Sábado, 20 de dezembro de 2014
Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
Deputado do PSOL defende que população seja
consultada, por meio de plebiscito, e apresenta critérios democráticos
para composição e eleição de membros da Assembleia Constituição, como a
vedação de financiamento empresarial de campanhas
O deputado
Chico Alencar (PSOL-RJ) apresentou nesta quinta-feira (18), na Comissão
de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC) da Câmara, parecer, com
substitutivo, pela admissibilidade da PEC 276/2013 /13, que propõe
convocação de Constituinte Exclusiva para promover a reforma política.
A Proposta de Emenda à Constituição foi
apresentada em junho de 2013 e em julho do mesmo ano o então presidente
da CCJC, deputado Décio Lima (PT-SC), designou Ricardo Berzoini (PT-SP)
como relator da matéria. No entanto, no final de março deste ano
Berzoini devolveu a relatoria sem apresentar o parecer. Com isso, a PEC
ficou quase oito meses sem relator, por omissão do atual presidente da
CCJC, deputado Vicente Cândido (PT-SP). Somente no mês passado Chico
Alencar foi designado relator da matéria.
O deputado do PSOL fluminense explica
que devido ao prolongado tempo em que a relatoria permaneceu com
Berzoini, sem que este apresentasse seu parecer, e ainda por ter ficado
de março a novembro deste ano sem relator, lamentavelmente, não foi
possível apresentar o relatório a tempo de ser apreciado pela Comissão
ainda nesta Legislatura.
Entenda o substitutivo de Chico Alencar
O parecer do deputado Chico Alencar argumenta que a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte só pode ser legítima, como uma práxis constitucional democrática, se resultar de uma extraordinária mobilização popular com esse fim e se for construída segundo um processo radicalmente democrático. Para Alencar, sem essas condições, a convocação de Assembleia Constituinte ('revisional' ou não) "de cima para baixo não poderá jamais ser constituinte e sim golpe produzido pelos poderes constituídos”.
O parecer do deputado Chico Alencar argumenta que a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte só pode ser legítima, como uma práxis constitucional democrática, se resultar de uma extraordinária mobilização popular com esse fim e se for construída segundo um processo radicalmente democrático. Para Alencar, sem essas condições, a convocação de Assembleia Constituinte ('revisional' ou não) "de cima para baixo não poderá jamais ser constituinte e sim golpe produzido pelos poderes constituídos”.
A partir dessa avaliação, Chico Alencar
considerou que a PEC busca responder, efetivamente, a uma luta popular
de caráter amplo e nacional não somente pela reforma política, mas
também pela convocação de uma Constituinte Exclusiva com tal finalidade.
"Com
efeito, mais de 500 organizações populares e movimentos sociais
brasileiros de grande expressão estão em campanha para que se realize um
plebiscito sobre a instalação da Constituinte Exclusiva para a reforma
política. (...) O movimento pela Constituinte organizou-se com maior
força e ganhou maior repercussão depois das grandes manifestações
iniciadas em junho de 2013 por
todo o Brasil, que escancararam a dimensão profunda da crise de
legitimidade das nossas instituições representativas", afirma o deputado em seu parecer apresentado nesta quinta-feira.
Reconhecendo a necessidade de um
processo mais democrático, o parlamentar do PSOL considerou necessário
apresentar um substitutivo à PEC. "Se é
verdade que a PEC examinada aqui busca responder ao forte anseio e à
ampla mobilização social pela mudança do sistema político, ela não
garante, por outro lado, meios procedimentais suficientes para que a
Assembleia Constituinte seja convocada e realizada de maneira mais
democrática, com a máxima participação popular”, defende.
A PEC propõe, por exemplo, que seja
realizado referendo sobre a "emenda revisional" resultado do trabalho da
Assembleia Constituinte. O relator da matéria na CCJC considera isso
insuficiente. Para Chico Alencar, submeter
a referendo somente o resultado da deliberação da Constituinte, para
que a população simplesmente diga “sim” ou “não”, conforme uma política
do fato consumado, não é medida suficiente, no atual cenário, para
garantir a legitimidade democrática da sua instalação.
Nesse sentido, o deputado, atento às
demandas apresentadas por vários partidos, organizações e movimentos
sociais, defende, em seu parecer, a realização de plebiscito ou
"referendo ativador" para a instalação da Assembleia Nacional
Constituinte. Isto é: antes de instalá-la, é preciso consultar a
população brasileira, mediante instrumento da democracia direta, se
concorda ou não com a convocação da Constituinte, e com as regras
propostas para o seu funcionamento e eleição de seus membros. Ao final
dos trabalhos da Constituinte, seus resultados seriam submetidos a um
novo referendo popular.
Chico Alencar trata, ainda, da necessidade de estabelecer procedimentos que garantam a participação efetiva de minorias políticas no processo constituinte. "Democracia não equivale ao mero exercício do poder por eventual maioria numérica da sociedade. O
processo democrático exige pluralismo de ideias, de visões de mundo, de
valores, de interesses e de saberes. Para tanto, é fundamental garantir
condições para a participação efetiva de grupos vulnerabilizados pelas
relações de poder reproduzidas no Estado e na sociedade. O combate a
toda forma de dominação compõe o núcleo material do princípio da
democracia, e ele deve expressar-se também nos procedimentos
constituintes, para que sejam legítimos".
A partir dessa premissa, o substitutivo estabelece outras quatro condições democráticas à admissibilidade da PEC:
- Garantir que metade dos membros da Assembleia Nacional Constituinte sejam mulheres;
- Garantir presença de representantes das comunidades indígenas como membros da Assembleia Nacional Constituinte;
- Garantir presença de representantes das comunidades quilombolas como membros da Assembleia Nacional Constituinte;
- Vedar o financiamento empresarial de campanhas eleitorais para a Constituinte.
Confira o substitutivo de Chico Alencar.
- Garantir que metade dos membros da Assembleia Nacional Constituinte sejam mulheres;
- Garantir presença de representantes das comunidades indígenas como membros da Assembleia Nacional Constituinte;
- Garantir presença de representantes das comunidades quilombolas como membros da Assembleia Nacional Constituinte;
- Vedar o financiamento empresarial de campanhas eleitorais para a Constituinte.
Confira o substitutivo de Chico Alencar.
Fonte: Gabinete deputado Chico Alencar