Sexta, 20 de maio de 2011
Por Rodrigo Ávila*
A
Agência Câmara mostra que a base do governo na Câmara e os partidos
PSDB e DEM fecharam acordo para votar, na próxima terça-feira, o Novo
Código Florestal, que prevê, dentre outras coisas, a anistia a
desmatadores e a redução das áreas de preservação permanente e reserva
legal. Estas medidas favorecem o setor primário-exportador, que obtém
dólares para as reservas internacionais, garantindo assim a confiança do
“mercado”, que ganha com as dívidas interna e externa.
Segundo
o discurso dos deputados Alfredo Sirkis (PV/RJ) e Ivan Valente
(PSOL/SP), o governo aceitou votar o texto do deputado relator Aldo
Rebelo (PCdoB/SP) em sua versão piorada (ainda aceitando que seja votada
uma emenda nociva), em troca de que os partidos DEM e PSDB aliviassem a
pressão sobre o Ministro da Casa Civil Antonio Palocci, alvo de
denúncias de enriquecimento ilícito.
Conforme
denunciou a Folha de São Paulo, o ex-Ministro da Fazenda Antônio
Palocci aumentou seu patrimônio em quase 20 vezes nos últimos 4 anos,
devido a seus ganhos com consultorias. Em sua resposta, também publicada
pela Folha de São Paulo, Palocci justifica seu grande enriquecimento
com o seguinte argumento:
“No
mercado de capitais e em outros setores, a passagem por Ministério da
Fazenda, BNDES ou Banco Central proporciona uma experiência única que dá
enorme valor a estes profissionais mo mercado. Não por outra razão,
muitos se tornaram em poucos anos, banqueiros como os ex-presidentes do
BC e BNDES Pérsio Arida e André Lara Rezende, diretores de instituições
financeiras como o ex-ministro Pedro Malan ou consultores de prestígio
como ex-ministro Mailson da Nóbrega.”
Como
Ministro da Fazenda, Palocci foi um grande avalista da política de
ajuste fiscal junto ao setor financeiro. Agora, ele reconhece
explicitamente que a experiência neste cargo permite que pessoas ganhem
enorme valor no “mercado”, a ponto até de alguns terem se tornado
banqueiros.
Importante
ressaltar que o Relatório Alternativo da recente CPI da Dívida na Câmara
dos Deputados - encaminhado ao Ministério Público para investigações -
listou todos os membros do COPOM (Comitê de Política Monetária do Banco
Central, que define a taxa de juros Selic) que, posteriormente,
assumiram cargos no setor financeiro privado.
*Rodrigo Ávila, economista e assessor técnico da bancada do PSOL na Câmara dos Deputados.