Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 2 de março de 2012

Brasil vira "cassino" para Europa

Sexta, 2 de março de 2012
Da "Auditoria Cidadã da Dívida"
Os jornais mostram a reclamação da Presidente Dilma Rousseff sobre a “tsunami” de dólares que chegam ao país, gerando valorização do real e barateando os importados, em prejuízo da industria nacional. A Presidente reclama que os países ricos têm feito grande injeção de recursos para os bancos, que por sua vez trazem estes dólares para o Brasil.

Porém, cabe comentarmos que tais dólares só estão vindo para o Brasil pois aqui ganham os maiores juros do mundo com a dívida “interna” brasileira. Tais taxas de juros, equivalentes a mais de 10 vezes as taxas praticadas nos países ricos, são estabelecidas pelo próprio governo brasileiro, que também oferece total liberdade de entrada e saída de capitais financeiros, e isenção de Imposto de Renda sobre os ganhos dos estrangeiros com a dívida “interna”.

Assim, não é de se espantar que haja uma verdadeira tsunami de dólares, conforme reclama a Presidente Dilma. O próprio jornal “O Globo” traz manchete de capa com a seguinte inscrição:

Brasil vira ‘cassino’ para Europa

A notícia mostra que o “IOF” (Imposto sobre Operações Financeiras) estabelecido pelo governo é incapaz de reverter esta “tsunami”. Outra notícia do jornal O Globo mostra que esta “tsunami” está provocando uma explosão da dívida externa “privada”, devido à grande oferta de dólares no mercado internacional. Somente neste início de 2012, empresas e governo já tomaram no exterior US$ 18,5 bilhões. Oferecidos a juros baixíssimos, tais recursos são direcionados por bancos e empresas privadas para os rentáveis títulos da dívida “interna”.

Tal processo lembra as épocas pré-crise da dívida, ocorridas nos anos 70 e início dos anos 90, quando a entrada abundante de capitais externos posteriormente se transformou em um grande retorno destes capitais (por meio da alta nas taxas de juros no mercado internacional), gerando grandes crises.

É importante relembrar que, nas crises da dívida, geralmente as dívidas “privadas” são assumidas pelo governo.


Dilma diz que países ricos causam 'tsunami monetário'
Autor(es): RAFAEL MORAES MOURA, TÂNIA MONTEIRO 
O Estado de S. Paulo - 02/03/2012