Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Por um idioma pió


Quarta, 18 de maio de 2011
Por Ivan de Carvalho
Mas nós queria o que? Nós elegeu a quase uns nove ano um presidente da República que, falano ao ser dipromado pelo Tribuná Superiô Eleitorá, se gabou de que o único diproma que tinha era o diproma de presidente da Repúbrica. Essa gabulice, mermo não tendo a tenção de convencer os povo de que diproma escolar não selve pra nada, deve ter desestimulado muitas pessoa, principarmente os estudante, de chegar ao fim do curso e receber aqueles canudo escrito com aquelas letra bunitinha.

E foi assim que o presidente (ou prisidente, ajudem aqui minha gente, ou deixa prá lá, que a mulé falou no livro que tanto faz), que passou oito anos apregoano que chegou aonde estava sem estudar, sem fazer o segundo grau, que dirá a facurdade, deu uma grande ajuda pra prorrogação do anarfabetismo, que sua sucessora agora tá quereno consertá, botano no papé que deve sê erradicado (eita nome compricado) até 2020.

Mas enquanto isso não acontece, espalham pelas escola púbrica do país 2,5 milhões de exemplares do livro Por uma Vida Melhor, que ensina a língua portuguesa com erros de português. Ora, desde Luís de Camões que tá decretado que “a úrtima frô do Latio” é “incurta e bela”.

Mas o pobrema é que ultimamente, eu até diria nas úrtima quatro década, a qualidade do ensino público no Brasil está retirando a beleza do idioma e tornando-o mais incurto do que jamais Camões seria capaz de maginá. Mio que nóis tivesse ficado mesmo com os dialeto dos índio e dos afroascendentes que os home mau trouxeram prá trabaiá de graça e fazê fio pra fazê neto pra fazê bisneto pra mostrá capoeira pros turista.

Ninguém ia acha ruim falá os dialeto dos índio nem dos afroascendente, porque eles não tinha forma escrita e, por causa disso, ninguém ia podê dizer se uma palavra ou frase tava errada ou certa, porque se tornava tudo uma questão de pronúncia – de modo que as autoridade do Ministério da Educação podiam confundir o povo para desmoralizá os maledicente, alegano que a pronúncia tava certa e o sotaque é que era diferente. E sotaque é mesmo que língua presa – cada um tem o seu. Ou a sua. Quano tem.

Mas, mudano da água pro vinho, eu me alembro de Jesus. Ele é que tinha isso de mudar da água pro vinho. Mas o vinho entrou nessa história como Pilatos no Credo.

O convidado não é Pilatos, mas Jesus. Foi este que ensinou que o mal não é o que entra, mas o que sai da boca do homem. O que o homem fala. Ou, por extensão, escreve. Fundamentalmente, o que pensa, pois o que não pensa, não fala, nem escreve.

E se o governo, Ministério da Educação à frente, distribui livro às escolas ensinando a falar mal – e, por extensão, a escrever mal, pois quem se habitua a falar errado acaba pensando e escrevendo errado, acho que é hora de pedir socorro a Jesus.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta quarta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.