Sábado, 10 de março de 2012
Por
Ivan de Carvalho

As solenidades de posse de
Rui Costa na Casa Civil e Gabrielli no Planejamento foram similares em
finalidade política e, por isto mesmo, também em seus elementos constitutivos.
Ambas realizadas na Fundação Luís Eduardo Magalhães, que não teve lugar para
todo mundo na cerimônia festiva de 5 de janeiro em que se deu posse a Rui
Costa, assim como não deu para quem quis entrar ontem no auditório, na posse do
“soldado Gabrielli”.
Foi com esta expressão que
ele se qualificou ontem, para afastar a convicção geral de que veio para o
governo com a disposição de construir sua candidatura à sucessão de Wagner,
além de trabalhar nas tarefas da Secretaria de Planejamento, evidentemente.
Nada disse que descarte a disposição de candidato e certamente não o fará, mas
evita a admissão da pretensão, pois admitir agora seria uma precipitação e
fonte de muitos problemas. Até mesmo porque o governador ontem mesmo disse que
Gabrielli está aí como secretário (assim como Rui Costa, claro), mas, de
sucessão, ele, Wagner, só cuidará a partir do segundo semestre do ano que vem.
Ainda assim (isso ele não chegou a dizer), se o fim do calendário maia em 21 de
dezembro próximo não coincidir com o fim do mundo.
Na festa de Gabrielli, como
na de Rui Costa, houve muita presença política, mas, na primeira, duas coisas
se destacaram. Elas não tiveram paralelo na outra. Uma, a presença de José
Dirceu. Outra, a carta de Lula, cuja vinda foi prejudicada pela pneumonia. Ação
conjunta planejada em São Paulo, não dá para duvidar. Some-se a isto a figura
do próprio Gabrielli, por vários anos presidente da Petrobrás. Isso fez do
evento estadual um acontecimento também nacional.
Bem, quanto à vertente local, reduzir o time de
alternativas petistas ao cargo de governador praticamente a apenas duas, como
hoje faço pela segunda vez, poderá ser objeto de reclamações, pois existem dois
outros aspirantes petistas ao governo, os prefeitos de Camaçari, Luiz Caetano
(também presidente da União dos Municípios da Bahia e que foi coordenador da
campanha eleitoral de Jaques Wagner) e Lauro de Freitas, Moema Gramacho. Até se
poderia citar o senador Walter Pinheiro, novo líder do PT no Senado, como mais
um nome de aspirante.
Mas o repórter não pode igualar situações
desiguais nem confundir sonhos com realidades. Daí a fixação, a partir da
perspectiva atual, no âmbito do PT (que certamente não pretende abrir mão de
candidatura própria, a não ser que seja a pau), nos nomes de Gabrielli e Rui
Costa.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta quinta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.