Segunda, 30 de dezembro de 2013
Do Blogo Ricardo Guerra (Estadão)
O Dr. Steven Nissen é chefe do Departamento de Medicina Cardiovascular da Cleveland Clinic
em Ohio, nos Estados Unidos. O cardiologista já contribuiu para mais de
350 artigos em publicações científicas e em cerca de 60 capítulos em
diversos livros. Há alguns anos, a revista Time o classificou
como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo. Ele é uma autoridade
reconhecida mundialmente na área da cardiologia e da medicina em geral e
teve papel fundamental alertando a comunidade científica para os riscos
e os efeitos colaterais de certos medicamentos como, por exemplo, o
Vioxx e a Avandia. A seguir, o Dr. Nissen fala sobre os abusos que
ocorrem dentro da cardiologia, oferece dicas de como o paciente pode se
proteger e aponta qual é o papel do governo num sistema de saúde.
Pergunta
Blog: Você acredita que a saúde é um direito universal? O governo
deveria ser obrigado por lei a oferecer um serviço de saúde para toda a
sua população?
Steven Nissen:
Claro que sim. Eu pessoalmente acredito e defendo essa ideia de modo
voraz. Se acreditarmos que a função do governo é a de ajudar as pessoas,
então não há nada mais importante do que manter a população saudável.
Logo, acredito que é uma questão de direitos humanos o cidadão ter
acesso a um sistema de saúde decente.
Pergunta Blog: A Cleveland Clinic
é um exemplo mundialmente reconhecido de um hospital bem sucedido e de
um modelo eficiente na prestação de atendimento dentro da área da saúde e
da medicina. Quais as razões que levaram esse modelo a ser tão
bem-sucedido?
Steven Nissen:
Eu acho que uma das razões está relacionada com o que estávamos
falando. Nos Estados Unidos, o atendimento médico é executado na maioria
das vezes com um sistema de preços que está vinculado ao número de
procedimentos ou tratamentos que são prestados, o que significa que os
médicos cobram pelos tratamentos específicos fornecidos aos pacientes.
Portanto, o salário dos médicos depende da quantidade de serviços ou de
tratamentos que eles prestam, o que, na verdade, leva a procedimentos
que podem ser considerados desnecessários. Por outro lado, na Cleveland Clinic,
todos os médicos recebem uma remuneração tabelada. Recebemos o mesmo
salário independente do fato de submetermos um paciente a uma quantidade
maior ou menor de procedimentos. O volume de tratamentos ou técnicas ao
qual um paciente é submetido não altera os ordenados dos médicos, o que
induz o profissional da área médica a tomar decisões que são do
interesse dos pacientes e não necessariamente que deem maior lucro para o
médico. Eu acho que essa filosofia de remuneração é mais justa e com
resultados melhores aos pacientes.
Pergunta Blog: Hoje em dia, existe algum abuso envolvendo procedimentos e tratamentos médicos no campo da cardiologia?
Leia a entrevista em:
http://blogs.estadao.com.br/ricardo-guerra/cleveland/