Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sábado, 10 de março de 2012

O soldado Gabrielli

Sábado, 10 de março de 2012 
Por Ivan de Carvalho
Pronto. José Sérgio Gabrielli tomou posse ontem como secretário do Planejamento. O time do PT para a sucessão do governador Jaques Wagner em 2014 já está em campo, ainda que apenas fazendo aquecimento, e se compõe basicamente de dois jogadores. Um deles é o ex-presidente da Petrobrás e o outro é o secretário da Casa Civil, deputado Rui Costa, que antes de obter o mandato parlamentar foi secretário de Relações Institucionais.

            As solenidades de posse de Rui Costa na Casa Civil e Gabrielli no Planejamento foram similares em finalidade política e, por isto mesmo, também em seus elementos constitutivos. Ambas realizadas na Fundação Luís Eduardo Magalhães, que não teve lugar para todo mundo na cerimônia festiva de 5 de janeiro em que se deu posse a Rui Costa, assim como não deu para quem quis entrar ontem no auditório, na posse do “soldado Gabrielli”.

            Foi com esta expressão que ele se qualificou ontem, para afastar a convicção geral de que veio para o governo com a disposição de construir sua candidatura à sucessão de Wagner, além de trabalhar nas tarefas da Secretaria de Planejamento, evidentemente. Nada disse que descarte a disposição de candidato e certamente não o fará, mas evita a admissão da pretensão, pois admitir agora seria uma precipitação e fonte de muitos problemas. Até mesmo porque o governador ontem mesmo disse que Gabrielli está aí como secretário (assim como Rui Costa, claro), mas, de sucessão, ele, Wagner, só cuidará a partir do segundo semestre do ano que vem. Ainda assim (isso ele não chegou a dizer), se o fim do calendário maia em 21 de dezembro próximo não coincidir com o fim do mundo.

            Na festa de Gabrielli, como na de Rui Costa, houve muita presença política, mas, na primeira, duas coisas se destacaram. Elas não tiveram paralelo na outra. Uma, a presença de José Dirceu. Outra, a carta de Lula, cuja vinda foi prejudicada pela pneumonia. Ação conjunta planejada em São Paulo, não dá para duvidar. Some-se a isto a figura do próprio Gabrielli, por vários anos presidente da Petrobrás. Isso fez do evento estadual um acontecimento também nacional.

Bem, quanto à vertente local, reduzir o time de alternativas petistas ao cargo de governador praticamente a apenas duas, como hoje faço pela segunda vez, poderá ser objeto de reclamações, pois existem dois outros aspirantes petistas ao governo, os prefeitos de Camaçari, Luiz Caetano (também presidente da União dos Municípios da Bahia e que foi coordenador da campanha eleitoral de Jaques Wagner) e Lauro de Freitas, Moema Gramacho. Até se poderia citar o senador Walter Pinheiro, novo líder do PT no Senado, como mais um nome de aspirante.

Mas o repórter não pode igualar situações desiguais nem confundir sonhos com realidades. Daí a fixação, a partir da perspectiva atual, no âmbito do PT (que certamente não pretende abrir mão de candidatura própria, a não ser que seja a pau), nos nomes de Gabrielli e Rui Costa.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta quinta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.