Segunda, 5 de julho de 2010
da Agência Brasil
Vinicius Konchinski - Enviado Especial
Joanesburgo (África do Sul) – Joanesburgo é uma das três cidades mais desiguais do mundo, segundo o Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (UN-Habitat). As diferenças entre as condições socioeconômicas de sua população são evidentes. Influenciam até na forma com que as pessoas que vivem ali enxergam e se envolvem com a Copa do Mundo sediada pela África do Sul.
Apesar de a alegria motivada pela recepção do torneio ser quase unânime entre os sul-africanos, dependendo da área de Joanesburgo e da situação em que vivem os seus habitantes, percebe-se uma aprovação maior ou menor do Mundial. Enquanto moradores de áreas mais nobres vibram com a realização da primeira Copa em um país do Continente Africano, quem vive em locais mais pobres duvida dos seus benefícios.
Essa diferença é percebida até mesmo dentro de determinados bairros da cidade. Em Soweto, por exemplo, negros que conseguiram emergir economicamente após o fim do apartheid vêem a Copa como uma conquista sul-africana. Já os que sofrem com o desemprego e falta de infraestrutura básica dizem que o torneio não representa nada para eles.
“Eu pensava que a Copa traria alguma coisa boa. Mas até agora, nada”, diz Nelly Ntubi, moradora de uma das favelas de Soweto, a Holomisa Camp. Ela mora com outras dez pessoas, quatro delas crianças, em uma casa construída por seu próprio marido usando lâminas de metal. De todos os membros de sua família que dividem a mesma moradia, só ele tem emprego. Nenhum, contudo, tem acesso à água tratada, esgoto ou eletricidade. “Não tenho nem como assistir aos jogos”, afirma ela. “Para mim, a Copa não significa nada.”
A alguns metros da casa de Nelly, porém, outra moradora de Soweto tem uma visão bem mais otimista sobre o Mundial. Beauty Shezi é recém-aposentada e proprietária de uma casa confortável perto de uma das entradas do bairro, num local chamado Diepkloof Extension. Ela afirma não ser fã de futebol, mas acompanha o torneio, principalmente o desempenho das seleções africanas. Para Beauty , a Copa é a chance da África do Sul mostrar ao mundo que as histórias de segregação racial e a violência ficaram para trás. “Todo mundo que vier para cá vai saber que o apartheid é passado. Há um preconceito contra o país. A Copa vai ajudar a acabar com ele.”
Sobre as desigualdades na África do Sul, Beauty acha que isso ainda é um problema a ser solucionado. Para ela, a falta de trabalho e educação acabam empurrando seus compatriotas para a pobreza. Ela espera, entretanto, que o Mundial ajude a resolver isso. “A Copa está gerando empregos e pode dar alguma ajuda a essas pessoas.”
Vinicius Konchinski - Enviado Especial
Joanesburgo (África do Sul) – Joanesburgo é uma das três cidades mais desiguais do mundo, segundo o Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (UN-Habitat). As diferenças entre as condições socioeconômicas de sua população são evidentes. Influenciam até na forma com que as pessoas que vivem ali enxergam e se envolvem com a Copa do Mundo sediada pela África do Sul.
Apesar de a alegria motivada pela recepção do torneio ser quase unânime entre os sul-africanos, dependendo da área de Joanesburgo e da situação em que vivem os seus habitantes, percebe-se uma aprovação maior ou menor do Mundial. Enquanto moradores de áreas mais nobres vibram com a realização da primeira Copa em um país do Continente Africano, quem vive em locais mais pobres duvida dos seus benefícios.
Essa diferença é percebida até mesmo dentro de determinados bairros da cidade. Em Soweto, por exemplo, negros que conseguiram emergir economicamente após o fim do apartheid vêem a Copa como uma conquista sul-africana. Já os que sofrem com o desemprego e falta de infraestrutura básica dizem que o torneio não representa nada para eles.
“Eu pensava que a Copa traria alguma coisa boa. Mas até agora, nada”, diz Nelly Ntubi, moradora de uma das favelas de Soweto, a Holomisa Camp. Ela mora com outras dez pessoas, quatro delas crianças, em uma casa construída por seu próprio marido usando lâminas de metal. De todos os membros de sua família que dividem a mesma moradia, só ele tem emprego. Nenhum, contudo, tem acesso à água tratada, esgoto ou eletricidade. “Não tenho nem como assistir aos jogos”, afirma ela. “Para mim, a Copa não significa nada.”
A alguns metros da casa de Nelly, porém, outra moradora de Soweto tem uma visão bem mais otimista sobre o Mundial. Beauty Shezi é recém-aposentada e proprietária de uma casa confortável perto de uma das entradas do bairro, num local chamado Diepkloof Extension. Ela afirma não ser fã de futebol, mas acompanha o torneio, principalmente o desempenho das seleções africanas. Para Beauty , a Copa é a chance da África do Sul mostrar ao mundo que as histórias de segregação racial e a violência ficaram para trás. “Todo mundo que vier para cá vai saber que o apartheid é passado. Há um preconceito contra o país. A Copa vai ajudar a acabar com ele.”
Sobre as desigualdades na África do Sul, Beauty acha que isso ainda é um problema a ser solucionado. Para ela, a falta de trabalho e educação acabam empurrando seus compatriotas para a pobreza. Ela espera, entretanto, que o Mundial ajude a resolver isso. “A Copa está gerando empregos e pode dar alguma ajuda a essas pessoas.”