Quinta, 31 de agosto de 2017
Do Saúde Popular
Profissionais resgatam relação de empatia anterior à institucionalização da medicina
Apesar da profissão ter se popularizado e conseguido recentes
conquistas, muitas pessoas ainda desconhecem o papel das doulas na vida
das gestantes. As profissionais são responsáveis por oferecer suporte
físico e emocional às mulheres durante a gravidez e mesmo após o
nascimento do bebê.
Com amplo conhecimento da rede de atendimento às mulheres, as doulas
orientam sobre o que esperar do momento do parto e do pós parto. Elas
ajudam a lidar com as diferentes sensações corporais das mulheres
durante o período de gestação, oferecendo medidas que diminuem o
desconforto físico, com massagens e técnicas. As doulas são uma ponte de
comunicação da mulher com a equipe que acompanha a gestação delas. Elas
também estão presentes no momento do parto, para auxiliar a deixar a
futura mamãe o mais confortável possível.
No pós-parto, as doulas também podem estar presentes para ajudar a
mãe em seus primeiros contatos com o bebê, auxiliando em questões como o
momento da amamentação. Conquistas A entrada das doulas em maternidades
da rede pública é luta constante dessas profissionais que defendem a
humanização do parto no Brasil. No Rio de Janeiro, por exemplo, esse
direito foi assegurado apenas em junho de 2016.
Na cidade de São Paulo, a entrada de doulas em hospitais públicos da
cidade é conquista recente. Em dezembro de 2016, o ex-prefeito Fernando
Haddad (PT) sancionou a lei que garante a participação dessas
profissionais no Sistema Único de Saúde (SUS) do município. Na capital
paraense, Belém, a conquista é mais recente ainda. A presença das doulas
em maternidades, casas de parto ou hospitais públicos foi permitida
apenas em maio deste ano, através da Lei 9.274, também chamada de Lei
das Doulas. Mas na maioria das cidades, a mulher tem direito a apenas um
acompanhante, tendo que escolher entre um familiar, por exemplo, ou a
doula.
Empatia
A profissão das doulas e o parto humanizado são defesas recorrentes
nos movimentos feministas que lutam pelos direitos reprodutivos.
A doula resgata uma prática de troca entre mulheres anterior à
institucionalização e medicalização da assistência ao parto, quando
muitas parentes da futura mãe ou amigas a ajudavam durante a gestação,
parto e pós parto. Ao mesmo tempo, no entanto, a profissão também renova
essa prática trazendo o conhecimento acumulado em cursos de
especialização, que auxiliam as mulheres em sua relação com os próprios
médicos que fazem seu atendimento e com os tabus que giram em torno da
maternidade.