Terça, 24 de dezembro de 2013
Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Pesquisadores da Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo (Poli-USP) desenvolveram um novo material com as mesmas
qualidades e o mesmo desempenho do amianto para a fabricação de telhas. O
composto reúne quantidade reduzida de fibras sintéticas – que têm preço
elevado no mercado – e foi baseado na estrutura de materiais naturais
como o bambu.
“Faz tempo que a indústria brasileira procura uma telha para
substituir a de amianto. Fibras vegetais foram testadas, mas elas não
têm durabilidade muito boa. As fibras sintéticas foram empregadas, mas
com desempenho inferior às de amianto. Desenvolvemos algo que reduz o
emprego de fibras sintéticas sem alterar o desempenho da telha”, disse o
pesquisador Cleber Marcos Ribeiro Dias, autor do estudo sobre o emprego
das fibras.
No Brasil, o amianto é usado principalmente na fabricação de caixas
d'água e telhas. Pesquisadores lembram que o produto é nocivo à saúde.
No entanto, representantes de empresas defendem que é possível produzir o
material de forma segura, garantindo a movimentação da economia e o
emprego de milhares de trabalhadores. O amianto é considerado
cancerígeno pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na mesma classe que o
benzeno, formol e tabaco. Mais de 50 países já proibiram a substância.
Pelo
menos cinco estados proíbem a extração, comercialização e o uso do
amianto: São Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Rio de Janeiro e Mato
Grosso. A pedido das empresas produtoras, o Supremo Tribunal Federal
analisa se a proibição nesses estados é constitucional.
“Nós fizemos testes do novo composto em escala industrial e já
pedimos uma patente com participação de duas empresas, uma de Leme (SP) e
outra de Criciúma, que nos ajudaram na pesquisa. Os testes mostraram
viabilidade na produção industrial”, disse o pesquisador.
O trabalho, feito com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de São Paulo (Fapesp), foi desenvolvida no projeto
Cimento-Celulose, elaborado pelos professores Holmer Savastano e
Vanderley John, da Poli-USP.
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