Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

domingo, 23 de setembro de 2012

O Triângulo das Bermudas

Segunda, 24 de setembro de 2012 
Por Ivan de Carvalho
            É de bom tom aguardar os resultados das pesquisas. Há praticamente certeza de que no final desta semana nós os teremos, talvez com alguma fartura. Já está prevista a divulgação de uma pesquisa eleitoral Ibope/TV Bahia sobre as eleições para a prefeitura de Salvador.

Considerando-se que as eleições se realizam no dia 7 de outubro em primeiro turno e que a próxima sexta-feira já será 28 de setembro, 29 será sábado e 30 será domingo, dificilmente o Ibope reinará solitário. Pode ser até que, devido à iminência da ida do povo às urnas, se instale um triunvirato composto pelo Ibope, Vox Populi e pelo Datafolha, que até aqui não tem dado bola para as próximas eleições em Salvador.

Se quisermos ser pessimistas, talvez possamos dizer que resultados de pelo menos dois desses três institutos citados – os mais conhecidos, dentre os que trabalham com pesquisas eleitorais no Brasil, pois o Gallup há muito tirou o cavalo dele da chuva – estarão disponíveis no próximo fim de semana.

Claro que uma semana depois, na sexta e sábado seguintes (dias 5 e 6 de outubro) teremos resultados de pesquisas em profusão e, no domingo, a partir das 18 horas, as pesquisas de boca de urna, aquelas quase infalíveis – quase, porque erros já aconteceram, com a derrota do indicado como vencedor e vice-versa.

            Mas as pesquisas do próximo fim de semana já nos permitirão fazer uma boa avaliação do principal dos três vértices do Triângulo das Bermudas – réplica eleitoral daquela região misteriosa do Atlântico que tem como vértices Miami, as Bermudas e Porto Rico.

            Os vértices do nosso Triângulo das Bermudas eleitoral são a capital, Camaçari e Lauro de Freitas. Sobre a capital, há pesquisas eleitorais anteriores. A última das feitas pelo Ibope, mostrando uma rápida ascensão do petista Pelegrino, às custas de tudo, menos dos votos do democrata ACM Neto. No próximo fim de semana saberemos se o bombardeio da campanha petista contra o candidato democrata conseguiu virar a cabeça de muitos eleitores ou se Neto permaneceu firme no seu confortável patamar de intenções de voto.
           
         Em Camaçari, tudo de início parecia indicar que o PT, liderado lá pelo prefeito Luiz Caetano (presidente da União dos Municípios da Bahia e aspirante ao governo da Bahia) e sua mulher, deputada Luiza Maia, fariam barba, cabelo e bigode dos adversários. Mas as coisas complicaram. José Tude não podia ser candidato, mas Maurício, que registrou-se, com a alcunha Maurício de Tude, candidato de uma coligação liderada pelo PTN, faz campanha com o total apoio de José, o Tude original. O candidato do PT é Ademar Delgado. Não resisto ao trocadilho: os adversários dizem que as chances de Ademar estão cada vez mais delgadas. Sondagens, há algum tempo, mostravam uma disputa cabeça com cabeça. Ademar dois palmos à frente, um sufoco.

Depois disso, no dia 20, o presidente municipal do PP (que tem um candidato, Zé de Elísio) e ex-deputado estadual Ferreira Ottomar deixou o cargo no partido e apoiou Maurício de Tude. Ottomar aderiu junto com dois candidatos a vereador. Quatro outros haviam aderido pouco antes. E também a vice-prefeita de Camaçari, Tereza Giffoni, recentemente desistiu de continuar disputando as eleições majoritárias para apoiar Maurício de Tude. Dá para notar que o ambiente em Camaçari está de barata voa. Qualquer previsão a mim parece temerária. O PTN é oposição local e estadual.

Quanto ao outro vértice do Triângulo das Bermudas baiano, Lauro de Freitas, cuja prefeita Moema Gramacho chegou a ter seu nome muito falado (não vou arriscar se à vera ou para fins promocionais) para candidata petista a governadora, seu candidato, João Oliveira (PT) está na iminência de desaparecer – especialidade mais conhecida do Triângulo das Bermudas original. Dr. Márcio, o candidato do PP (oposição apenas local), é considerado o grande favorito. Jair, do PSOL, não está nem aí – faz o papel dele e fim.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - -
Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta segunda.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.