Quinta, 26 de dezembro de 2013
Do Blog Bahia em PautaDEU NO PÚBLICO, DE LISBOA
A tradicional mensagem alternativa de Natal do Channel 4 aos britânicos, já circula pela Internet no mundo todo.
A mensagem tem os habituais desejos de boas festas mas logo passa
para uma referência a George Orwell. Edward Snowden, o ex-analista da
norte-americana NSA (Agência de Segurança Nacional) que revelou um
programa de vigilância em larga escala desta agência, foi o escolhido
para a “mensagem de Natal alternativa” que todos os anos o britânico
Channel 4 emite, em alternativa à mensagem tradicional da Rainha.
A privacidade é o tema principal da mensagem: “uma criança nascida
hoje vai crescer sem qualquer conceito de privacidade”, diz Snowden no
vídeo já em circulação no YouTube (irá para o ar na TV às 16h15). “Nunca
saberá o que quer dizer ter um momento privado para si própria, um
pensamento não gravado, não analisado.”
Snowden explica depois porque é que isso é um problema. “Porque a
privacidade é importante. A privacidade é o que nos permite definir quem
somos e quem queremos ser.”
Os meios de vigilância de hoje não têm nada a ver com os do livro de
Orwell. “Temos sensores nos nossos bolsos que nos acompanham por todo o
lado onde vamos. Pensem no que isso quer dizer para a privacidade da
pessoa comum.”
Por isso, “a discussão que há hoje irá determinar a confiança que
podemos ter na tecnologia à nossa volta e no Governo que a regula”, diz o
ex-analista, agora vivendo num local secreto em Moscovo.
“Juntos,
podemos encontrar um equilíbrio melhor, acabar com a vigilância em
massa, e lembrar ao Governo que se quer saber como nos sentimos,
perguntar é sempre melhor do que espiar”, conclui Snowden.
A mensagem alternativa de Natal do Channel 4 é feita desde 1993, e já
contou com nomes como Jesse Jackson, Brigitte Bardot, personagens de
Sasha Baron Cohen como Ali G a Marge Simpson, e políticos como então
Presidente iraniano Mahmoud Ahamadinejad.
Snowden faz a sua mensagem de Natal um dia depois de
uma entrevista ao Washington Post, a primeira que dá desde que em Junho
tinha falado com o Guardian em Hong Kong logo após a sua saída dos EUA
com um manancial de documentos sobre a vigilância norte-americana. Ao
Washington Post, Snowden disse que considera que a sua missão foi
cumprida já que conseguiu um debate público em torno dos limites dos
programas de espionagem em larga escala.