Por Mauro Santayana
(Revista
do Brasil) - Nas ultimas semanas, o Brasil tem vivido sob o impacto das
notícias da "Operação lava-Jato", que, em busca de associar ao Mensalão,
muitos chamam de Petrolão, esquecendo-se de que, enquanto se eleva esse
novo escândalo ao posto de "o maior da história", outros parecem ter
se escafedido em um imenso Triangulo das Bermudas, como se tivessem sido
reduzidos a pedacinhos pelas lâminas de Freddy Krueger, ou abduzidos por
alienígenas.
Esse
é o caso, por exemplo, do "Mensalão do PSDB" - perpetrado, de forma
pioneira, com a ajuda do mesmo Marcos Valério, durante o governo do Sr. Eduardo
Azeredo, em Minas Gerais.
Esse
é o caso do "Escândalo do Banestado", de desvio de mais de 100
bilhões de reais para o exterior, no qual foram indiciados vários personagens
ligados ao governo FHC, incluído o Sr. Ricardo Sérgio de Oliveira,
"arrecadador" de recursos de campanhas do PSDB, perpetrado, entre
1996 e 2002, também no Paraná, com a ajuda do mesmíssimo "doleiro"
Alberto Youssef, do atual escândalo da Petrobras.
Esse
parece ser também o caso, do Trensalão do PSDB de São Paulo, que, apesar
de ter tido mais de 600 milhões de reais das empresas envolvidas bloqueados pela
justiça no dia 13 de dezembro, parece ter sido coberto por um Manto da
Invisibilidade digno de Harry Potter, do ponto de vista de sua repercussão.
Seria
ótimo se - hipocrisias à parte - o problema do Brasil se resumisse apenas a uma
briga entre "bonzinhos" e "malvados".
Está
claro que temos aqui, como ocorre em muitíssimos países, bandidos recebendo
propinas no desvio de verbas públicas, atuando como "operadores" e
facilitadores no trabalho de tráfico de influência, no superfaturamento e na
"lavagem" de dinheiro e no envio de recursos para o exterior.
E
também empresários que se acostumaram, com o tempo, a pagar ou a ser
extorquidos, a cada obra, a cada licitação, a cada aditivo de contrato, pelos
"intermediários" e oportunistas de sempre, e que já sofrem sucessivas
paralisações, atrasos e adiamentos nas grandes obras que executam, que ocorrem
devido a razões que muitas vezes escondem interesses políticos que nem sempre
correspondem aos do próprio país e da população.
E
padecemos, finalmente, ainda, da falta de coordenação e entendimento, entre os
Três Poderes da República, em torno dos grandes problemas nacionais.
Leis,
projetos e obras que são essenciais para o futuro do País, não são discutidas
previamente entre Executivo, Legislativo e Judiciário, antes de serem
encaminhadas para aprovação e execução, o que acaba levando, nos dois primeiros
casos, a relações de pressão e contrapressão que acabam descambando no
fisiologismo e na chantagem e que afetam, historicamente, a própria
governabilidade.
Na
contramão do que imagina a maioria das pessoas, com algumas exceções, ao
contrário dos corruptos e dos "atravessadores", os homens públicos -
incluindo aqueles que trabalham abnegadamente pelo bem comum - estão muito mais
preocupados com o poder, para executar suas teses, ideias e projetos, ou apenas
exercê-lo, simplesmente , do que com o dinheiro.
No
embate político, ter recursos - que às vezes chegam de origem nem sempre
claramente identificada, pelas mãos de "atravessadores" que se
oferecem para "ajudar" - é essencial, para conquistar o poder,
na disputa eleitoral, e nele manter-se, depois, ao longo do tempo.
Esse
é o elemento mais importante da equação. Mas ele só começará a ser resolvido se
houver uma reforma política que proíba, definitivamente, a doação de dinheiro
privado a agremiações políticas e candidatos a cargos eletivos, promova a
cassação automática de quem usar Caixa 2 e aumente a fiscalização do uso dos
recursos partidários ainda durante o período de campanha.
Por
mais que sejam importantes, e impactantes, as prisões dos corruptos envolvidos
no escândalo da Petrobras e a recuperação dos recursos desviados, se não for
feita uma verdadeira reforma política, de fato, elas não impedirão que mais
escândalos ocorram, no financiamento de novas campanhas, já nas próximas
eleições.