Segunda, 19 de julho de 2010
Por Ivan de Carvalho
Está complicada a situação da candidata presidencial Dilma Rousseff no Ceará. A primeira coisa que ficou totalmente esclarecida na semana passada foi a posição do ex-governador cearense, ex-ministro de Itamar Franco e de Lula e ex-candidato a presidente da República Ciro Gomes, atualmente deputado pelo PSB. Ele declarou que foi feito “de bobo” (por Lula e pelo governo e PT) em relação a sua pretensão de ser candidato a presidente pelo PSB e afirmou que este sentimento de ser feito de bobo “é terrível”.
Ficou claro que, apesar de filiado a um partido que apóia a candidatura de Rousseff, Ciro Gomes não a apoiará. Ele até já afirmou que não irá a eventos da campanha de Dilma Rousseff, mesmo que ela esteja no Ceará. Dilma tem palanque no Ceará porque o governador Cid Gomes, candidato à reeleição e irmão de Ciro, também do PSB, a apóia, já que fez aliança com o PT.
Mas Ciro Gomes é o coordenador geral da campanha do irmão Cid Gomes e isso deve significar alguma coisa para Dilma Rousseff. No mínimo, o eleitor achará estranho que Ciro, coordenador da campanha de Cid, não vá aos eventos de Rousseff no Ceará, ainda que Cid a esteja apoiando. E o eleitor cearense, em maioria, estava muito solidário à candidatura de Ciro Gomes a presidente. E tudo indica que está desgostoso pelo que aconteceu.
Se não fosse grande o prestígio popular de Lula no Ceará, como em todo o Nordeste, sua apadrinhada Dilma Rousseff estaria em situação desesperadora nesse estado.
A posição de Ciro Gomes de rejeição à candidatura de Dilma Rousseff tornou-se mais objetiva com a atitude da senadora Patrícia Saboya, do PDT cearense, ex-mulher de Ciro Gomes. A senadora, que faz sempre política em parceria com Ciro, formalizou seu apoio à candidata presidencial Marina Silva, do PV, no fim de semana, quando Marina esteve no Ceará. O PDT está coligado com o PT na sucessão presidencial. Patrícia Saboya disse que não vê condições políticas do país ser administrado por Dilma Rousseff, afirmou é “verde” e completou: “Eu voto Marina”.
Patrícia Saboya fez barba, cabelo e bigode do governo. Além de apoiar Marina, está apoiando também a reeleição do senador Tasso Jereissati, do PSDB do Ceará, seu amigo pessoal, e que, obviamente, apóia a candidatura do tucano José Serra a presidente.
Marina Silva também recebeu o apoio do deputado federal Pedro Ribeiro, do PR do Ceará. Ele explicou que foi liberado pelo partido para apoiá-la. E só para aborrecer, um vereador do PT, José Maria Pontes, compareceu ao encontro realizado pelo PV, com Marina, em um hotel de Fortaleza.
O que se resumiu acima mostra que a política cearense está uma verdadeira salada. E uma salada indigesta para Dilma Rousseff. A oposição pode estar abrindo no Ceará a primeira brecha no Nordeste, região que, graças à enorme popularidade de Lula, tem sido um campo favorável a sua candidata.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta segunda.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.
Ficou claro que, apesar de filiado a um partido que apóia a candidatura de Rousseff, Ciro Gomes não a apoiará. Ele até já afirmou que não irá a eventos da campanha de Dilma Rousseff, mesmo que ela esteja no Ceará. Dilma tem palanque no Ceará porque o governador Cid Gomes, candidato à reeleição e irmão de Ciro, também do PSB, a apóia, já que fez aliança com o PT.
Mas Ciro Gomes é o coordenador geral da campanha do irmão Cid Gomes e isso deve significar alguma coisa para Dilma Rousseff. No mínimo, o eleitor achará estranho que Ciro, coordenador da campanha de Cid, não vá aos eventos de Rousseff no Ceará, ainda que Cid a esteja apoiando. E o eleitor cearense, em maioria, estava muito solidário à candidatura de Ciro Gomes a presidente. E tudo indica que está desgostoso pelo que aconteceu.
Se não fosse grande o prestígio popular de Lula no Ceará, como em todo o Nordeste, sua apadrinhada Dilma Rousseff estaria em situação desesperadora nesse estado.
A posição de Ciro Gomes de rejeição à candidatura de Dilma Rousseff tornou-se mais objetiva com a atitude da senadora Patrícia Saboya, do PDT cearense, ex-mulher de Ciro Gomes. A senadora, que faz sempre política em parceria com Ciro, formalizou seu apoio à candidata presidencial Marina Silva, do PV, no fim de semana, quando Marina esteve no Ceará. O PDT está coligado com o PT na sucessão presidencial. Patrícia Saboya disse que não vê condições políticas do país ser administrado por Dilma Rousseff, afirmou é “verde” e completou: “Eu voto Marina”.
Patrícia Saboya fez barba, cabelo e bigode do governo. Além de apoiar Marina, está apoiando também a reeleição do senador Tasso Jereissati, do PSDB do Ceará, seu amigo pessoal, e que, obviamente, apóia a candidatura do tucano José Serra a presidente.
Marina Silva também recebeu o apoio do deputado federal Pedro Ribeiro, do PR do Ceará. Ele explicou que foi liberado pelo partido para apoiá-la. E só para aborrecer, um vereador do PT, José Maria Pontes, compareceu ao encontro realizado pelo PV, com Marina, em um hotel de Fortaleza.
O que se resumiu acima mostra que a política cearense está uma verdadeira salada. E uma salada indigesta para Dilma Rousseff. A oposição pode estar abrindo no Ceará a primeira brecha no Nordeste, região que, graças à enorme popularidade de Lula, tem sido um campo favorável a sua candidata.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta segunda.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.