Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Política brasileira de exportação de armamento é leniente. Entrevista especial com Daniel Mack

Sexta, 27 de dezembro de 2013
Do Instituto Hamanitas Unisinos

“É possível ser irresponsável sem ser criminoso. Burkina Faso aparentemente cometeu o 'crime', mas o governo brasileiro, que autorizou a venda original, foi responsável?”, questiona o coordenador de Políticas da Área de Controle de Armas do Instituto Sou da Paz.
Foto: http://bit.ly/1cRfc9j
“A existência de linha de tráfico entre Burkina Faso e Costa do Marfim é notória. Se não era possível prever o desvio com certeza, era também impossível estar certo se a venda era segura e, na dúvida, deve prevalecer a cautela do governo frente ao ímpeto comercial da indústria de armas”, critica Daniel Mack ao comentar a venda de armamentos brasileiros a Burkina Faso, país africano que faz divisa com Mali, Gana e Costa do Marfim, onde as armas foram encontradas, violando o embargo imposto pelo Conselho de Segurança da ONU a este último.

Na avaliação de Daniel Mack, “todo o potencial de exportação de armas, sejam convencionais, sejam menos letais, deve ser regido por análise de risco criteriosa em termos da possibilidade de mau uso ou desvio”. Ele salienta que o Brasil assinou este ano, na ONU, o Tratado de Comércio de Armas (Arms Trade Treaty) “no qual esta análise de risco — considerando os riscos aos direitos humanos, ao direito humanitário internacional, a possibilidade de cair nas mãos de terroristas e do crime organizado, assim como de desvio — se tornará lei internacional para a venda de armas convencionais”.