicional da Justiça brasileira. Quando declaradas inconstitucionais as leis, os distritais já não mais se encontrarão na CLDF ou na vida política de Brasília.
Quando não inconstitucionais, são apenas autorizativas, o que nada ou quase nada de bom representam para Brasília. São leis que “autorizam” o Executivo, por exemplo, a colocar um ponto de ônibus numa rua, o nome de alguém num prédio público. O Executivo faz se quiser. Normalmente não faz.
Mas a função fiscalização tem sido exercida em toda a sua plenitude. Cada deputado, consciente de seu dever constitucional, exerce a fiscalização dos atos do Executivo. Nada passa sem o olhar atendo desses 24 heróis da CLDF. Nenhuma irregularidade pode ser cometida pelo Executivo, seja por má fé ou equívoco, que não seja prontamente denunciada e corrigida pelos distritais. É a plena democracia. Aquela que todos nós esperávamos.
O bom, o ótimo, é que o Distrito Federal encontra-se em plena normalidade. As instituições, o governo, funcionam às mil maravilhas.
Não há mais razão para se temer, muito menos por se clamar por uma intervenção federal em Brasília, pois o governo demonstrou, inclusive na TV, que a saúde não tem mais problemas, não faltam médicos, sequer os anestesistas. Já não faltam equipamentos nas unidades de atendimento, nem remédios nos postos e hospitais da rede pública. Nunca mais marcações de consultas foram adiadas. Material para exames deixou de ser problema. As etiquetas para identificação das amostras e dos exames já foram providenciadas. Estão à disposição dos laboratórios.
As filas de espera, como por um encanto, desapareceram nos hospitais e postos de saúde.
Doentes crônicos ou aqueles que necessitam de remédios de alto custo já não precisam passar a noite na fila e no frio para pegarem os medicamentos (ou acharem que, com muita sorte, poderiam pegar). O suprimento na Farmácia de Alto Custo da Secretaria de Saúde está garantido.
Posto de saúde 24 horas, que sequer funcionava bem por 1 minuto, agora disputa com aquele banco. Já, já, vira posto 30 horas.
A segurança pública voltou a ser eficiente, com policiais nas ruas, bem treinados e bem comandados. O trânsito está organizado. Acabaram-se os engarrafamentos. Os postinhos policiais, agora sim, podem ser apontados como vanguardas de política de segurança.
Na última segunda-feira (3/5) assaltaram e mataram um cidadão há 30 metros de um desses kinder ovos (os postinhos). E foi em pleno horário comercial. Mas isso tem que ser visto como sabotagem de ladrões e assassinos que possivelmente desejam a intervenção federal em Brasília. Ladrões que não amam a capital.
Em Brasília a educação nunca esteve tão bem como agora. As escolas, os alunos, os professores, os auxiliares de educação, navegam num mar de rosas. Materiais, vagas, salários e segurança nas escolas. Instalações perfeitas. Nada de tráfego de drogas nas portas das unidades de ensino. Gente que afundava a educação no DF foi substituída, houve renovação total.
O trabalhador, depois da saída do governador cassado, passou a contar com um sistema de transporte público de primeiro mundo. Muitos trens no metrô, conforto nos vagões, pontualidade, sobram vagas nos estacionamento para automóveis nas estações. Atrasos e quebradeiras desapareceram no metrô.
Os ônibus deixaram de quebrar, de atrasar, estão limpos, confortáveis, baratos. Coisa que orgulha o brasiliense. Tornou-se um prazer ir trabalhar de ônibus.
Contratos de serviços com o Estado agora só com o atendimento de todas as exigências da lei 8666/1993, as das licitações. Nenhuma prorrogação de serviços para empresas com alguma relação com grupo econômico de deputados e outros amigos do rei, mesmo que seja do rei morto.
Nenhum servidor que ocupou posição de mando no governo cujo titular foi cassado e preso ocupa cargo no atual. Renovação total, limpeza total, higienização total, assepsia ampla e profunda.
A CLDF (Câmara Legislativa do Distrito Federal) operando a todo o vapor em benefício da comunidade de Brasília, legislando e fiscalizando os atos do Executivo como nunca antes ocorrera. Deixou o papel de subsecretaria (ou de subseção) do governo, papel que vinha de modo submisso desempenhando.
CPIs e comissões de apuração de irregularidades agora funcionam num ritmo acelerado. Funcionam a todo vapor (e que vapor). Os trabalhos das comissões têm o comparecimento dos deputados, não faltando um sequer.
Os distritais acusados de envolvimento nos escândalos revelados pela Operação Caixa de Pandora encontram-se afastados, cassados, sem exceção. Uns renunciaram, outros foram afastados pelos seus pares. Todos que ali permanecem (na CLDF) são puros e acima de qualquer suspeita, mesmo daquelas suspeitas levantadas por um louco que jogou no ventilador “aquilo” que jogaram na Geni.
Já não há novas acusações pelo produtor cinematográfico Durval Barbosa que possa atingir o Executivo e o Legislativo do Distrito Federal. O que tinha que sair, já saiu. Agora ele está apenas querendo aparecer, se exibir, se mostrar (como diz o nordestino) apesar de estar sob proteção policial. As acusações feitas por ele na semana passada são inverdades. Isso pode ser comprovado pelas declarações dos acusados. Perguntem aos deputados acusados, eles tornarão a desmentir Durval. Todos nós vimos os distritais acusados “provarem” que Durval mente, que é um mentiroso.
Não há necessidade de intervenção federal. Brasília está gozando da mais pura normalidade nos seus 50 anos de vida. Uma cinquentona tranqüila.

ACOOOORDAA, Brasília!
Saia do seu sono!
Levanta!
Enfrenta a realidade!
Grita por Intervenção Já!