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(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Bahia: Afoxé Filhos de Ghandy leva o cheiro de alfazema para o carnaval baiano

Segunda, 16 de fevereiro de 2015
Da Tribuna da Bahia
Foto: iG Bahia
O afoxé desfila levando a mensagem de paz em suas bandeiras
O afoxé desfila levando a mensagem de paz em suas bandeiras
Com batidas de afoxé, cânticos tradicionais, "Ajayô" e cheiro de Alfazema, o Filhos de Gandhy chegou ao circuito Campo Grande, no começo da noite deste domingo (15/2), trazendo a diversidade para as ruas, cobrindo as ruas de branco e azul.

O afoxé exclusivamente masculino, traz cultura à folia baiana, e desfila levando a mensagem de paz em suas bandeiras, com o famoso banho de milho branco e maçãs atiradas, além do pombo.

"Alfazema traz cheiro de paz, vamos jogar para cima e perfurmar esse lugar lindo. Muita energia positiva, muito axé, paz e tranquilidade", disse um dos integrantes do grupo, antes de começar a cantar a música "Alfazema".

O cantor Magary Lord também recebeu banho de milho em cima do trio.
A saída do Afoxé, no Pelourinho - Foto: Sidney Rocharte


O camelo carregando uma criança é tradição no afoxé - Foto: Agecom



O tapete branco formado pela passagem do afoxé - Foto: iG Bahia


Em 2015, o tema do afoxé é “Águas Sagradas”, lembrando as ligações religiosas ancestrais do Brasil com a África e a Índia.

Antes das 16h, os componentes do bloco formaram um imenso “tapete branco” nas ruas do Centro Histórico da capital baiana e colocaram os foliões para balançar ao som do seu ritmo inconfundível, o ijexá, além de perfumar o circuito com as já conhecidas alfazemas. Uma multidão acompanhou o trajeto do “tapete branco”.

O professor de educação física Cássio Magalhães levou filho Kauai, de apenas 10 meses, para curtir o bloco. “Trouxe ele para que, desde cedo, já possa entrar na tradição. É um bloco muito especial para mim. Sem o Gandhy, não há Carnaval”, disse.
Alfazema na avenida, outra tradição do afoxé - Foto: Agecom

Presidente dos Filhos de Gandhy, José Francisco Ferreira Lima enalteceu a ajuda cada vez maior da Prefeitura no fortalecimento das entidades. “O nosso afoxé tem uma linha, uma filosofia, uma história. Eu acho que essa homenagem que faz a Prefeitura de Salvador a nós e à Axé Music, um movimento que bebeu da nossa fonte, é um reinício para que possamos repensar e, talvez, recomeçar toda essa estrutura do Carnaval”, analisou.

Logo em seguida, foi a vez das Filhas de Olorum colorirem de vermelho e branco o circuito alternativo. Jorge Ribeiro, presidente do bloco, fez uma avaliação positiva da festa até então. “Eu, como carnavalesco, fiquei surpreendido por que o Carnaval está tranquilo e bem viabilizado, principalmente para idosos, que são a maioria do nosso bloco. A Prefeitura está de parabéns, por que houve uma mudança que a gente já percebe que é notória”, comentou.

A história do afoxé

O afoxé Filhos de Gandhy, fundado por estivadores portuários da cidade no dia 18 de fevereiro de 1949, tornou-se o maior e dito o mais belo Afoxé do Carnaval da Bahia, em Salvador.

Constituído exclusivamente por homens e inspirado nos princípios de não violência e paz de Mahatma Gandhi, o bloco traz a tradição da religião africana ritmada pelo agogô nos seus cânticos de ijexá na língua Iorubá. Utilizaram lençóis e toalhas brancos como fantasia, para simbolizar as vestes indianas.

O nome do bloco foi sugerido por "Vavá Madeira", inspirado na vida do líder pacifista Mohandas Karamchand Gandhi, trocando-se, entretanto, a letra "i" por "y", com a intenção de evitar possíveis represálias pelo uso do nome de uma importante figura do cenário mundial. Batizou-se então o bloco com o nome "Filhos de Gandhy".