Quinta, 24 de agosto de 2017
Feliz aniversário, Operação Dracon. Que cresça em saúde e força.
Blog do Sombra
Por Adote um Distrital
Há exatos 365 dias, a Polícia Civil e o Ministério Público amanheciam
nas portas da Câmara Legislativa do Distrito Federal e na residência de
deputados distritais. No café da manhã, a sociedade descobria que havia
sofrido um prejuízo que superava os trinta milhões de reais. Preciosas
vidas humanas foram sacrificadas em prol de um projeto de poder que
avançou sobre recursos destinados ao custeio de leitos de UTI. Nascia a
operação Drácon.
Daí em diante, descobriu-se uma teia intrincada de relacionamentos
espúrios entre políticos envolvidos no esquema de desvios de recursos
públicos da saúde, hospitais privados, empresários e órgãos públicos.
Também foi iniciada uma onda de perseguições sem precedentes a
Delegados, Promotores, Defensores, Testemunhas e servidores públicos que
de alguma forma contribuíram para a descoberta dos atos de corrupção
que sangram a nossa população. Os atos de perseguições, levados à efeito
por pessoas ligadas aos draconianos envolvidos no pior escândalo de
corrupção do legislativo local, foram fortíssimos e extremamente
covardes.
Descobriu-se que cabos eleitorais eram nomeados como pagamento de
dívidas de campanha. Muitas vezes, os cabos eleitorais eram analfabetos e
não serviam nem mesmo para redigir um ofício. Alguns trabalhavam,
outros não. Descobriu-se que órgãos públicos criavam cargos
desnecessários apenas para servir de trampolim político para as eleições
de 2018. Dezenas de pessoas, que deveriam estar atendendo as pessoas
mais carentes da sociedade, atendiam interesses eleitoreiros de
determinados parlamentares.
Aluguel de prédios e contratações de serviços eram ajustados no balcão
de negócios em que se tornou o mandato parlamentar de certas figuras.
Uma toma lá da cá sem precedentes mesmo na manchada Câmara Legislativa
do Distrito Federal, ainda carente de ressignificação.
Viu-se, ademais, um Tribunal de Contas leniente e incapaz de prevenir
fraudes e de punir os autores de fraudes, mesmo quando flagrados. Ecoa
na sociedade a premente necessidade de que a escolha de Conselheiros da
Corte de Contas seja alterada. Não só no Distrito Federal, mas em todo o
país.
A Câmara Legislativa, de onde nunca ninguém esperou nada, continuou
fazendo o que sempre fez. Colocando panos quentes e sendo corporativa
com os parlamentares envolvidos. Cada dia que passa a sociedade aumenta o
questionamento acerca da necessidade de termos uma casa legislativa.
DETRAN, CAESB, Defensoria Pública do Distrito Federal, sindicatos
ligados à saúde, Secretaria de Saúde, Secretaria de Planejamento,
Palácio do Buriti, Vice Governadoria, blogs integrantes da esgotosfera,
partidos políticos, representantes brasilienses no Senado Federal e na
Câmara dos Deputados também revelaram uma faceta de sujeiras que era
desconhecida de muitos.
O legado do primeiro ano da Operação Drácon foi o de lançar luzes nas
trevas que imperam nos bastidores da estrutura administrativa do
Legislativo, do Tribunal de Contas, do Executivo, de alguns órgãos
públicos e privados e de seus gestores.
Agora que estruturas podres foram descobertas e reveladas, que inúmeras
provas foram coletadas, espera-se dos órgãos de controle (MPDFT, MPC e
DECAP) a concretização de medidas de assepsia. É urgente que medidas
para retirar agentes corrompidos sejam efetivadas. Não basta que os
parlamentares tenham se tornado réus por corrupção. As pessoas que
gravitaram e gravitam em torno dos corruptos devem ser processadas e
retiradas de seus cargos e posições. É o momento político e jurídico
adequado para agir.
Do Poder Judiciário, a quem a sociedade remunera muito bem, também se
espera uma postura altiva e independente. Quando provocado deve agir de
forma célere e firme. Precisa emitir sinais aos corruptos e a sociedade
de que não será tolerante com os causadores das mazelas que atingem
todos os brasilienses.
Feliz aniversário, Operação Dracon. Que cresça em saúde e força,
curando a sociedade do empreguismo, do desperdício de recursos públicos,
do peleguismo e extirpando da vida público os ímprobos e corruptos que
vicejam em nossa sociedade.