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(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Silenciado o canto das juritis. Aves nativas são mortas por agrotóxicos na Ponte Alta, no Gama (DF); O veneno que mata o pássaro também mata o homem

segunda, 19 de dezembro de 2016
Clique nas imagens para ver o que o agrotóxico e a omissão do Estado estão causando no Gama, DF, e na sua saúde. É o veneno em sua mesa.

A seguir relato e fotos de um cidadão do Gama preocupado com o meio ambiente e a saúde das pessoas

Várias espécies de aves nativas tem sido envenenadas na região da Ponte Alta de Baixo, nas lavouras localizadas nas margens da rodovia DF-180 que liga esta a DF-290 à Br-060 (entroncamento do Engenho das Lages) . Foi constatada a mortandade desses pássaros nas plantações de milho, causada por uso de um agrotóxico  conhecido como furadan conforme informações apuradas no local  pela Patrulha de Inteligência Ambiental.


Numa dessas lavouras  de milho um gavião  ao se alimentar de uma juriti também foi morto. A ave estava envenenada.


Esse agrotóxico, que é misturado  nas sementes na hora do plantio, envenena as aves que  tentam se alimentar. É colocado nas covas com objetivo exclusivo de eliminar  essas aves  que desenterram as sementes e se alimentam, até mesmo depois de germinadas. É um método criminoso —a aplicação de tal agrotóxico— que além de ameaçar a  extinção dessas aves, causa danos ao meio ambiente e à saúde  humana. Esse agrotóxico, de  acordo com pesquisas,  infiltra no solo contaminando-o, chegando até  às águas e permanece  na planta da raiz ao fruto e  ao ser consumido pode provocar câncer e  morte em animais ruminantes, e também ao homem.

Existem outros métodos de proteger o plantio dessas lavouras  dessas aves, um deles é fazer uso de rojões, alto-falantes com  ruídos estridentes, vigilância, espantalhos, e outros.

Alguns agricultores dessa região ao fazer o plantio, deixam espalhados  fora das covas  grãos dessas sementes  para essas aves se alimentarem, evitando que não desenterrem as que foram semeadas. Poucos agricultores da Ponte Alta  não utilizam esse agrotóxico, usando métodos não danosos ao meio ambiente e ao homem para preservar as  suas lavouras.

                    CRIME AMBIENTAL
A utilização desse agrotóxico nas lavouras é crime ambiental, conforme a Lei 9.605/98 no seu artigo 56. O Decreto 3.179/99 que regulamenta esta lei reza no seu artigo 43-São crimes, produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou em seus regulamentos:  Multa de R$ 500,00 ( Quinhentos reais) a R$ 2.000.000,00 ( dois milhões de reais) 

O emprego de produtos químicos no combate às ervas daninhas e pragas nas lavouras, pode causar sérios problemas ao solo, ao meio ambiente, contaminar os alimentos e acabar causando danos ao consumidor final dos alimentos, em geral, de natureza respiratória, neurológica, cancerígena, entre outras. Intoxicação, dor de cabeça, mal estar, fraqueza, sonolência e dor no estômago são alguns dos principais efeitos dos agrotóxicos sobre a saúde das pessoas que trabalham com esses produtos.
Uma equipe da Patrulha de Inteligência Ambiental, ONG que investiga crimes ambientais, esteve nessas lavouras e registrou  a morte dessas aves e até armadilhas para capturá-las (veja fotos). No lado oficial uma viatura do BPMA-DF do GTA ( Grupo Tático Ambiental) esteve numa dessas lavouras, ouviu trabalhadores mas não registrou fotos de aves mortas.
Tudo leva a crer que está havendo  descumprimento do artigo 225 da Constituição Federal e da Lei 9.605/98  por parte dos órgãos do Poder Público encarregados de proteger o meio ambiente, não fiscalizando a forma de plantio dessas lavouras no DF. Aonde  estão a EMATER-DF, IBRAM, DEMA, entre outros,
Uma cena que não se repete mais às tardes na avenida Contorno,  margeando à quadra 12, Conjuntos A e B,  do Setor Sul do Gama, é   revoada das juritis (pombas do bando)  vindo da região da Ponte Alta de  Baixo e indo para  o pouso na região de Santa  Maria.  Tem sido  assassinadas nessa região.
Além do agrotóxico, arapucas são colocadas para captura das aves.

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