Segunda, 7 de junho de 2010
Por Ivan de Carvalho

O representante do PMDB, que seria o presidente estadual do partido e que foi convidado, decidiu não comparecer a reunião realizada ontem para “comparar pesquisas eleitorais” encomendadas pelo PMDB e pelo PT. Então este partido, o PR e outros decidiram apresentar ao PMDB uma chapa em que o candidato a governador seria o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel e na qual o peemedebista Hélio Costa entraria como único candidato a senador da chapa, já que a outra cadeira no Senado é considerada garantida para o tucano Aécio Neves.
Para vice-governador, entraria Clésio Andrade, presidente estadual do PR e manda chuva da Confederação Nacional dos Transportes. Essa chapa, ou proposta de chapa, foi endossada também pelo PC do B. A reunião terminou no início da tarde de ontem.
O que não terminou foi a briga. O PMDB está jogando duro em Minas Gerais. Hélio Costa entende que sem o apoio do PT não teria chance de vencer o candidato tucano Antonio Anastásia, devido à força do apoio de Aécio Neves. Então, Hélio Costa, que não abre mão de ser candidato a governador, também não abre mão de ter o apoio do PT, vale dizer, veta que o PT apresente candidato próprio a governador. Mas o PT mineiro insiste em lançar Fernando Pimentel.
O problema para o PT de Minas Gerais é que a direção nacional do PMDB fechou com as exigências de Hélio Costa e, pelo menos pelo que dizem os líderes peemedebistas, o partido não apoiará Dilma Rousseff se suas condições em Minas não forem aceitas.
O PT mineiro aparentemente se dispõe a aceitar o desafio, talvez não acreditando na ameaça do PMDB, e lançar candidato próprio, mas o presidente Lula, que domina o PT em âmbito nacional e tem poder para impor sua vontade ao PT mineiro, leva a ameaça a sério. O PMDB pode retirar seu apoio ao governo e à candidatura de Dilma Rousseff e isto seria um gigantesco desastre para o governo e sua candidata. Esta é a hipótese radical, que parte da presunção de que o PMDB cumpra integralmente o que deixou claro para o governo que fará, caso seja contrariado em Minas Gerais.
A hipótese mais benigna para o governo e sua candidata é a de o PMDB se dividir profundamente, mas não a ponto de migrar para apoiar o candidato tucano a presidente, José Serra, ou mesmo para quebrar a aliança com a candidatura de Dilma. Esta hipótese, de qualquer forma, faria crescer no PMDB a vertente que se dispõe a dar votos a Serra.
A expectativa, depois da “insubordinação” do PT mineiro, perpetrada ontem, é de que o presidente Lula, diretamente ou por seus operadores políticos maiores, entre para valer e com toda a força na operação para apagar o fogo dos petistas mineiros.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta segunda.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.