Sábado, 9 de abril de 2011
Em relatório o governo americano de Barack Obama denunciou
oficialmente ontem (8/4) a violação sistemática dos direitos humanos no Brasil.
Listou dentre elas o abuso de violência das polícias contra os cidadãos, a tortura
de detentos, as falhas no julgamento de policiais corruptos, a ineficiência na
proteção de testemunhas, as condições deploráveis nas prisões, o tráfico de
pessoas, o trabalho escravo e infantil, os maus tratos contra a infância, a
discriminação contra as mulheres.
Assinala o relatório do governo americano que só em 2010
mais de 500 pessoas foram mortas pelas forças de segurança no Rio de Janeiro em
“atos de resistência, frequentemente sem suficiente ou independente
investigação”.
Contra essas acusações do governo americano de que no Brasil
há violação aos direitos humanos, o governo brasileiro limitou-se a
emitir, através do Ministério das Relações Exteriores, uma nota em que tenta descredenciar
o governo americano. Usando a estratégia de criticar o acusador, mas sem
justificar sua defesa quanto aos crimes a que lhe são imputados, o governo
brasileiro tentou desqualificar os métodos usados na pesquisa americana. E foi mais
além, insinuando o que ocorre na prisão da Baía de Guantánamo, em Cuba, de
responsabilidade dos Estados Unidos e onde há cruéis torturas (há tortura que
não seja cruel?), a nota do Itamaraty assinala que o governo americano não olha
para si mesmo quando criticam outras nações.
E agora? Os dois têm razão. Os Estados Unidos nunca prezou
pelos direitos humanos, pelo menos quando se trata de áreas fora de suas fronteiras,
haja vista as sanguinárias ditaduras que implantaram ou apoiaram na América
Latina e em todos os cantos do mundo, as torturas e matanças no Iraque,
Afeganistão, Vietnã e em tantas outras regiões.
Mas o governo brasileiro não pode negar uma só vírgula do
relatório que denunciou a violação no Brasil dos direitos humanos. Não, não
precisa sequer pesquisas mais sofisticadas, mais científicas, mais de
laboratório. Basta ler os jornais brasileiros, ver os noticiários da TV,
observar as ruas das nossas cidades. Há sim uma absurda violência policial
contra o cidadão, seja ele bandido ou pessoa exemplar. Os julgamentos de
policiais criminosos, assassinos ou corruptos, são eivados do viés corporativo;
as testemunhas ficam ao deus-dará, como no caso recente em que uma mulher pelo
celular narrou na hora à central da polícia um crime que estava sendo praticado
por uma guarnição da PM de São Paulo. A mulher está identificada e até jornais
já a localizaram. Que defesa é essa?
Quanto às acusações de tráfico de pessoas, trabalho escravo
e infantil, maus tratos contra a infância, discriminação contra as mulheres,
essas são facilmente constatadas nos noticiários diários.
Conclui-se facilmente, portanto, que tanto o governo americano quanto o brasileiro não olham o rabo que têm. Um só vê o rabo do outro.
E nós? Babando com a visita que Barack Obama fez ao Brasil!
Visita para se apoderar do pré-sal.