Da Tribuna da Bahia
Foto: iG Bahia
O afoxé desfila levando a mensagem de paz em suas bandeiras
Com batidas de afoxé, cânticos
tradicionais, "Ajayô" e cheiro de Alfazema, o Filhos de Gandhy chegou ao
circuito Campo Grande, no começo da noite deste domingo (15/2),
trazendo a diversidade para as ruas, cobrindo as ruas de branco e azul.
O afoxé exclusivamente masculino, traz cultura à folia baiana, e
desfila levando a mensagem de paz em suas bandeiras, com o famoso banho
de milho branco e maçãs atiradas, além do pombo.
"Alfazema traz cheiro de paz, vamos jogar para cima e perfurmar esse
lugar lindo. Muita energia positiva, muito axé, paz e tranquilidade",
disse um dos integrantes do grupo, antes de começar a cantar a música
"Alfazema".
O cantor Magary Lord também recebeu banho de milho em cima do trio.
O camelo carregando uma criança é tradição no afoxé - Foto: Agecom
O tapete branco formado pela passagem do afoxé - Foto: iG Bahia
Em 2015, o tema do afoxé é “Águas Sagradas”, lembrando as ligações religiosas ancestrais do Brasil com a África e a Índia.
Antes das 16h, os componentes do bloco formaram um imenso “tapete
branco” nas ruas do Centro Histórico da capital baiana e colocaram os
foliões para balançar ao som do seu ritmo inconfundível, o ijexá, além
de perfumar o circuito com as já conhecidas alfazemas. Uma multidão
acompanhou o trajeto do “tapete branco”.
O professor de educação física Cássio Magalhães levou filho Kauai, de
apenas 10 meses, para curtir o bloco. “Trouxe ele para que, desde cedo,
já possa entrar na tradição. É um bloco muito especial para mim. Sem o
Gandhy, não há Carnaval”, disse.
Presidente dos Filhos de Gandhy, José Francisco Ferreira Lima
enalteceu a ajuda cada vez maior da Prefeitura no fortalecimento das
entidades. “O nosso afoxé tem uma linha, uma filosofia, uma história. Eu
acho que essa homenagem que faz a Prefeitura de Salvador a nós e à Axé
Music, um movimento que bebeu da nossa fonte, é um reinício para que
possamos repensar e, talvez, recomeçar toda essa estrutura do Carnaval”,
analisou.
Logo em seguida, foi a vez das Filhas de Olorum colorirem de vermelho
e branco o circuito alternativo. Jorge Ribeiro, presidente do bloco,
fez uma avaliação positiva da festa até então. “Eu, como carnavalesco,
fiquei surpreendido por que o Carnaval está tranquilo e bem viabilizado,
principalmente para idosos, que são a maioria do nosso bloco. A
Prefeitura está de parabéns, por que houve uma mudança que a gente já
percebe que é notória”, comentou.
A história do afoxé
O afoxé Filhos de Gandhy, fundado por estivadores portuários da
cidade no dia 18 de fevereiro de 1949, tornou-se o maior e dito o mais
belo Afoxé do Carnaval da Bahia, em Salvador.
Constituído exclusivamente por homens e inspirado nos princípios de
não violência e paz de Mahatma Gandhi, o bloco traz a tradição da
religião africana ritmada pelo agogô nos seus cânticos de ijexá na
língua Iorubá. Utilizaram lençóis e toalhas brancos como fantasia, para
simbolizar as vestes indianas.
O nome do bloco foi sugerido por "Vavá Madeira", inspirado na vida do
líder pacifista Mohandas Karamchand Gandhi, trocando-se, entretanto, a
letra "i" por "y", com a intenção de evitar possíveis represálias pelo
uso do nome de uma importante figura do cenário mundial. Batizou-se
então o bloco com o nome "Filhos de Gandhy".