Sábado, 10 de março de 2012
A Revista Eletrônica Quid Novi publicou ontem à noite o início de uma série de reportagens sobre um dos personagens mais influentes junto a um bom grupo de
políticos brasileiros. Este personagem é o “empresário do jogo”, o goiano Carlinhos
Cachoeira, que se encontra preso em prisão de alta segurança em Mossoró, Rio
Grande do Norte. Ele sempre esteve envolvido em mensalões, inclusive o mais
famoso do Brasil, acontecido durante o governo Lula.
Se Cachoeira verter suas águas, seus vídeos, suas gravações,
seus contatos, seus pagamentos, suas compras...será um verdadeiro dilúvio.
Leia o primeiro capítulo da reportagem "OPERAÇÃO MORDAÇA", publicada na Quid Novi.
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Mino Pedrosa
OPERAÇÃO MORDAÇA - CAPÍTULO I
Ainda estava escuro, quando às 6 horas da manhã, do dia 29 de fevereiro de 2012, a mansão de luxo, na Rua Cedroarana, Quadra G-3, Lote 11, no Residencial Alphaville Ipês, em Goiânia, de propriedade do governador de Goiás Marconi Pirillo até 2010, foi
invadida pela “swat” da Polícia Federal. Carlos Augusto de Almeida
Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso numa ação cinematográfica. O
arrombamento da porta da sala e a chegada dos agentes federais ao quarto
de Carlos Cachoeira coroava a Operação Monte Carlo.
Cachoeira, como é chamado, acordou
assustado. No corredor, a sua prisão era assistida pela fresta da porta
por uma criança de 12 anos, sua enteada, e pela esposa, Andressa. O
delegado que comandava a operação pediu que o contraventor abrisse o
cofre, mas Cachoeira argumentou que não sabia o segredo. Só Andressa
tinha a senha. A polícia entrou no quarto e exigiu que o cofre fosse
aberto. Imediatamente a esposa de Cachoeira mostrou o que havia guardado
em segredo: joias, inclusive de família, uma quantia em dinheiro de um
imóvel vendido por Andressa, documentos e alguns DVDs de conteúdo ainda
não revelado.
O delegado espalhou sobre a cama
todas as joias, a maioria herança de família, principalmente dos avós e
do ex-marido de Andressa Wilder Morais, atual suplente do senador
Demóstenes Torres (DEM-GO). A esposa do contraventor pediu ao delegado
que deixasse as joias e que não invadisse o quarto que sua filha dormia.
O pedido foi atendido. Cachoeira foi levado pela polícia, enquanto a
criança atônita tentou ir ao seu encontro, sem entender o que se
passava. Até este momento, Andressa estava forte. Mas ao ver a filha, a
esposa de Cachoeira desmontou.
A Polícia Federal acreditou ter fechado a Operação Monte Carlo naquele momento, mas não sabia que ali começava um dos maiores escândalos da política brasileira. Cachoeira foi para a carceragem da PF em Brasília e preferiu o silêncio.
Em fevereiro de 2004, Carlinhos foi protagonista do escândalo Waldomiro Diniz, onde o assessor do ministro chefe da Casa Civil José Dirceu, foi denunciado por receber propina do esquema de jogo clandestino no país. Naquele momento, Cachoeira recebeu total apoio do PT comandado por Zé Dirceu, que rotulava o contraventor como “empresário do jogo”, e o Ministério Público como “aparelho repressor e conspiratório.”
O ministro da Justiça era Márcio
Tomaz Bastos. O advogado, era Antônio Carlos de Almeida e Castro, o
Kakay. Quem acusava era o mesmo Ministério Público, que agora também
comanda a operação só que a serviço do PT .
As digitais do PT foram constatadas quando a Polícia Federal começou as investigações sob o comando da sede em Brasília. O Palácio do Planalto acompanhava tudo e aguardava o momento certo para contrapor o escândalo do Mensalão que será votado nos próximos meses pelo Supremo Tribunal Federal.