Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 6 de maio de 2010

IBAD - A Sigla da Corrupção

Quinta, 6 de maio de 2010
Do site Página 64
Ivan Hasslocher, o publicitário golpísta

Cerca de 250 candidatos a deputado federal, 600 deputados estaduais, 8 candidatos a governadores e inúmeros candidatos ao senado receberam dinheiro do IBAD para defender interesses dos EUA
Ivan Hasslocker. Manipulou Bilhões para corromper
o processo democrático e transformar o Brasil
num quintal dos seus misteriósos patrões


No mês de maio de 1959, no governo Juscelino Kubistchek, o estadunidense Ivan Hasslocher era dono da agência de propaganda S.A. Incrementadora de Vendas Promotion, dirigiu o IBAD - Instituto Brasileiro de Ação Democrática. Esta entidade de direita teve uma conta secreta no Royal Bank of Canadá, que encaminhava as contribuições das grandes empresas estrangeiras, principalmente as norte-americanas e as brasileiras.

Em 1962, Ivan Hasslocher criou a ADEP - Ação Democrática Popular, uma filial do IBAD, para financiar e comandar a eleição dos candidatos que defendiam os interesses dos Estados Unidos no Brasil.

Conforme o livro “IBAD - A Sigla da Corrupção”, escrito pelo ex-deputado Eloy Dutra (PTB), que comandou uma CPI para desbaratar a quadrilha, Ivan Hasslocher, através da ADEP, selecionou e apoiou cerca de 250 candidatos a deputado federal, 600 deputados estaduais, 8 candidatos a governadores e inúmeros candidatos ao senado. Um candidato federal recebia CR$ 1 milhão e 600 mil, um deputado estadual CR$ 800 mil. O grupo ADEP/IBADE/Promotion gastou 1 bilhão e 40 milhões de cruzeiros, nos 150 dias que antecederam as eleições de 1962. Consta no livro de Eloy Dutra que o dinheiro vinha do The Royal Bank of Canadá, e a Promotion tinha conta no Bank of Boston e no The National City Bank of New York.

Ivan Hasslocher controlou o MSD - Movimento Sindical Democrático, Redetral - Resistência Democrática dos Trabalhadores Livres, e o MED - Movimento Estudantil Democrático, como também jorrou dinheiro para eleições acadêmicas e agitação no Clube Militar. Hasslocher era conhecido como o Goebells Caboclo, além, de ser um homem obscuro, sem nenhuma tradição na vida política ou empresarial no Brasil. De uma hora para outra, Hasslocher foi misteriosamente guindado à posição de verdadeira eminência parda do processo eleitoral brasileiro.

Hasslocher comandou também 80 programas semanais de rádio, arrendou por 90 dias o jornal A Noite, no Rio, e a Ação Democrática, uma revista mensal com 250 mil exemplares, em papel de ótima qualidade. Era distribuída gratuitamente e “milagrosamente” sem nenhum anúncio publicitário.

Todos os deputados federais que participaram da CPI do IBAD foram cassados, Eloy Dutra (PTB-GB), José Aparecido de Oliveira (UDN-MG), João Dória (PDC-BA), Benedito Cerqueira (PTB-GB) e Rubens Paiva (PTB-SP), que foi assassinado pelos agentes do DOI-Codi. Outros membros da CPI foram os deputados Adauto Lúcio Cardoso, Ulisses Guimarães, Pedro Aleixo, Bocayuva Cunha e Temperani Pereira.

Frutuoso Osório Filho era diretor geral do IBAD e sócio da Promotion, mas Osório, Hasslocher, ADEP, IBAD, IPES formava uma quadrilha de anticomunistas, uma corja de neuróticos que acreditavam em soviéticos barbudos comendo crianças cruas em cada esquina das cidades brasileiras. Ivan Hasslocher, o principal “organizador civil” do golpe militar de 1964, morreu em Huston, nos Estados Unidos, em maio de 2000.

Ênio Silveira, diretor da Civilização Brasileira escreveu na orelha do livro do Eloy Dutra com o seguinte título “A grande canalha - Bilhões de cruzeiros foram gastos para comprar, corromper, amolecer consciências. Para moldar um Congresso Nacional que fosse pouco congresso e ainda menos nacional, sendo antes o artifício hábil e necessário para coonestar a grande chantagem a que se submete todo um povo, a mordaça com que se pretende sufocar a revolta nacional, as algemas com que se pretende impedir a aprovação de inadiáveis reformas da estrutura sócio-econômica atual.

O livro de Eloy Dutra é apenas um capítulo dramático da sórdida história que esses decantados defensores da democracia vêm escrevendo nas costas do povo. Contribuirá para desmascará-los, para exibí-los no seu verdadeiro natural: inimigos do povo, inimigos da Nação, inimigos da democracia, servidores mercenários do imperialismo”.
(*) Sergio Caldieri - Jornalista e escritor
Site do Página 64