Da Revista Época
Delação premiada, obtida por ÉPOCA, fala de esquema na BR Distribuidora
MURILO RAMOS, THIAGO BRONZATTO E DIEGO ESCOSTEGUY
Em meados de 2008, numa festa infantil em São Paulo, iniciou-se – entre
brigadeiros, bexigas coloridas e a algazarra das crianças – a primeira
conversa de um negócio que, anos depois, arrastaria para as
investigações da Operação Lava Jato
um dos banqueiros mais ricos do Brasil. Ali, o empresário Carlos
Santiago, mais conhecido como Carlinhos, soube que um grupo de
executivos do mercado financeiro, liderados pelo banqueiro carioca André Esteves,
pretendia fazer negócios pelo país afora. Carlinhos, dono de uma rede
de postos de combustíveis em São Paulo, era uma figura mal-afamada no
segmento em que atuava. Fora acusado pela Agência Nacional de Petróleo e
por uma CPI no Congresso de adulterar combustíveis. Semanas depois,
apesar dessa ficha corrida, Carlinhos já almoçava com Esteves para
fechar uma sociedade em postos de combustível. Após o cafezinho, negócio
fechado: o banqueiro apertou as mãos de Carlinhos – um “shake hands”,
na expressão repetida por Esteves nessas ocasiões. Nascia ali, no fim de
2008, a Derivados do Brasil, a DVBR, uma rede de 118 postos espalhados
principalmente por São Paulo e Minas Gerais. Era um dos primeiros
negócios de Esteves no que ele gosta de chamar de “economia real”.
No ano seguinte, Esteves e seus sócios criaram o BTG Pactual,
conglomerado que se tornou, hoje, o maior banco de investimentos do
Brasil, responsável por administrar R$ 138,6 bilhões. Ao fazer negócio
com Carlinhos, a turma de Esteves apostou que conseguiria comprar
combustível barato e vendê-lo caro. Deu errado. Os prejuízos
acumulavam-se. Em 2011, após procurar sem sucesso sócios no mercado
privado, Carlinhos e os executivos do BTG recorreram à BR Distribuidora,
principal subsidiária da Petrobras, que fatura R$ 86 bilhões
anualmente. Em julho daquele ano, a BR topou pagar uma pequena fortuna
para estampar sua marca na rede DVBR e assegurar que a rede comprasse
combustível somente da estatal. “Houve uma grande comemoração quando o
acordo foi fechado. A BR ofereceu uma proposta bem melhor que as
outras”, afirma um ex-sócio do BTG que acompanhou a negociação. “O BTG
conseguiu reverter parte daquela besteira que cometeu ao se juntar com
Carlinhos.” Foi um excelente negócio para todos os envolvidos – menos
para a BR, como se descobrirá abaixo.
Leia a íntegra em:
http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2015/02/doleiro-alberto-youssef-envolve-bandre-esteves-do-btg-pactualb-no-petrolao.html