Terça, 6 de março de 2012
Em 2011, programa de reforma agrária do governo teve o pior resultado dos últimos 16 anos
Roldão Arruda, de O Estado de S. Paulo
O programa de reforma agrária do governo da
presidente Dilma Rousseff (PT) assentou no ano passado 22.021 famílias,
de acordo com números que acabam de ser divulgados pelo Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Trata-se do mais
baixo índice registrado nos últimos 16 anos, que englobam também os
governos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e de Luiz Inácio Lula da
Silva (PT). O melhor índice foi registrado em 2006, quando 136.358
famílias tiveram acesso à terra.
Em Pernambuco, onde o Movimento dos Sem Terra (MST) contabiliza quase
15 mil famílias acampadas à espera de um lote de terra, o governo
assentou apenas 102 famílias no ano passado. Foi o número mais baixo
entre todas as unidades da federação.
“Os números comprovam que a reforma agrária não é considerada
prioritária pelo atual governo. Eles são vergonhosos”, disse nesta
segunda-feira, 5, José Batista de Oliveira, integrante da coordenação
nacional do MST. De acordo com suas informações, do total de 22.021
assentamentos anunciados pelo governo, apenas 7 mil ocorreram em áreas
que foram desapropriadas especialmente para a reforma agrária.
“Boa parte do que o governo põe na conta de assentamento é, na
verdade, regularização de lotes fundiários, que estavam abandonados ou
ocupados de maneira irregular”, diz o representante do MST.
Demanda menor. O presidente do Incra, Celso Lisboa
Lacerda, tem outra avaliação. Ele disse que um dos fatores que explicam a
redução no número de assentamentos é a queda na demanda. “Há muito
menos famílias acampadas hoje do que no governo do presidente Lula”,
afirmou.
Pelas estimativas do Incra, o total de famílias acampadas em todo o
País gira em torno de 180 mil. É a metade do que existia no início do
governo Lula.