Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Gastos com juros sobem em 2011

Quarta, 20 de abril de 2011

Da "Auditoria Cidadã da Dívida"
 O Jornal Valor Econômico mostra que as despesas com juros devem aumentar bastante em 2011, como reflexo das altas da “Selic”, a maior taxa de juros do mundo. Além dos juros altíssimos, outros fatores que fazem crescer a dívida (e, por consequencia, os pagamentos de juros) são a compra de reservas internacionais pelo Banco Central e as emissões de títulos para viabilizar recursos a serem emprestados pelo BNDES  a diversas empresas. Este fato, já mostrado há anos por este boletim, foi reconhecido pelo Banco Central em seu último Relatório de Inflação, conforme noticiou também o jornal Estado de São Paulo.

Mas os rentistas querem mais. O Jornal Correio Braziliense mostra que o “mercado” aposta em mais uma alta de juros na reunião do COPOM (Comitê de Política Monetária do Banco Central), que começa hoje.

Para pagar esta crescente carga de juros, o governo aprofunda ainda mais o ajuste fiscal. O Jornal Estado de São Paulo comenta sobre o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2012 (PLDO 2012), no qual o Poder Executivo propõe ao Congresso  mais contingenciamento (ou seja, cortes) de gastos sociais para viabilizar mais superávit primário. Neste ano, o governo simplesmente excluiu dos anexos do PLDO 2012 a lista de áreas sociais que estariam livres de contingenciamento, ou seja, todas elas poderão sofrer cortes para reforçar o pagamento da dívida pública.

Um exemplo dos efeitos nocivos do contingenciamento está na Folha Online, que mostra o corte de recursos da Polícia Federal, que prejudicará a fiscalização nas fronteiras e consequentemente o combate ao tráfigo de drogas e armas.

O Anexo III do PLDO 2012 (pág 4) traz a projeção de superávits primários até 2014, de 3,1% do PIB, mostrando que o governo não deseja alterar a atual política de endividamento.

O jornal O Globo mostra que o superávit primário também tem sido reforçado por meio dos recentes aumentos do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre a entrada de capital estrangeiro especulativo. Tais aumentos de IOF têm sido feitos sob a justificativa de frear a entrada de dólares no país, que gera sobre-valorização do real frente ao dólar, prejudicando a economia nacional e gerando grande rombo nas contas externas. Porém, como o Brasil possui a maior taxa de juros do mundo, o IOF não tem sido capaz de frear esta enxurrada de capital especulativo que procura o ganho fácil dos títulos da dívida “interna” brasileira.

Por fim, o jornal O Globo noticia que, pela primeira vez em 70 anos, a Agência Standart & Poor`s rebaixou a avaliação da dívida dos EUA, devido ao imenso déficit orçamentário estadunidense. Este rebaixamento serve como mecanismo de pressão para o Congresso dos EUA aprovar o mega-corte de US$ 4 trilhões até 2023, para favorecer o pagamento de uma dívida que tem crescido para financiar o salvamento de bancos falidos.

Este rebaixamento da dívida dos EUA por uma agência que representa o interesse dos próprios rentistas reflete também os limites do atual sistema monetário internacional, onde os EUA podem imprimir a moeda na qual pagam sua própria dívida.
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