Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sábado, 13 de dezembro de 2014

Sabe de nada, inocente. Rombo no orçamento do GDF deverá chegar a quase R$4 bilhões

Sábado, 13 de dezembro de 2014
Inocente, não sabia de quase nada. Quando ouvia falar que o buraco nas contas do GDF em 2014 seria de R$2 bilhões —em razão do governo atual— eu achava até graça pois, dizem, a inocência merece um sorriso. A situação das finanças públicas do DF merece na realidade não um sorriso, mas uma Graça. Graça dos Céus! Pois só com reza braba e decisões administrativas corretas, e corajosas, o governo Rollemberg poderá reequilibrar as finanças. Foram muitas, profundas, e repetidas lambanças nos últimos quatro anos de (des)governo.
Lambanças como a construção do elefante branco Mané Garrincha, para a qual o DF se desfez de um senhor patrimônio em termos de terrenos, retirou milhões de reais da educação, da saúde, da infância, das creches, de quase todos os programas de governo.
Lambança como o empreguismo em Administrações Regionais, secretarias, e outros órgão públicos, em que, muitas vezes o número de afilhados, de peixinhos, correspondia a mais de 80 por cento do quadro total de pessoal. Muita gente batendo cabeça, pois nem cadeiras em número disponível havia. Impossível todos os servidores ao mesmo tempo em alguns desses órgãos.
Lambança como a que vimos noticiado na imprensa, quando os custos de compras muitas vezes foram mais elevados do que o normal, e isso para remédios, equipamentos, vacinas, lanches etc.
Lambança, como por exemplo, em boa parte do programa Asfalto Novo, em que uma camada de pavimentação era jogada em cima de asfalto ainda em boas condições de uso. E isso não apenas pelas cidades que não o Plano Piloto de Brasília. Diziam inicialmente que seriam em torno de R$700 milhões para o asfalto novo. Quantos milhões desses possivelmente foram gastos com o tipo de ‘capeamento’ dispensável. Alguns milhões, certamente.
Uma outra lambança foi o custo da propaganda —na maioria das vezes enganosa. Houve períodos em que os custos superaram os R$600 mil diários (diários), isso sem incluir companhias, banco, autarquias. Para dizer que a saúde estava ótima, que o transporte melhorou, que a educação mudou, que a segurança havia deixado de ser insegura? Propaganda enganosa, constatamos a cada dia que passa. Dinheiro aplicado para dizer que o caos não era caos, mas sim a luz, o novo caminho.
Que se cuide o novo governador. Que se cerque de gente competente, não de bajuladores, os puxa-sacos. Que resista às pressões que virão de empreiteiras, de empresas de terceirização de mão-de-obra, e de gente que pretende manter (ou implantar) um exército de cabos eleitorais —e somente cabos eleitorais— na estrutura administrativa do governo do DF.
Se não resistir, se não souber escolher seus secretários e auxiliares, se não topar a briga com os donos do dinheiro em Brasília —e que se acham proprietários do Estado—, se não exonerar imediatamente aqueles que porventura venham a cometer ‘malfeitos’ (usado atualmente no Brasil como apelido ingênuo, e cínico, para corrupção), o governo Rollemberg estará fadado a se desgastar quase tanto quanto o atual governo de Agnelo.
Rezemos, pois! Pelo novo governo e, principalmente, pelo povo de Brasília.