Terça, 12 de março de 2012
Por
Ivan de Carvalho

Vale recordar que caíram o deputado Mário
Negromonte, do PP, que ocupava o importante Ministério das Cidades; que a
ministra Dilma Rousseff não abriu mão de, findo o prazo que combinara com o ex-presidente
Lula, substituir o petista baiano José Sérgio Gabrielli na presidência da
Petrobrás; e finalmente a presidente exonerou o deputado Afonso Florence,
também petista, do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Antes de tudo isso,
já havia sido demitido do Ministério dos Esportes, o baiano Orlando Silva, do
PC do B, outro partido da base política do governo Wagner e da própria Dilma
Rousseff.
Resultado: a Bahia tinha a presidência da
Petrobrás e quatro ministérios. De tudo isso resta-lhe somente a ministra Luiza
Bairros, que, não sei se por ironia, é gaúcha e não baiana. A área governista
reagiu timidamente ao virtual desaparecimento do governismo baiano na primeira
linha do governo federal.
Ontem, sob o impacto da última queda, de Afonso
Florence, o presidente da Assembléia Legislativa, Marcelo Nilo, protestou. “Foi
muito ruim para a Bahia a saída dos ministros Negromonte e Florence e do
presidente Gabrielli. Foram 2,7 milhões de frente”. Ele fez o protesto um tanto
discretamente, no Twitter, quando dispunha de outros canais mais formais e de
impacto maior. Provavelmente ficou dividido entre o desejo de protestar e o de
não expor demasiadamente a atitude passiva do governismo baiano.
O governador Wagner não protestou ostensivamente,
sua crítica ficou entre o protesto e o lamento, tudo restrito à saída de Afonso
Florence do ministério. “Foi um golpe na Bahia. Mas é óbvio que não vou abalar
minha relação com a presidente Dilma Rousseff”, disse ele em Irecê, no sábado.
E acrescentou: “A gente não se contenta nem se conforma com a saída dele. Não
vejo nenhum motivo para sua saída. Creio que ela (a presidente Dilma Rousseff)
fez isso por questão mais política e não de gestão”. Wagner assinalou que a
Bahia tem a quarta população do país, tem um “grande carinho” pelo governo
federal e assim devia ter um reconhecimento adequado.
O governador deixou implícito o que o presidente
da Assembléia, Marcelo Nilo, sem o mesmo grau de comprometimento político e
administrativo que levou à forte moderação de Jaques Wagner, explicitou: Dilma
obteve na Bahia 2,7 milhões de votos de vantagem sobre o candidato da oposição,
José Serra, no segundo turno das eleições presidenciais.
A oposição considerou pouco. Um oposicionista, o
deputado estadual Elmar Nascimento, do PR, que foi também oposição ao carlismo,
sugeriu que se o governador fosse Antonio Carlos Magalhães, ele reagiria à
decisão presidencial com muita ênfase. Outro oposicionista, deputado estadual
Carlos Geilson, do PTN, disse que o governo baiano tem em sua base política
três senadores (um é o líder do PT no Senado), 45 deputados estaduais e 29
deputados federais “e nenhum deles levantou a voz para protestar contra a perda
de força e prestígio da Bahia”.
Talvez não soubesse ainda da manifestação de
Marcelo Nilo no Twitter, a exceção que confirmaria a regra.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta terça.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.