Segunda, 9 de janeiro de 2012
Kenneth
Maxwell*
O Brasil
recebeu uma espécie de beneplácito para terminar 2011. O Centre for Economics
and Business Research (CEBR), uma organização londrina de pesquisa, informou
que o Reino Unido agora é a sétima maior economia do planeta, atrás do Brasil.
O CEBR
prevê que o Reino Unido, em breve, será superado por Rússia e Índia. No
momento, as maiores economias mundiais são, pela ordem, Estados Unidos, China,
Japão, Alemanha, França e Brasil.
O ministro
da Fazenda, Guido Mantega, mencionou com satisfação, no site de seu ministério,
o relatório do CEBR. No início de dezembro, ele recebeu em Brasília a
diretora-executiva do FMI, Christine Lagarde, com o seguinte comentário:
"Para nós, é uma grande satisfação que, dessa vez, o FMI não tenha vindo
ao Brasil para trazer dinheiro, como no passado, e sim para solicitar que
emprestemos dinheiro aos países desenvolvidos".
O
relatório do CEBR, na verdade, confirmou a previsão anterior do FMI, de que o
Brasil seria a quinta maior economia mundial em 2016.
A
população brasileira é três vezes maior que a do Reino Unido e, portanto, sua
renda per capita é equivalente a um terço da britânica. Mas a classe média
brasileira está crescendo. A economia do país continua, em larga medida,
voltada ao mercado interno, o que oferece algum lastro contra as flutuações
extremas da economia internacional. E essa posição favorável é reforçada por
poderosas companhias estatais, banco de desenvolvimento nacional e fundos de
pensão do setor público brasileiro, bem como pelo vigor do setor privado.
Mas há
preocupações. Entre elas, os preços voláteis das commodities nos mercados
internacionais, o risco de inflação e as taxas de juros reais muito elevadas. A
mais grave delas, porém, refere-se à educação. A falta de profissionais
qualificados no setor de alta tecnologia é um sério obstáculo ao crescimento
futuro.
A
associação setorial Brasscom estima que haja um deficit de 45 mil profissionais
no setor de tecnologia de comunicações. Só 33 mil formandos devem ingressar no
mercado em 2014, quando 78 mil seriam necessários. O problema é agravado pela
baixa qualidade do ensino básico de matemática e pelo alto índice de abandono
de cursos. Infelizmente, remediar tais deficiências não é prioridade do
governo.
Douglas
McWilliams, presidente do CEBR, disse ao jornal "Financial Times" que
"o Brasil derrotou os países europeus nos campos de futebol, mas
derrotá-los economicamente representa um novo fenômeno". Para consolidar
esses avanços econômicos, será preciso um esforço mais urgente e sustentado em
longo prazo para melhorar a educação, especialmente o ensino básico, sobretudo
na área de ciências.
*KENNETH MAXWELL - historiador britânico, especialista em História Ibérica e das relações entre Brasil e Portugal no século XVIII, sendo um dos mais importantes brasilianistas Inglês.
*KENNETH MAXWELL - historiador britânico, especialista em História Ibérica e das relações entre Brasil e Portugal no século XVIII, sendo um dos mais importantes brasilianistas Inglês.