Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

PPS consolida Lídice

-->
Terça, 10 de dezembro de 2013
Por Ivan de Carvalho
       A candidatura da senadora Lídice da Mata, presidente estadual do PSB, à sucessão do governador Jaques Wagner, ganhou consolidação adicional à qual, até o momento, não foi dada a visibilidade merecida. Aconteceu na noite de sábado, quando o PPS realizou seu congresso nacional e aprovou, por ampla maioria, um “indicativo” autorizando a direção do partido a negociar com o comando nacional do PSB uma aliança para as eleições presidenciais de 2014.
      Isso é grande parte – talvez a maior parte – do caminho a ser trilhado para que o PPS se integre a uma coligação que venha a ser formada sob a liderança do PSB para a disputa das eleições presidenciais. A tendência de o PPS integrar-se à campanha do candidato do PSB a presidente é relevante ao quadro baiano.
      Ressalve-se que, no congresso do PPS, ficou explícito que uma aliança para as eleições presidenciais com o PSB nada terá a ver com as situações estaduais. Não há verticalização pretendida e cada seção estadual do PPS terá inteira liberdade para tomar a decisão que quiser em relação às eleições presidenciais – lançar candidato próprio ou apoiar, inclusive em coligação, candidatura de outro partido ao governo estadual.
      Aparentemente, haverá dificuldade – sugere a lógica – caso o PPS, em algum estado, se encaminhe para uma aliança, digamos, com o PT, porque o PPS é um partido oficialmente na oposição há muitos anos e uma aliança com o PT em algum estado certamente irá gerar uma dissonância que prejudicará o sentido de coerência da posição nacional do partido. Então, aliança com o PT é, para o PPS, uma espécie de Mula Sem Cabeça, já que no PPS (e não só no PPS) o PT é considerado, sem ironia nenhuma, o Bicho-Papão. Que exerce com afinco sua natureza.
      Mas, voltando ao caso baiano, ficou claro no congresso do PPS, pelo que disseram depois graduados participantes da legenda, que a chance de uma aliança entre o PPS e o PSB da Bahia para as eleições de governador é zero. Ainda assim, fica mantida a afirmativa feita nas primeiras dessas linhas de que o “indicativo” de negociação de uma coligação do PPS com o PSB para as eleições presidenciais ajuda a consolidar a candidatura de Lídice da Mata, ainda que o PPS, aqui, tenda fortemente a aliar-se ao aglomerado partidário da oposição dita “tradicional” – Democratas, PMDB, PSDB, PTN e coadjuvantes que possam surgir.
      É que a adesão do PPS a uma coligação, que parece provável, mas não garantida, com o PSB, representa mais fôlego a este partido para manter e inflar sua candidatura presidencial. E um fator que favorece isto é que o “indicativo” do congresso do PPS veio cedo, então já começa a ter certa influência sobre as avaliações dos políticos, principalmente, e em algumas áreas restritas, mas não invisíveis, em que o PPS conseguiu preservar a influência ampla que tivera seu antecessor, o PCB, também conhecido como “partidão”.
      Bem, na medida em que o PSB ganhe fôlego para alimentar sua candidatura presidencial, seja ela com o governador Eduardo Campos, presidente nacional do partido, seja com a ex-ministra Marina Silva, filiada ao PSB e liderança maior do partido “clandestino” Rede Sustentabilidade, consolida-se na Bahia a candidatura da senadora Lídice da Mata ao governo (bem como de Eliana Calmon ao Senado).
      Vale assinalar que em entrevista a um jornal baiano, o candidato governista a governador, deputado e secretário Rui Costa, revela sua esperança – cheia de incerteza, mas, de qualquer modo, esperança – de que ocorra alguma mudança relacionada com a candidatura da senadora Lídice ao mesmo cargo. Se o PSB não conseguir sustentar sua candidatura presidencial, então Lídice poderia, quem sabe, voltar ao aprisco governista.
      É esta impossibilidade do PSB sustentar sua candidatura presidencial que o “indicativo” do congresso do PPS torna menor do que já é. Mais apoio, menos risco de desistir. E outra coisa: o PSB tem uma arma não muito secreta. Se Campos der certo, ele é o candidato. Se não, Marina assume a candidatura.
- - - - - - - - - - - - - - -
Este artigo foi publicado originariamente na Tribuna da Bahia desta terça.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.