Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Cuidado! Homens trabalhando!


Homens terminando as obras de implantação da adutora da
Quadra 22 do Gama para liberar passagem de pedestre
para moradia de militares da PM e dos Bombeiros

A Lei 780 de 2008 que entrega a militares da PM e dos Bombeiros cerca de 600 passagens de pedestres e áreas verdes do Gama/DF determina no parágrafo 1º do Artigo 3º que “A possibilidade de ocupação de cada área intersticial nos termos deste artigo fica condicionada à realização de levantamentos que comprovem a inexistência de redes de infra-estrutura instaladas nos locais.” (grifo do Gama Livre)

Como se pode perceber até mesmo de uma leitura rápida desse parágrafo da lei, as áreas onde se comprove a existência de rede de infra-estrutura não poderão ser destinadas à moradia. Mas não é o que está acontecendo no Gama. Redes de infra-estrutura, inclusive de água potável estão sendo, com alto custo para o contribuinte, substituídas por outras redes que são instaladas em áreas próximas, com o fim único de “liberar” as passagens de pedestres e áreas verdes para ocupação pelos militares. O contribuinte que já arcou com os custos elevados da rede original, terá agora de, com seus impostos, financiar os serviços de instalação de novas redes.

É o que aconteceu, por exemplo, do último dia 18 até 22, quando a Caesb concluiu a instalação de uma nova adutora com cerca de 250 metros de extensão na Quadra 22 do Setor Leste do Gama. Tudo isso apenas para liberar passagem de pedestre para que possa ser ocupada por moradia de militar. Nessa quadra residencial do Gama uma passagem de pedestres transformada em lote para PM e bombeiro vale hoje, numa avaliação conservadora, em torno de R$250 mil.

Para os serviços de implantação da nova adutora, máquinas e equipamentos pesados e um batalhão de trabalhadores estiveram ocupados desde a última sexta-feira até ontem, dia 22 de setembro. Durante esses dias os moradores das Quadras 21, 22 e 23 ficaram sem água durante todo o dia. Água só à noite. Os moradores sequer foram avisados da suspensão do fornecimento de água. Toda uma estrutura usada para liberar, para ocupação, áreas que a própria Lei 780 determina que não poderiam ser destinadas à moradia.

A pergunta que não quer calar. As responsabilidades administrativas e legais por tais obras recaem sobre os ombros de quem? E os custos?

Para se ter uma idéia da coisa, clique na fotografia logo abaixo. Ela abrirá maior numa nova janela do navegador da internet. Veja os trajetos das duas adutoras de água potável na Quadra 22 do Setor Leste. Em azul, o trajeto da adutora antiga e que, como qualquer adutora, custa uma fortuna. Hoje, para liberar passagem de pedestres para uso por militar, essa adutora encontra-se abandonada. Em branco, margeando a Quadra 22, o trajeto da nova adutora, aquela que foi instalada entre os dias 18 e 22 deste mês.

Clique sobre a imagem do Google Earth. A linha azul
representa a adutora abandonada. A branca a nova adutora

A nova adutora mede cerca de 250 metros de extensão e exigiu equipamentos pesados e muita mão-de-obra. Quanto custa o metro linear de uma adutora como a implantada agora na Quadra 22 do Setor Leste do Gama? Cinco, seis, dez mil reais? Certamente uma fortuna, e ainda mais, apenas para substituição de outra adutora que vinha funcionando bem.




Veja filmagem de máquina pesada

e homens trabalhando na nova adutora